O almoço foi no tenso, para dizer o mínimo claro, o Harry manteve-se calado ao meu lado, enquanto o meu pai me encarava como se eu estivesse a convidar o diabo para se juntar á refeição. Há muita coisa que eu espero do meu pai, que ele me faça passar por isto não é de todo uma delas.
-Então a Mere decidiu comprar flores verdadeira em vez de flores de plástico.- O Teddy abana a cabeça e olho para o sorriso dele, ele está noivo e há um brilho nos olhos azuis que me deixa curiosa para saber como se obtém.
-Flores de plástico são horríveis.- Murmuro.
-Elas não dão trabalho.- O Harry contraria.
-As coisas que não dão trabalho também não dão alegrias.- Sorriu-lhe com o canto da boca, uma expressão que aprendi com ele.
O Teddy olha para nós e sorri ao Harry, é incrível o quão independente ele é, mesmo com o meu pai a detestar o Harry o Teddy não deixa esse juízo de valor irromper-lhe pela cabeça isso deixa-me orgulhosa e com vontade de ser tão independente do meu pai, ás vezes eu fico com tanto medo de fazer algo mal que acabo a cair no que ele quer, e não no que eu quero.
-Tenho uma coisa para dizer.- O Teddy levanta-se e agarra a mão da Mere.
-Mano, acho que já a pediste em casamento uma vez.- Todos na mesa se riem.
-Sim, mas desta vez não sou eu o único responsável pelo que nós vamos contar.
O Harry olha para mim e sorri dando-me a mão por debaixo da mesa, quase como se ele soubesse o que vem a seguir. Deixo que a minha respiração se perca nele e na maneira como o resto do mundo parece ser apenas um zumbido, as paredes de vidro que envolvem a sala de estar dos meus pais são invisíveis e a única coisa em que me posso concentrar são nos olhos, e no toque dele.
-A Mere está gravida.- A minha bolha de vidro parte-se e engasgo-me com saliva. Viro a cabeça bruscamente e sinto os olhos arregalados, a minha mãe, o meu pai, a avó, até o Harry se levantam para os abraçar, mas a única coisa que posso fazer é ficar especada no meu lugar.
-Soph?!- Cada um deles se vira para mim, e sinto-me perder o chão, a minha cabeça lateja com força, e levo uma mão á têmpora esquerda.
-Só um minuto.- A minha voz falha quando arrasto a cadeira para trás e ando até ao quarto, quando estou a dar uma volta na chave o Harry entra empurrando-me para trás.
Acho que lhe peço que saia, acho que o empurro, acho que grito mas que nenhum som sai, e é a única coisa de que me posso lembrar antes de ficar tudo preto.
Os meus pés caminham sem fazerem um som, estou de pé em frente a uma "eu" se parece muito comigo, demasiado comigo. O cabelo dela está enorme, e sinto-a feliz...há um enorme peso na barriga dela e quando olho para baixo uma pequena barriga transforma-se em algo pesado, e tenho quase dificuldade em caminhar. Estou deitada num sofá que não sei a que casa pertence e alguém toca á campainha, de onde estou posso ver as ondas do mar bater na areia, também posso ver o Harry no escritório, a teclar que nem um louco, dando um olhar e um sorriso quando apanha a mulher gravida que sou eu a olhar para ele.
A campainha toca mais uma vez e levo a mão á barriga, um instinto suponho. Quando me levanto para atender a porta, uma senhora com o cabelo castanho aparece e sorri-me como se eu realmente a conhecesse. Ela abre a posta mas não há ninguém do outro lado, ela encolhe os ombros e fecha-a sorrindo.
-Os miúdos estão sempre a brincar.- A voz dela é estranha.
Aceno com a cabeça mesmo que ela não esteja realmente a falar comigo. A mulher gravida levanta-se e caminha até á porta aberta do escritório, ela tem um vestido fluido de verão e está descalça. Ela não bate á porta porque ele parece querer mante-la aberta para ter um olhar atento sobre a rapariga gravida.
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JE LEEST
Vision 3 - The Sentence
FanfictieSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...