35ºCapitulo

21.2K 1.3K 422
                                    

Fecho a porta devagar e viro-me, a avó está a olhar para mim com olhos não muito contentes, a atmosfera pesada no ar, e a maneira como sinto o meu corpo voltar á terra deixa-me numa aura tristonha. Devagar caminho pelo soalho de madeira e sento-me ao lado dela no sofá.

-O que á em nós Sophia? Que nos faz cair sempre na mesma armadilha?- A sua voz é séria e fecho os olhos enquanto mando a cabeça para trás.

-É apenas o Harry avó, ele é completamente normal.- Estou mentir, numa escala gigante, mas não quero mais alguém a dizer-me que o Harry não é certo para mim.

-Normal? Aquele homem emana poder, arrogância e excentricidade, por favor eu lidei muito tempo com um daquela categoria.- Ela exalta-se.

-Bom, ele não é apenas essas coisas, ele tem um grande coração e monte de coisas que ninguém consegue ver.- Endireito-me e olho para ela.

Os olhos da minha avó são azuis, uma cor muito clara, as rugas sobre as suas expressões de rosto fazem-na parecer maternal, e o fato de treino cor-de-rosa torna-a divertida. O cabelo branco liso escorrido lembra-me da genética não tão boa que tenho no meu cabelo.

-Sim querida não estou a dizer isso...mas não achas que talvez alguém um pouco mais banal...- Levanto-me e começa a fazer-se luz na minha cabeça.

-Foi o pai que te encomendou o sermão? Porque sinceramente não estou a pensar em ir para muito longe do Harry, e se é assim que o pai pensa que as coisas se fazem nós estamos a ir por caminho perigoso.- Vou até á cozinha e abro o armário tirando um copo e enchendo-o com água.

-A tua mãe está preocupada contigo Sophia, contigo, com o teu avô, com o casamento do Teddy, com o trabalho...ela está a ficar cheia meu anjo, ela têm trinta e sete anos e parece mais cansada que eu!

Imagens da minha mãe veem-me á cabeça, a memoria dela nos braços do meu pai a chorar copiosamente, a minha mãe nunca choraria assim se eu estivesse por perto, ainda por cima zangada com o pai, ela afasta-se dele quando se chateiam, é algo que sempre me magoou mas é a maneira deles resolverem as coisas.

-Ela não precisa de se preocupar comigo...- Murmuro sentando-me no banco alto do balcão.

A minha avó ri-se e levanta-se andando até mim.

-Ela é mãe, ela vai sempre preocupar-se contigo quer tenhas três, dez, quinze, ou vinte anos...eu tenho sessenta e três anos e ainda me preocupo se o teu pai pode fazer algo á tua mãe...- Ela abana a cabeça.

-Porque é que estas sempre a pensar que ele vai fazer alguma coisa á mãe...quando eu tinha quinze anos achava nojento a maneira como eles não se largavam...- Abano a cabeça com memorias de mim e do Teddy ao pequeno almoço, a fazer caretas para os beijos de bom dia.

-Soph, a tua mãe e o teu pai estão juntos á muito tempo, e o teu pai sempre foi muito...eu não sei explicar mas quando a tua mãe ficou gravida eu via-o andar sempre á volta dela como se ela se fosse partir, e Deus não é isso que um homem deve fazer, deve apoia-la, mas não impedi-la de cair e de se aleijar, deve estar lá para ajudar mas não mais que isso.

Penso em todas as vezes que o Harry me ajuda, em todas as vezes que ele me salvou de coisas horríveis, de todas as vezes que ele se meteu á frente das balas por mim, quando ele me encontrou a ir ter com o Dean, ou a meio da noite quando ele impediu que o Dean soubesse de mim.

Eu tenho que admitir que esse lado dele pode ser romântico ás vezes, mas outras torna-se quase sufocante, mesmo que eu faça de propósito para cair, ele está lá a puxar-se, e por vezes precisamos de nos magoar para apreender.

-O Harry é assim?- Ela pergunta.

-Sim...ele já me tirou de situações bem complicadas graças a esse traço dele... a mãe dele morreu muito cedo, e ele não pode fazer nada para evitar, ele estava lá quando ela morreu, ás vezes eu acho que ele sente que se não cuidar de mim eu vou desaparecer também.

Vision 3 - The SentenceNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ