Capítulo 48

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SEHER

Um pensamento terrível passa pela minha cabeça...

Yaman...

Tudo acontece em duas batidas de coração.

Tudo acontece rápido demais.

Em um lapso de puro pavor e medo, empurro a enfermeira que tem os braços ao redor do meu corpo, me segurando longe da entrada e a última coisa que vejo é Nedim e seus olhos transmitem uma tristeza profunda. Então sinto o impacto do reconhecimento dentro do meu coração, nada mais existe além escuridão.

Ele se foi.

Frio e escuro.

Escuro e frio.

***

YAMAN

Assim que meus olhos se abrem, vejo que estou em frente à casa que fez parte da minha infância, ela está absolutamente igual. O sol forte faz com que eu aperte os olhos para conseguir ver melhor. Sons de risada de crianças chamam minha atenção.

Caminho até os fundos do terreno, atraído pelas risadas de alegria das crianças. Paro perto do canto direito da casa e vejo uma menininha com aproximadamente 2 anos, seus cabelos são de um preto tão intenso quanto os meus, ela usa uma jardineira jeans repleta de bichinhos desenhados. Ela está sentada em um balanço de madeira, os cabelinhos esvoaçantes. Yusuf e Kevser empurram a menininha e seus gritinhos de alegria são contagiantes. A mulher que está parada ao lado do trio os acompanha nas risadas.

Eu conheço essa risada, eu conheço esse corpo, eu conheço essa mulher.

— Seheeeer. –Chamo seu nome.

Acelero o passo para chegar mais perto dela.

Seher vira na minha direção, seu sorriso é o mais lindo que já vi em toda a minha vida, o sol forte em suas costas faz com que ela fique parecendo um anjo, um anjo com aura suave, os olhos verdes que eu tanto amo, brilham alegremente. Seu vestido cor de céu é soltinho e curto.

Tão linda.

Ela acena, me chamando.

— Mamãe, me empurra mais fort. Mamãe.

Mamãe? O que?

— Seher?

— Oi Yaman, a gente estava sentindo sua falta, não é mesmo crianças? –Seher aperta as bochechas redondinhas e rosadas da menininha.

— Papai, papai, que saudade papai. -A menina pula do balanço e corre de bracinhos abertos na minha direção.

Seus cabelos balançam contra o vento, os bracinhos esticados na minha direção, posso ver os olhos de Seher refletidos no rostinho dessa criança.

Papai?

— Você demorou tanto papai. Vem brincar com a gente. Yusuf, papai chegou -Sou puxado pela mão.

Seguro sua mãozinha, fazendo com que ela pare de me puxar.

— O que foi, papai? Vem, a gente quer brincar.

Fico de joelhos, segurando o rosto da menina entre minhas mãos. Levo um choque ao perceber que seus olhos são idênticos aos de Seher, um verde vibrante e intenso e seu sorriso é exatamente igual ao meu, só que em tamanho menor. A cor da sua pele é igual da Seher, lábios vermelhos e carnudos, sobrancelhas curvadas, muitos dos traços dela estão presentes nessa criança. Ela é como uma mistura perfeita de nós dois, nossos melhores traços unidos para formar um ser incrivelmente perfeito.

SEGUNDA CHANCEWhere stories live. Discover now