LIV

55 8 0
                                    

Sem amor

Por Adam:
Eu me desesperei. Mais do que eu deveria. Porra, ela quase perdeu nossa filha. E a culpa era do filho da puta do Dylan. Quando vi o sangue escorrendo pela perna dela e quando a mesma desmaiou, eu senti uma repulsa enorme no meu corpo e quase entrei em pânico, mas tive que me controlar para chegar rápido no hospital.

Eu fiquei um tempo esperando na recepção e foi horrível ver os minutos passando sem ter uma resposta sequer. Quando os pais da Mary chegaram, ambos estavam em prantos, pensando que ela havia perdido o bebê, mas o médico nos confortou dizendo que havia sido apenas um sangramento por estresse e que a mesma precisava repousar. Também ouvi que a Mary não podia passar por nenhum tipo de estresse, pois poderia perder a Nina a qualquer momento.

— Mary... — me levantei da poltrona quando a vi abrir os olhos, me segurei quando tropecei pelo nervosismo.

    Seus olhos fecharam e retornaram a abrir, ajustando a vista aos poucos. Ela passou a mão devagar pelo rosto e não demorou muito para me encontrar parado ao seu lado. Eu me senti aliviado em vê-la acordada e parecia que todo o peso havia saído das minhas costas.

    — Adam... — sua voz estava rouca e baixa. Quase não ouvi.

— Ei, meu amor, está tudo bem! — eu segurei em sua mão e a impedi de levantar quando tentou.

— A nina? — ela colocou a mão sobre a barriga e seus olhos ficaram desesperados, não melhorando as coisas — a minha filha...

— Está tudo bem, não aconteceu nada de ruim. — eu tentei acalma-la, mas não adiantou, as lágrimas rolaram em no rosto da mesma e um soluço escapou de seus lábios.

— O Dy... — disse olhando pelo quarto e eu fiquei sem ter o que dizer

Eu fiquei decepcionado e com total direito. Eu que estava aqui! Eles haviam brigado, eu sabia muito bem disso, e ele, o Dylan, quase fez a Mary perder a Nina. Então, como ela conseguia lembrar dele? O filho da puta não se deu o direito de ligar de volta quando os pais dela o avisaram.

— Ele não veio... — balancei a cabeça e me afastei um passo.

— Não deixe ele vir, por favor — pediu com a voz trêmula e eu me surpreendi, aliviado até. Não queria a Mary perto dele nem fodendo.

— Não vou, eu prometo! — me aproximo novamente e me inclino para beijar sua testa, porém não me aguentei ao vê-la me encarando daquele modo e a abracei devagar, com medo.

     Eu tinha tanto medo de perder a Mary pra sempre. Eu fui um filho da puta do caralho, nem deveria estar aqui pelo bem dela. Mas eu a amo tanto, mas tanto que daria a minha pela a da Mary sem pensar duas vezes. Ela tem sido a melhor coisa que aconteceu comigo, entrou na minha vida e me tornou melhor, mesmo com as minhas merdas. E agora, está me dando uma filha. Por deus, como eu queria estar com a Mary para sempre, sentindo o cheiro doce e ouvindo a voz suave.

     Mas eu não a tinha. O Dylan teria, por mais que eu protestasse. E mesmo com tudo, eles vão voltar.

    — Eu te amo... — sussurrei sentindo meu corpo arrepiar e as lágrimas inundaram meus olhos, mas ela não me disse — Porra, Mary!

    Me afastei bruscamente e passei a mão nos olhos, impedindo as lágrimas de caírem e mostrarem minha fragilidade. A olhei e a mesma estava encarando outro ponto que não fosse eu.

     — Por que você não diz? — perguntei sentindo meu peito se apertar.

    — Estou com sede, pode pegar um copo d'água? — me olhou finalmente e eu senti um soco no estômago mas não disse nada. Eu não tinha o que falar, era uma forma dela me rejeitar mais uma vez.

Fui até o filtro que havia no canto do quarto e peguei água para ela em um copo descartável. A Mary pegou o copo e eu inclinei a cama pelo botão. O quarto ficou quieto e eu mantive assim. Não podia ficar tão bravo com a Mary por um motivo besta, por mais que doasse. Ela está grávida e precisa de repouso e não um cara que a abandonou em um motel cobrando um "eu amo você também".

— Você tem uma ultrassom daqui a pouco. — digo por fim, apenas para comunica-la — Deve ser liberada amanhã pela manhã. — a Mary apenas concorda com a cabeça e fecha os olhos, respirando fundo.

— Vai embora? — disse baixo, chamando minha atenção quando eu me virei, caminhando até a mesa.

— Tenho que ver a Lind. Sua mãe irá ficar aqui com você. — a respondi sem olhá-la e peguei as chaves do carro.

— Não vai me acompanhar na ultrassom? — sua voz pareceu, não sei, triste, talvez?

— Na próxima, quem sabe. — eu me virei finalmente para vê-la e a Mary desviou o olhar na hora — Vou te buscar amanhã, está bem?

— Tanto faz. — ela abaixou a cama novamente e cobriu até os ombros com o cobertor — Faz o que quiser, já que a sua namorada importa mais que a sua filha.

— Digo o mesmo para você, Angel. — não disse mais nada, apenas abri a porta do quarto, saindo e suspirei alto, tentando me recompor.

Eu não iria ver a Lindsay, mas precisava espairecer um pouco. Disse aquilo para revidar, porque dói não receber uma frase mesmo sabendo que a Mary sinta. Eu estou preocupado com ela e estou sendo burro em sair assim, depois da situação que ela passou, mas eu não consigo fingir mais. Essa porra está me matando por dentro. Não gosto de olhar para a Mary e saber que ela ama outro cara e por minha causa. Eu deveria ter ficado, e tinha duas chances para isso. Eu sou um covarde, eu sei, e quase fugi da minha responsabilidade e iria perder um bebê que eu já amo muito e a mulher que eu amo. E juro, por deus, que eu preciso da Mary, mas antes eu vou acabar com o filho da puta do Dylan.

Nossas verdadesWhere stories live. Discover now