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    Não confie em homens bons
Por Mary:

Já haviam passado alguns dias que eu fiz a última ultrassom. Havia entrado no sexto mês de gravidez e eu estava começando a sentir a dores nas costas. Eu pensei que a minha barriga ficaria maior, mas já era evidente que eu estava grávida. Meu umbigo já estava saindo e eu me sentia horrível cada dia que passava.

     O Dylan havia feito uma massagem em mim no dia anterior, o que não adiantou muito, já que essa dor seria constante. Meus pés também estavam um tanto inchados e a obstetra disse que era comum nessa fase.

     Falando no Dy, a gente estava tentando mais uma vez, porém não estávamos tão firmes como antes. Eu poderia ter acabado com a relação, mas ele me convenceu continuarmos juntos e eu aceite, já que eu gostava dele. Sei que não é o suficiente, mas eu nunca vou amar o Dylan como amo o Adam. Nosso relacionamento não estava o dos melhores, estávamos empurrando com a barriga. Eu não confio nele como eu confiava antes e não o quero como já quis um dia. As coisas ficaram estranhas e era como me deitar com um desconhecido. Ele estava diferente, eu não podia negar, andava mais estressado e brigávamos todas as vezes que nos víamos.

Ouvi o chorinho agudo do Andrew e vi que o mesmo havia acordado. Eu estava cuidando dele pois a Allie precisou ir na empresa da família para resolver algumas coisas. Ele tinha uma babá, mas eu gostava de cuidar daquele pedacinho de gente. Nem parecia que estava conosco havia quase 2 meses. Eu admito que o Andrew era meu protegido e eu o amava como se fosse meu filho.

— Ei, meu amor... — digo o pegando no colo e dou um sorriso.

Ele era uma mistura do pai e da mãe, porém me lembrava mais a Ellie em alguns momentos. Segurei em sua mão pequena e o ninei, vendo seus olhinhos fecharem novamente aos poucos. Senti um forte na minha barriga e já sabia que a Nina já estava se animando. Ela não parava quieta em nenhum momento e a Diana me disse que a gestação do Adam era do mesmo jeito.

O Adam só me ligou cinco vezes durante esse tempo e raramente mandava mensagens. Eu pensei que ele ia cumprir com a promessa de voltar em um mês e de mandar mensagens, mas não, até porque é o Adam, não tem muito o que esperar de uma pessoa como ele, que só se importa consigo mesmo. Confesso que estou mal com essa situação, queria ele participando da gravidez mas já que não posso ter isso, tenho que me contentar com pouco.

— Nossa, está um frio! — a voz da Ellie tomou meus ouvidos e eu dei um sorriso, indo até o berço para colocar o Andrew. — Ele ainda não acordou?

— Só chorou. — comentei passando a mão na calça jeans.

— Oi, princesa da titia. — ela passou a mão de leve na minha barriga, exatamente aonde a Nina chutava — Que menina sapeca, em!

— Como foi as coisas na empresa? — perguntei franzido a sobrancelha e a Ellie ficou séria na hora.

     — Ah, só... — disse se afastando um pouco e eu a vi ficar sem ter o que dizer.

      — Está tudo bem? — perguntei de vez e a Ellie deu de ombros.

      — É que... — deu uma tossida falsa no início e eu continuei a encarando, sabendo que me escondia algo — Tudo bem. O Adam vai voltar a morar aqui, ele está vendo um apartamento e já tem uma sala na empresa e... — parei de ouvir no mesmo momento, pois era muita informação para minha cabeça.

      O Adam estava vindo morar aqui de vez, em Nova York, depois de tanto tempo fora, mas por quê? Será se era pela Nina? Com certeza não, ele nunca mudaria a vida desse jeito por outra pessoa, só por si mesmo. E o pior, ele não havia me dito. Provavelmente estava planejando isso há um tempo e claro que todos já sabiam, menos eu. Eu sou a mãe da filha dele, que o mesmo ao menos quer saber se está bem. Mas ele é assim, não é mesmo? Por que se preocupar tanto? Contudo não conseguia mentir que um alívio bateu em mim sabendo dessa notícia. A Nina teria um pai por perto, o que era uma coisa ótima. Meu maior medo sempre foi ele ser ausente e o mesmo morando aqui, iria facilitar tanta coisa.

     — Mary? — ela balançou as mãos na minha frente e eu pisquei algumas vezes — Está tudo bem?

     — Não, eu só... preciso digerir isso. — eu ainda estava um pouco perdida — Ele vai vir mesmo?

      — Sim. As oportunidades são melhores. — ela deu de ombros e eu senti que a mesma me escondia algo sobre a volta do Adam.

     Os dias se passaram bem lentos e eu só observava os Ashworths comentando sobre a vinda do Adam. Já eu não sabia dizer o que eu estava sentindo. Era tanta coisa ultimamente e ele voltar era mais um problema. Quando o Adam e eu estamos juntos, as coisas desandam ao nosso redor e parece que somos a Mary e o Adam de 2 anos atrás. É bizarro...

    Eu passei as últimas horas enfiando a cara nos livros da faculdade, talvez eu estivesse fazendo isso há quase 2 meses desde que o Adam foi mais uma vez para Londres e me deixou aqui. Eu não sei ao certo, mas precisava fugir daquele cretino e o mesmo estava presente em todos os pensamentos e essa porra era bizarra. Eu dava desculpas para mim mesma dizendo que ele era apenas o pai da minha filha, porém o meu amor pelo Adam permanece inalterado.

Meus olhos passearam pelo Dylan que me entregou um copo de água. Tínhamos acabado de fazer amor, ou pelo menos tentar. Confesso que nossa vida sexual não está uma das melhores. Eu tento fugir dele as vezes, mas quero continuar essa relação, então vou para o campo, mesmo sabendo que eu não sentia nada, ficava apenas encarando o teto ou fingindo um orgasmo inexistente.

      — Está quieta... — ele disse com a cara fechada enquanto eu tomava a água desesperada.

— Ah... cansaço só. — digo um pouco ofegante e entrego o copo para ele.

— Certeza? — ele me encarou de uma maneira séria e eu me encolhi um pouco — Ou é por que o Adam vai morar aqui? — suas palavras me atingiram como um soco e um arrepio subiu pela minha espinha.

As palavras não conseguiam sair da minha boca para rebater aquilo, mas a verdade é que eu não estava pronta para que o Dy soubesse que o Adam agora iria fazer parte da minha vida 100% e com influência da Nina, claro.

— Ah, eu... — as palavras simplesmente não saiam — Isso não é bom assunto, Dy. — balanço a cabeça e protesto, me levantando, porém ele me empurrou de volta na cama, me assustando.

Eu fiquei alguns minutos tentando processar o que ele tinha feito. Ele havia me empurrado... O Dylan havia me empurrado... Eu coloquei a mão sobre a cama, me apoiando, o olhando incrédula, e com medo. Eu não conseguia acreditar no que havia acontecido.

— Nunca é um bom assunto, não é? — ele passou a mão no rosto — NÃO É, MARY ANGEL? — colocou o dedo no meu rosto — O FATO DE VOCÊ SEMPRE ESCONDER TUDO DE MIM NUNCA TE INTERESSA! — eu me encolhi na cama enquanto ele gritava — VOCÊ SER UMA PUTA QUE DORME COM QUALQUER UM NAO É INTERESSANTE O BASTANTE?

Eu continuei parada, horrorizada. Eu sentia meu estômago se revirar e o pânico me tomar.

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⏰ Last updated: May 31 ⏰

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