53ºCapitulo

19.3K 1.2K 819
                                    

Na manhã seguinte sinto a minha cabeça latejar, as imagens do Matt não largaram a minha cabeça nem por um momento no meu sono, nada durante a noite me acalmou, nem mesmo uma maratona de Friends, o mundo estava ainda mais confuso quando o Harry não estava, com o mundo é uma confusão, sem ele é quase inabitável, e ter este sentimento de traição está a esfaquear o meu coração em pequeno bocados, mas é quase irónico porque este deve ter sido o sentimento que o fez zangado quando me fui embora, então talvez eu esteja a provar um pouco do meu próprio veneno.

Viro-me sobre mim própria na cama e vejo enquanto o azul do céu começa a aparecer, as possas de água lá em baixo depois da tempestade de ontem, o cheiro a terra molhada, a caminhada apressada dos turistas para não perderem as atrações turísticas, mesmo que estas nunca saiam do sitio, é incrível como vivemos a vida nesta correria, loucos de fúria para capturar tudo, ver tudo, quando na verdade as coisas nunca vão embora, nós é que partimos, existem coisas tão mais importantes sobre as que correr atrás e no entanto todas aquelas pessoas estão loucas para chegar perto do Empire, ou da 5ªAvenida. Fecho os olhos e levanto-me, agarro o meu cabelo num rabo-de-cavalo e saio do quarto.

Os meus pais tem as malas á porta e a minha mãe parece tão engraçada como sempre nos seus mil casacos de frio. Fecho os olhos quando a recordação da viagem deles até á Dinamarca me atinge como uma bala.

-O teu pai ia acordar-te.- A minha mãe aproxima-se de mim com um andar estranho e abraça-me.

-Oh estou bem, vou ter com vocês no próximo fim de semana, prometo.- Abraço a minha mãe com força e ela sorri.

-Vamos fazer um boneco de neve meu amor.- Ela levanta a mão e eu bato na dela.

-Ai sim?- O meu pai tem o seu gorro na cabeça e percebo que deve realmente estar frio.

-Sim.- A minha mão coloca a mão no bolso das calças do meu pai e tenho vontade de revirar os olhos, quando percebo que faço exatamente o mesmo com o Harry.

-Também posso?- O meu pai sorri e puxa-me para um abraço.

-Depende.

-Tudo bem, eu convenço-vos.- Nós os três rimos, até que são dez e os meus pais abandonam o apartamento.

O silencio evidente faz-me querer ficar aqui fechada o resto do fim-de-semana, e a minha vontade de ir para casa está tão baixa como a temperatura lá fora, sei que assim que entrar no perímetro do prédio a Ave vai vir a correr para saber de tudo. Em vez de me deixar a deprimir no apartamento visto-me com umas calças de ganga, uma camisola larga e um sobretudo por cima, puxo o meu gorro, coloco as luvas e calço as botas, agarro na minha mala e saiu de casa, o porteiro diz-me bom dia com demasiado entusiasmo e lembro do Harry se queixar dele, riu-me porque é evidente que o homem continua solteiro.

O frio da manhã atinge-me com força e percebo que por muito que seja fim de Março o frio ainda pode vir com força, o verão aqui começa ligeiramente mais cedo do que no reino unido pelo menos a época de calor, de qualquer maneira não fiquei o suficiente no Reino Unido para saber como seria o verão.

Entro num café perto da zona Norte do central park, e o ar quente e apinhado de gente faz-me suar automaticamente, chego até ao balcão e coloco-me na fila, uns cinco minutos depois tenho chá na minha mão e um Muffin na outra, viro-me para tentar sentar-me, mas o homem atrás de mim chega-me demasiado para o meu lado, fazendo o topo da minha bebida pingar-lhe o casaco quente.

-Desculpe.- Olho para ele, mesmo que a culpa também tenha sido dele...

-Neil.- Sorri, e ela sorriu amplamente para mim, o seu sorriso transmitia uma sensação de calor e amizade engraçada e dei comigo a perceber que para onde quer que ele olhasse, havia sem um fascínio a brilhar.

Vision 3 - The SentenceWhere stories live. Discover now