Capítulo 36

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SEHER

Yaman dirigiu em silêncio e permaneceu em silêncio mesmo após pegarmos as crianças na escola. Os dois estão animados conversando sem parar, programando brincadeiras e discutindo sobre o dever de casa. Yusuf prometeu ajudar Kevser a fazer contas de subtração, já que ela tem dificuldades e ele está mais avançado.

—Vou deixar vocês em casa. -Yaman fala, os olhos fixos a frente.

— Papai, a gente pode tomar sorvete e depois levar elas? Kevser quer me mostrar a casinha do jardim. Por favor.

— Podemos comprar sorvete no caminho.

— Não. Precisa ser em casa, assim aprontamos o dever de casa e depois brincamos.

— Yusuf, querido. Nós podemos fazer isso outro dia. Seu pai está cansado e eu tenho muitas atividades da faculdade. E Kevser tem lição.

— Seher. Por favor. -Yusuf junta as mãozinhas implorando enquanto Kevser faz beicinho e pisca os olhinhos. — Por favor.

Sinto uma pontada de ansiedade do no estômago. É claro que Yaman não gostou dessa ideia.

— Eu ajudo a Kevser, prometo. Sou muito bom em matemática. -Ele se inclina entre os bancos. — Papai, você ajuda a Seher nas atividades dela. Por favooooor.

— Yusuf... Nós....

— Claro. -Yaman suspira ruidosamente, seus olhos cruzam com os meus e eu sinto o frio no estômago aumentar.

***

— Kevser, vem. -Yusuf e Kevser saem correndo do carro em direção a entrada de casa.

— Vou com eles.

Seguro minhas coisas contra o peito e vou atrás das crianças. Antes que consiga entrar na casa, Yaman me segura pelo braço.

— Por que está fugindo de mim? -Ele fala perto do meu ouvido, fazendo uma chama alastrar sobre minha pele.

— Não estou.

— Não é o que parece. -Ele me vira para ficarmos cara a cara. — Ou talvez você prefira a companhia de outra pessoa. Como Selim, por exemplo.

— O que você quer dizer com isso? -Puxo meu braço.

— Me diz você. Me explica por qual motivo aquele papa-anjo de merda estava te abraçando.

— Eu não sei por qual motivo ele acha que tem essa intimidade, mas pode ter certeza que eu não dei espaço para ele pensar nada de diferente a meu respeito. -Sinto uma raiva gigantesca borbulhar dentro de mim.

Antes que eu faça Yaman engolir suas palavras junto com a língua, decido me afastar.

Quem ele pensa que é para falar isso?

Quem ele pensa que eu sou?

— A gente ainda não terminou essa conversa. -Ele vem atrás de mim.

— Sim, nós terminamos essa conversa.

— Você não vai explicar o que estava acontecendo entre vocês dois? -Yaman dá dois passos longos e entra na minha frente.

___________

YAMAN

Seher me encara com fogo nos olhos, mas não é aquele fogo de desejo. É diferente, ela está com raiva.

— Preste bastante atenção no que eu vou falar. -Ela bate a ponta do dedo no meu peito, me deixando perplexo. — Eu não sei que tipo de mulher você tinha dentro de casa, não sei quem ela era, não sei o que ela fez ou o que deixou de fazer, mas não ouse me comparar a ela, não ouse me julgar pelos atos dela. Eu não sou uma qualquer, eu não saio dando abertura para qualquer um. -Respira fundo, o corpo tremer de raiva e os olhos vermelhos nas bordas. — Eu nunca nem tinha beijado ninguém de verdade antes de você, seu babaca. -Uma lágrima escorre pela lateral do seu rosto, seguida por outra e então seu rosto fica molhado. — Você não tem o direito de falar assim comigo. NÃO TEM.

SEGUNDA CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora