59ºCapitulo

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Quando começa a anoitecer, todos em casa parecemos mais  descontraídos, talvez a explosão de todos esteja finalmente a dar um tempo de descanso. O meu avô está a dormir depois de todos nós termos ido vê-lo e estar um bocadinho com ele. Passei o meu bocado com um jornal em dinamarquês nas mãos, aparentemente ele gostava que alguém lesse o jornal ao mesmo tempo que ele. Quando entrei no quarto eram as horas dele para isso...descobri de forma desconcertante que ele está constantemente a ler o mesmo artigo vezes sem conta porque a memória dele perde-se.

Teddy e eu metemos a mesa, Nik vem jantar, os seus pais foram até ao centro para levar a sua irmã ao hospital, aparentemente é mais grave que uma constipação. Quando ele chega a minha avó abraça-o e convida-o para se sentar num dos cadeirões da sala. A minha mãe deixa cair um copo e todos nos movemos para o limpar.

A meio do jantar Teddy pergunta a Nik sobre algum bar. Nik acena que sim e explica que há um, que só costuma abrir á noite mesmo perto da saída da cidade. Mantenho-me calada, não tenho vontade de ir a lado nenhum, especialmente com o frio que faz lá fora. No entanto a minha diz-me que estou muito calada e que preciso de me divertir.

Uma hora depois os meus pais metem-me fora de casa com Ted, Mer, e Nik. Um bocado de neve por cima do pequeno telheiro cai-me em cima e bufo em resposta.

-Não acredito que me meteram fora de casa! Até o pai.

-Provavelmente querem...-Levanto a mão.

-Não preciso de ouvir isso Ted, nem tu acho eu.

-Para o pai te meter de fora tão de depressa.

-Fixe, pelo menos posso conduzir?- Cruzo os braços e Nik diz-me que não.

-É perigoso conduzir no chão molhado, os americanos...

-Vivi em Oxford tempo suficiente para saber como é uma estrada escorregadia.

-Viveste em Oxford?- Ele inclina a cabeça.

-Sim.- Resmungo. Céus devo estar insuportável.

-No entanto eu devia conduzir, sei onde fica o café, ou bar.- Ele encolhe os ombros e caminhamos até ao carro do meu pai. O SUV parece quase tão escuro como a noite de breu e quando entramos, Nik a conduzir, eu ao seu lado e o casal de mel lá atrás sinto-me completamente estranha.

-No sitio onde vamos podemos jogar bilhar, uma versão francesa um pouco estranha, beber cerveja e ouvir homens a falar muito, muito alto.

-Espera aí! E quanto a mulheres?- Mer curva-se por cima do banco.

-Vocês ficam bem connosco, certo Ted?

-Ninguém toca na minha miúda.- Ted refere-se a Mer e começo a rir-me.

-Vocês tem trinta anos quase e parecem...miúdos do secundário.

-Carpe Diem.

-É Soph, aproveita o dia, em breve vais voltar para aquele sitio terrível que é Nova York.- Diz-me Nik.

-Achas Nova York horrível?

-Yap, Espanha ou Portugal no entanto são sítios onde gostava de morar.

-Calor?- Pergunto já sabendo a resposta.

-Um inverno lá é como um dia de primavera aqui.- Ele diz e conduz-nos por estradas secundárias.

Ele para o carro numa das únicas vagas de carro á frente do bar e todos ficamos a olhar. É pequeno, tão pequeno que talvez se a Mer estivesse com mais semanas não pudesse caber na estreita porta onde me pergunto se também vou caber.

Vision 3 - The SentenceWhere stories live. Discover now