LVI

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Aproximações inevitáveis
Por Mary:

    Chegamos na casa dos Ashworths e não havia ninguém. A casa estava silenciosa, apenas se ouvia os empregados trabalhando. Passamos na cozinha para falar com a senhora Scott e depois subirmos para o quarto do Adam. Sendo sincera, eu não quero muito aquela proximidade, mas concordei em ficar com ele até a noite e depois eu dormiria com ele.

Eu aproveitei sua saída para pegar algumas coisas na cozinha para tomar um banho, já que eu estava precisando por não ter tomado banho no hospital mais cedo. Quando a água quente do jato do chuveiro bateu em mim, eu me senti relaxada, estava realmente precisando disso. Vi um shampoo feminino ali, sabendo que era da Lindsay, então preferi usar o do Adam mesmo que tinha um cheiro masculino bem forte. Tinha vários resquícios de que a namorada dele estava por ali. Havia os produtos de cabelo dela, chapinha em cima da pia do banheiro e maquiagens. No quarto tinha a mala dela e algumas coisas pela mesa do Adam. Isso me deixava desconfortável, em saber que eu não era a única mulher a estar lá, porém estava aliviada em saber que não veria a cara da vadia até eles voltarem para cá, já que a mesma só viria aqui para buscar as coisas a noite.

Terminei meu banho e coloquei a lingerie minha que estava no quarto da Ellie. Não havia muitas roupas minhas aqui e as que tinham, não estavam entrando em mim direito, tirando um short bem larguinho. Sai do banheiro e o Adam estava em cima da cama, com um prato no colo e o celular em mãos. Ele me olhou assim que eu saí, me encarando de cima a baixo, mas não liguei e fui até o closet dele. Peguei uma blusa de algodão dele e voltei para o quarto pegando o meu short em cima da mesa dele.

— O que está olhando? — digo o vendo me encarar quando eu levantei um tanto a blusa para colocar o short.

— Nada, eu só... — balançou a cabeça e deu uma mordida no sanduíche — Eu trouxe um para você também. — apontou para o criado mudo ao seu lado, com um prato e um copo com suco de laranja.

— Não precisava, mas obrigado. — dou um meio sorriso e caminho até ele, o encarando e depois peguei o meu lanche — Para de olhar pra minha bunda, Adam — digo após me virar e ter certeza para onde ele estava olhando.

— Desculpa, Angel, mas é tentador. — sua voz saiu um pouco manhosa e eu escondi o sorriso, querendo rir da cara dele — Olhar não mata!

— Então mata a sua vontade. — completei, me sentando na beirada da cama e o Adam riu baixo

— Como eu faço para ter uma noite com você? — disse em um tom de brincadeira, mas eu sabia que ele não estava brincando.

— Nem precisa pedir! — entrei na brincadeira, mas queria era cortar o assunto. O Adam não está merecendo muita atenção, porém eu não queria ficar em uma clima horrível. Precisava simpatizar.

— É? — ele colocou o prato de lado e se arrastou até mim, deixando nossos rostos próximos — Então por que estamos com roupa ainda? — seu hálito bateu contra o meu rosto, quente e suave.

— Porque temos outras pessoas e eu não te suporto. — as minhas palavras foram rápidas demais e eu engoli em seco, sabendo que aquilo era verdade. Se eu não tivesse um namorado e ódio do Adam, estaríamos como coelhos agora.

— Sexo com raiva é mais gostoso. — piscou para mim e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Nossos olhares estavam profundamente conectados e nossas respirações iguais — Eu te amo, mas não te suporto nem um pouco. — seu olhar desceu para minha boca e eu já fiquei no instinto de me afastar — Poderíamos transar agora, com tanto ódio que você ficaria toda machucada depois. — eu prendi a respiração, sabendo que ele conseguia fazer tal coisa — Mas você não me quer o suficiente para isso. — após dizer, ele se afastou bruscamente e voltou para seu lugar na cama, me deixando completamente desnorteada.

    Eu engoli em seco e senti o olhar dele sobre mim mas apenas peguei o sanduíche com a mão trêmula e mordi um pedaço e foi difícil para engolir, então optei por não comer, já que meu estômago estava se revirando novamente.

      — Eu... — digo com a voz baixa e olhei para o Adam — Posso dormir um pouco? — apontei para o seu lado e o mesmo concordou.

     Peguei o copo e o prato e coloquei no criado mudo ao lado aonde eu ia deitar. Me sentei na cama e respirei fundo porém algo me assustou dentro de mim. Parecia que algo estava me pressionando muito forte e era como sentir a comida se movimentando no estômago. Fiquei parada e senti novamente, bem de leve e eu sabia o que era isso. Não dava quase para sentir, mas era bem incômodo ao ponto de eu notar. Eu fiquei parada por alguns minutos e novamente a sensação ocorreu.

     — Adam... — o chamei e ele resmungou — Adam! — O chamei novamente virando um pouco o corpo — A Nina...

     — Aconteceu alguma coisa? Está se sentindo bem? Mary... — ele franziu a testa e eu dei um sorriso enorme, sentindo meu peito se encher de alegria.

     — Ela mexeu... — eu o olhei quando o mesmo já estava parado em minha frente, atordoado — Ela está... — a senti mais uma vez — Adam. — minha voz saiu chorona e o mesmo me olhou deslumbrado — eu estou sentindo nossa filha mexer!

     — Por deus! — ele colocou a mão na cabeça surpreso — Mary, isso é ótimo! — seu sorriso cresceu cada vez mais — Caralho! — deu uma risada abafada e uma lágrima correu por minha bochecha — Oh, gata, não chora... — ele disse sem desmanchar o sorriso e se aproximou.

      — Eu amo tanto ela que... — um soluço me interrompeu.

     — Eu também, eu também. — disse se sentando ao meu lado — Mas não precisava chorar. — limpou as lágrimas que insistiam em descer — Ela sabe que a ama, em... — a Nina parou de mexer e tudo ficou quieto em mim novamente, era estranho a sensação de sentir um bebê dentro de mim — E sei que a Nina te ama. — segurou o meu rosto com as duas mãos e passou mais uma vez os polegares na minha pele.

    O Adam juntou nossas testas, deixando que a respiração do mesmo batesse contra meu rosto e eu me senti tão... bem no momento. O momento estava perfeito! A minha filha estava mexendo e o Adam estava comigo, por mais que as vezes eu o quisesse longe. É difícil admitir o efeito que ele tem sobre mim e eu não posso... Eu fechei os olhos e dei um impulso, me arrependendo no segundo seguinte que juntei nossos lábios. Ele ficou surpreso na hora e eu quase me afastei, mas uma mão subiu para minha nuca e eu invadi sua boca rapidamente, encaixando nosso beijo. Tinha tanta paixão em cada movimento, amor e um tanto de luxúria. Eu estava com falta desse beijo, desse calor, do toque. Do Adam. Do meu Adam. E que merda, eu não deveria reagir dessa forma.

Nossas verdadesWhere stories live. Discover now