SEGUNDA CHANCE

Capítulo 39

DUAS SEMANAS DEPOIS

SEHER

— Tem certeza que está bem o bastante para voltar?

Sentada no banco do carona observo Yaman vestido no terno azul marinho que sou completamente apaixonada. Acho sinceramente impossível ficar mais bonito que isso.

— Tenho. Estou bem. -Ele sorri para mim. — Não posso deixar tudo para trás e parar de viver.

— Mas você precisa prometer que vai me avisar se sentir qualquer coisa.

— Seher...

— Não. Eu não quero ouvir nenhuma desculpa. Ou você promete agora mesmo ou não respondo por mim. -Cruzo os braços na frente do peito.

— Prometo. Afinal de contas você ligaria para o Nedim de qualquer forma. -Vejo seus olhos me avaliando. — Acho melhor a gente ir. Mas antes...

Yaman se estica o bastante para ficar cara a cara comigo, seus olhos brilham e tenho certeza que se dependesse só de mim, não sairíamos desse carro tão cedo. Seus lábios tocam os meus em um beijo breve. Breve demais, então ele se afasta.

Estou prestes a sair quando ao longe vejo algumas pessoas chegando. Meus olhos são atraídos para um pequeno grupo de pessoas. Selim, Kerem e Firat estão caminhando lado a lado, rindo e conversando uns com os outros, então, por um breve segundo vejo a cabeça de Selim virar na direção do carro de Yaman, seus olhos se estreitam e ele para de caminhar. Firat e Kerem param por um segundo, então todos voltam a caminhar.

— Eu vou na frente. -Toco seu rosto com as pontas dos dedos. Ele está sorrindo, maravilhoso, encantador, lindo. — Te amo. -Nunca gostei muito de barba, mas agora, sinceramente, acho a coisa mais linda do mundo, ou será que é por ser dele? Meus dedos coçam por vontade de se enfiar no meio da sua barba e puxa-lo para mim. Saio do carro antes que seja tarde demais.

Caminhando em direção as portas principais, sinto um misto de ansiedade, nervosismo e alguma coisa diferente. Caminhando até os fundos do prédio, atravesso o corredor enorme que dá acesso a única sala de aula.

A enorme sala de aula está praticamente vazia a não ser por Selim que está com o rosto enfiado em uma apostila.

— Bom dia. -Sento no meu lugar de costume.

— Bom dia. -Selim responde, mas não levanta os olhos.

Será que aconteceu alguma coisa?

— Tudo bem?

— Tudo. -Ele puxa outra apostila de dentro da mochila.

— Se você tiver tempo e se puder, será que poderia me passar o que perdi nesses dias? Falei com Neslihan e ela vai me repassar algumas coisas.

— Sim.

Certo. Chega de insistir. Se ele não quer falar, não sou eu quem vai ficar puxando assunto.

A porta da sala é aberta e um grupo de pelo menos 10 pessoas entra. Alguns continuam suas conversas, outros se separam e vão para seus lugares. Então vejo Neslihan caminhar e sentar na cadeira que está ao meu lado

— Bom dia. -Ela tira várias apostilas da bolsa e suspira. — Estou cansada de tantas aulas, tantas provas, tantos trabalhos. Eu nem sei mais o que é dormir, comer. Minha vida se tornou uma apostila.

— Bom dia. Eu também estou cheia de coisas, ainda mais depois que perdi quase uma 15 dias de aulas, tenho muito para estudar.

— Verdade. Mas o que aconteceu que não pode vir?

— Precisei ficar com o meu namorado, ele ficou internado.

— Que bom que você conseguiu vir pelo menos para fazer as provas.