97ºCapitulo

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Tinha este capitulo escrito, espero que gostem e que o aproveitem 



A inspetora olha para mim. Tenho uma chávena de chá entre as mãos, provavelmente pareço uma bruxa, os meus olhos continuam vermelhos, sinto que não há mais ar para puxar no meu choro.

-Miss.Black...- Ela vai começar todo aquele discurso sobre ele estar morte e de não precisar de ter medo, ela acha realmente que é isso que me está a assustar, ela provavelmente nunca se sentiu presa dentro da cabeça dela, a tentar acordar de algo tão doloroso que a única saída é desistir.- Preciso que me conte a historia, o que realmente se passou quando se mudou de Oxford para Nova York...os arquivos que Mr.Styles adicionou á busca são apenas queixas apresentadas.

E conto-lhe, é como viajar no tempo, quando Dean apareceu, o rancor enorme que o Harry sentia por ele, a maneira como eu me escudava nele para me proteger do Harry, conto-lhe que o inicio do meu relacionamento foi difícil, que não sabia lidar comigo nem com ele, que quis desesperadamente saber o que os unia, que descobri que eram meios-irmãos, que a ideia do Dean era ficar com aquilo que achava que lhe pertencia... quando acabo sinto-me exausta, como se realmente estivesse lá, a lutar contra as memorias para sair de um túnel sem fundo.

-Então este sujeito tinha-a tentado matar anteriormente a mando de Mr.Medina?

Aceno que sim, ela escreve algumas coisas no portátil e olho em volta, o gabinete é castanho-escuro e faz-me sentir estranha, a cor faz-me sentir estranha, olho para a janela e vejo o sol lá fora, é como ver o dia a passar-me á frente sem que eu realmente o tenha vivido.

-Tem alguma teoria?- Ela pergunta-me e olho para ela, alguma teoria acerca do quê?

-Teoria?

-Sobre o que o levou a matar-se?

Olho para a chávena e vejo o liquido ás voltas lá dentro, um remoinho quente, como a alma dele, furiosa, sem escrúpulos, infernal. Ergo a cabeça e olho para ela, os olhos azuis são frescos como o gelo e o cabelo rigidamente atado no cimo da cabeça diz-me que sabe o que está ali a fazer, e lamento não ter sido ela a cuida do caso á três anos atrás quando fui atacada da primeira vez.

-Talvez já não conseguisse lidar mais com ele mesmo sabe?- Minto, tenho a certeza que não foi isso.

-Estas pessoas lidam bastante bem com elas mesma Miss.Black.

-Conheci Matt á três anos quando ele trabalhava par ao meu namorado, era querido, subtil e estava sempre pronto para entrar em ação assim que eu ou precisássemos dele, acho que nutris verdadeiros sentimentos pelo Harry, pelo menos achei até que foi capaz de aceitar uma pequena fortuna para acabar comigo... a verdade inspetora é que o Matt não era muito diferente de pessoas que matam por matar, ele matava pelo dinheiro, ele fazia qualquer coisa pelo dinheiro.

-Acha que agora ainda era uma questão de dinheiro?

Riu-me.

-Não, claro que não, ele ia acabar por perder, agora era uma questão de honra, de acabar comigo para terminar o que não tinha feito antes.

-Obrigada pelo seu tempo Miss.Black.

Aperto-lhe a mão e saio do escritório, os meus ténis fazem barulho enquanto percorro o corredor, pergunto ao segurança pelo Harry e ele diz-me que ainda está lá dentro com a mãe de Matt, uma velhota de oitenta e três anos que em outras circunstâncias eu teria pena, mas que a única coisa que posso fazer é desviar o olhar do dela. Quando aqui chegamos o Harry apresentou-nos e ela estava a sorrir e a chorar ao mesmo tempo, o Harry pensou que talvez eu a fosse abraçar, dizer que lamentava, coisas que a Sophia geralmente faria, mas a única coisa que fiz foi olhar para ela apaticamente e depois voltar-me para ir para o gabinete que me designaram, ele ainda tentou dizer-me alguma coisa, mas foi inútil. É inútil.

Vision 3 - The SentenceWhere stories live. Discover now