Capítulo 32

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SEHER

A casa está silenciosa e a pesar de ainda ser dia, está escura. Sinto uma pontada de ansiedade pois sei exatamente o que esse silêncio todo significa.

Largo minhas coisas sobre o sofá e caminho até a cozinha. Da entrada vejo meu pai sentado à mesa, está segurando uma xícara de chá fumegante e olhando na minha direção.

— Papai? Tudo bem?

— Não sei, Seher. Talvez você queira me explicar o que está acontecendo. -Ele indica a cadeira a sua frente e eu sinto uma pontada de ansiedade no estômago.

Engolindo todo o nervosismo e ansiedade, puxo a cadeira e sento de frente para meu pai. Enfio as mãos no meio das pernas para fazer com que pararem de tremer.

— Papai... Eu...

— Quer começar me explicando sobre a mensagem que enviou ontem? -Papai toma um gole de chá. — Você sumiu no meio da madrugada e só disse que iria explicar. Estou esperando essa explicação.

Meu coração bate tão forte que tenho a sensação que ele vai atravessar meu peito e cair no chão a qualquer momento. Minhas mãos estão molhadas de suor e tremendo, tudo culpa da ansiedade.

— Eu estava ajudando... Cuidando... Eu não pude... Passando mal...

As palavras se misturam e foram uma frase sem sentido nenhum.

— Quando você deixou de conversar comigo, filha? Quando você se transformou nessa pessoa que esconde as coisas do seu pai? -Ele empurra a xícara vazia para o lado, cruza os dedos e me olha. — Quando você se transformou nessa pessoa que esquece de dar atenção a irmã?

— Eu não sei o que falar. Como falar. -Engulo a seco e aperto a mão contra o peito, sentindo meu coração descontrolado.

— Quem é o rapaz?

— O que? Quem?

— Você estava com alguém ontem. Essa pessoa deve ser muito importante já que você saiu no meio da noite e só voltou agora para casa. -Papai aproxima sua cadeira da minha. — Se você não conversar comigo, como vou te entender? Como vou poder aceitar o que está acontecendo?

Ele passa a mão no meu rosto e com uma mão e segura minhas mãos. Seus olhos são amorosos e bondosos, mas eu tenho medo que isso mude com o que vou falar.

— Papai. -Fecho os olhos e engulo a seco. — Eu... Eu estou apaixonada.

Ouço ele inspirar profundamente, sua mão aperta a minha e ele aguarda sem falar nada. Então abro os olhos e vejo que ele sorri.

— Eu posso ver isso nos seus olhos, Seher. Só preciso saber o que está acontecendo com você, filha.

— O que? -A surpresa me atinge como um trem desgovernado direto no estômago.

— Quero saber quem ele é. Se te trata bem e quais são as intenções com você.

Kevser entra correndo para dentro de casa arrastando consigo um saco de brinquedos. Então tira o calçado e sobre correndo para o quarto.

— Nós ainda estamos nos conhecendo.

— O que você vê quando olha nos olhos dele? -Papai tem um sorriso terno nos lábios.

— Eu... Eu não sei... Eu acho que ele sente alguma coisa por mim... Eu não posso dizer nada por ele.

Papai solta minha mão e confere a hora no relógio de pulso.

— Mas eu quero saber. Ainda é cedo. Você liga e o convida para jantar. Hoje. Não aceito não como resposta.

Papai levanta e sobe as escadas em direção aos quartos, me deixando totalmente diferente sem rumo e completamente nervosa.

SEGUNDA CHANCEWhere stories live. Discover now