Capítulo 25

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SEHER

Vejo Yaman sair a passos largos, ele não se dá ao trabalho de esperar irmão ou o filho. Tão pouco se dá ao trabalho de informar alguém sobre sua ausência para as atividades do dia. Mas ele me disse que agiria dessa forma, então não estou realmente preocupada.

— Yusuf, vamos. -Ziya estende a mão para o pequeno.

— Espera. -Firat passa na minha frente e encara Ziya. — Você não é aquele neurocirurgião que operou as irmãs siamesas e fez vários estudos sobre tratamento de Alzheimer com choque localizado?

Espera.

Ziya?

— Sim. -Ziya sorri como um menino. — Mas hoje em dia não faço mais nada disso. -Ele estende as mãos e mostra como estão tremulas. — Nosso cérebro funciona como um labirinto. Infelizmente acabei me perdendo em algum lugar desse labirinto cinco anos atrás. -Ele segura a mão de Yusuf.

— Eu li tudo o que você escreveu, estudei cada um dos seus artigos. É tudo tão fascinante. -Firat parece um menino vendo seu super-herói favorito ao vivo. — Suas ideias. A forma como descreve o segmento do procedimento.

— Obrigado. Gostaria de poder falar mais, mas como eu disse, tudo isso está no passado e eu prefiro não tocar no assunto. Tenham um bom dia. Yusuf, vamos, seu pai está esperando. -Ziya sai de mãos dadas com Yusuf. Encaro suas costas, ainda em choque por essa revelação. Eu jamais imaginaria. Ainda mais tendo a oportunidade de conviver com ele por algum tempo.

— Esse homem é um gênio. -Firat aponta por onde seu ídolo saiu. — Estou até arrepiado.

— Você parece apaixonado, isso sim. -Selim comenta rindo. — Tenho pena de você, Neslihan. -Ele dá um tapinha no ombro de Firat. — Vamos nos atrasar.

***

A palestra de Yaman foi substituída por uma de outro professor, e, por mais que seja ridículo admitir isso, eu senti falta de olhar seu rosto e ouvir sua voz. Mas toda vez que me movi sobre a cadeira e meus músculos rígidos reclamaram, eu sorri com a lembrança do nosso encontro no banheiro.

Nunca imaginei que seria capaz de fazer esse tipo de coisa, mas só de imaginar aquele homem vestindo no terno que eu escolhi, atrás de mim e gemendo no meu ouvido, nada me parece impossível.

— Você quer ir tomar um café? -Selim caminha ao meu lado. Sua mão por vezes tocando a minha.

— Obrigada, Selim, mas tenho tantas coisas atrasadas para fazer, não sei nem se vou conseguir dormir essa noite. -Dou um passo para o lado.

Ele sorri sem graça e eu quase sinto vontade de aceitar o convite, mas isso não vai acontecer.

— Tudo bem. Quem sabe outro dia?

— Claro. Agora preciso ir para casa.

— Quer uma carona? Posso te deixar em casa, assim você ganha mais tempo para estudar.

— Não. Não precisa se incomodar.

— Imagina, vai ser um prazer e a gente ainda pode conversar no caminho. -Ele indica a direção do estacionamento. — Hoje foi bem cheio, muitas coisas para assimilar. O que você achou?

— Gostei muito. Principalmente quando permitiram as perguntas.

Estamos ao lado do carro de Selim quando vejo meu pai segurando Kevser pela mão, parado no portão. Eles estão ao lado de Yaman e Yusuf.

— Selim. Obrigada, mas meu pai está aqui.

Dou as costas para ele e caminho até minha família. Yusuf e Kevser conversam sobre a escola. Meu pai e Yaman estão conversando sobre as crianças.

SEGUNDA CHANCEWhere stories live. Discover now