85ºCapitulo

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(Este capitulo pode estar sujeito a alteração até ao final desta semana. Obrigada)



A minha cabeça está a latejar e gemo levando as mãos á cara, esfrego devagar e vejo a meia-luz que entra no quarto, metade dos estores estão para baixo, mas consigo perceber que é tarde. Viro-me para o lado e mordo o lábio com a dor na parte de trás na minha cabeça. São quase quatro da tarde. Há alguma coisa a incomodar-me no fundo da minha mente, mas não consigo imediatamente pescar o quê. Sento-me e acomodo o cabelo num rabo-de-cavalo, viro-me e deslizo com os pés para o chão, ergo-me e sinto-me fraca, de alguma maneira a minha cabeça parece reticente em mandar os sinais claros para o resto do meu corpo.

Franzo a testa ao ver que tenho a t-shirt do Harry vestida e só isso. Não devia ter voltado para casa ontem á noite? Porque é que não me consigo lembrar? Caminho pelo corredor e oiço a voz do Harry, parece que está a gritar mas não consigo entender o que diz. Farta da dor latejante levo os dedos ao sítio onde me dói e fecho os olhos. Porra! Quero chamar o Harry, mas tenho o pressentimento de que se abrir a boca vai ser para sussurrar, não consigo gritar, ou falar num tom de voz normal sem que me doa a cabeça.

Continuo a andar devagar, cada vez mais preocupada com a maneira como as coisas me estão a escapar. Assim que passo a cozinha percebo quão lenta estou e quão grande a casa é. Assim que me aproximo do escritório a voz dele torna-se mais alta e quando a minha mão pousa a maçaneta, ele abre-a com força assusto-me e dou um passo atrás perdendo o equilíbrio e agarra-me pelo braço de forma nada cuidadosa, a minha cabeça abana e fecho os olhos. As mãos dele vão até á minha cintura e olho para ele. Há bolsas profundas debaixo dos olhos dele, e nem um vestígio de felicidade.

-Devias ter-me chamado.- Ele sussurra e depois sorriu. Ele não sorri para mim.

-Não.- A minha voz quase não sai e faço força.- Não conseguia chamar-te.

Porque é que me sinto tão estranha, pesada, com sono? Ele acena e depois baixa-se, passa os braços por debaixo das minhas pernas e eleva-me devagar.

-O que aconteceu?- Pergunto, algo deve ter acontecido, ele anda calmamente comigo até ao quarto de novo e deita-me na cama.

-Não te lembras?- Ele arqueia uma sobrancelha e abano a cabeça.

-A minha cabeça dói-me, deve ser isso... estávamos na festa e depois?- Será que bebi?

-O médico falou qualquer coisa sobre isto.- Ele sussurra para ele mesmo e quando me tento sentar, demasiado curiosa e assustada por ter falado num médico ele suavemente empurra os meus ombros para baixo.

-O médico?

Ele olha para mim e abana a cabeça.

-Tens uma ligeira contusão na cabeça, bateste com força.- Ele diz com desprezo, e imagens da dor voltam a invadir-me.

-Porque é que dormi tanto?

-Estavas sobre o efeito de sedativos, os médicos decidiram manter-te quieta.- Ele esfrega os olhos e depois baixa-se, sinto os braços dele a passarem debaixo das minhas costas, a sua cabeça enroscada no meu pescoço, o movimento suave da sua respiração e um soluço abafado. Sinto o coração dele bater contra o meu peito e levo a mão ao cabelo dele sabendo que o gesto costuma acalma-lo. O que há errado? Ele beija a pele debaixo dos lábios dele e suspiro enquanto ele me aperta com força. Ele solta-me e levanta-se ligeiramente, ficando com a cara a centímetros da minha.

-Tu estás com dor?- Ele acaricia a minha bochecha.

-O que há errado?- Porque é que ele parece estar encharcado em suor frio?

Vision 3 - The SentenceWhere stories live. Discover now