LVIII

48 10 1
                                    

momentos
Por Mary:

A Ellie não estava se sentindo muito bem. Eu vi a cara de cansada quando a mesma desceu após ficar um bom tempo com no quarto com o Adam. Mas parecia aliviada ao mesmo tempo. Seja lá o que eles conversaram, ela conseguiu o que queria. Eu estava preocupada, sabe. A cesárea estava marcada para daqui a 1 semana e dois dias, mas a Ellize estava um pouco abatida, tinha medo do beber nascer antes e as coisas se complicaram. Mas precisava ficar tudo bem.

O Adam desceu 1 hora depois, estava com o cabelo bagunçado e molhado. Usava uma blusa lisa de algodão branca e uma calça de moletom preto da fila. Eu me ajeitei no sofá quando o mesmo se aproximou e deu um beijo na testa da senhora Ashworth, na da Ellie e veio até mim, me dando um beijo na bochecha. Eu ainda tinha esperanças dele me beijar, mas eu tentei não ligar muito e foquei no senhor Ashworth, que ainda falava sobre a empresa.

— A Lind vai jantar conosco, está bem? — olhou para a Diana que logo me encarou esperando por uma resposta e eu dei de ombros.

— Tudo bem. — após ela dizer isso, eu optei por encarar minhas mãos.

Por que a Lindsay estava vindo? Poxa, eu queria passar um momento com o Adam, antes dele voltar para a vida dele e eu focar na minha gestação. Era tão difícil? Eu queria me sentir a Mary adolescente antes de assumir minha maior responsabilidade.

— Está tudo bem por você, Mary? — ele se jogou ao meu lado, passando o braço por meu ombro e eu suspirei, apenas concordando.

— Eu não dou mais a minha opinião. — o Bryan levantou as mãos em rendição — Eu só acho que isso não vai ser bom para a Nina.

— Isso não é da sua conta, pai. — o Adam me puxou para ele e eu fiquei um pouco deslocada — Tudo bem? — ele sussurrou e eu demorei uns segundos para concordar com a cabeça e apoiei minha cabeça no ombro do mesmo — Eu vou voltar para a Inglaterra e vou ficar fora por um mês. — digo rápido e baixo, para que ninguém ouvisse além dela.

     — Imaginei... — eu fiquei sem ter o que dizer, porque sabia que isso acontecer.

      — Sabe que... — fomos interrompido com a companhia e o Adam suspirou.

     Ele levantou bruscamente e saiu andando, pisando duro. Os pais do Adam e a Ellie me encararam, mas a única coisa que eu fiz foi levantar e correr para as escadas, subindo o mais rápido que eu podia. Entrei no quarto do Adam e já fui caçando a minha bolsa. Eu não iria ficar ali. Não conseguia de jeito algum. Não sabendo que ele estava com ela mais uma vez e que iria embora no dia seguinte. Desci as escadas depois de alguns minutos e vi o casal do ano no corredor, encostado na pilastra, se agarrando. Só poderia ser brincadeira.

      Como o Adam fazia isso? Me desejava, dizia que me queria e que a noite inteira seria minha e depois chamava a filha da puta Lindsay para cá? Essa merda já não começou certa mesma, não terminaria bem. Passei por eles tentando não chamar a atenção mas vi o Adam se separar dela.

     — Mary? — ele me chamou, mas eu apenas levantei meu dedo do meio e o mostrei, continuando meu caminho, mas quando cheguei na porta principal, a Allie estava me esperando lá, com os braços cruzados.

     — Dê meia volta e sobe! — ela disse apontando para as escada e eu bufei.

     — Preciso ir embora!

     — E eu preciso da minha melhor amiga aqui. — ela disse ainda apontando para a escada e eu revirei os olhos — Por favor...

     — Tudo bem! — dei-me por vencida e dei um meio sorriso.

     Ela puxou minha mãe na direção do corredor e o Adam estava lá, parado me encarando, e a Lindsay estava emburrada, com a cabeça abaixada. Ele tentou dizer algo, mas a Ellie o impediu e continuou me puxando até a sala de jantar. A senhora e o senhor Ashworth estavam se sentando e fizemos o mesmo, não demorou muito para o Adam chegar acompanhado da namorada dele e se sentar à minha frente. Eu fiquei calada e após me servir, me concentrei na comida. Senti o cheiro um pouco enjoativo mas não liguei, já que isso se tornara comum.

O jantar continuou quieto, sem nenhuma palavra e tão constrangedor. O Adam sabia que a Lindsay não era bem-vinda ali, mas fazia de tudo para que fosse. Eu odiava vê-los juntos, era a pior sensação para mim, saber que ele estava com outra era assustador.

Meu celular vibrou na bolsa quando pedi licença da mesa e sai direto para o banheiro preste a vomitar tudo. Vi o nome do Dylan na tela e eu suspirei, sabendo que uma hora ele iria me ligar. Fechei a porta do banheiro e me apoiei na mesma, deslizando o teto na tela e atendendo.

Você não me responde ... — sua voz soou tão séria, como se estivesse bravo. Eu me surpreendi por ele ao menos perguntar se eu estava bem — Por que?

Não vi o celular hoje . — respondi no mesmo tom, retrucando — já que eu estava preocupada em não perder minha filha

— Desculpa, eu... — eu o cortei.

— Você ao menos me ligou se estivesse realmente se importando. — eu prendi todo o meu ar, começando a me sentir mal — Você é um idiota!

Eu sei! — disse com a maior certeza do mundo — Mas eu não queria, Mary, vamos conversar hoje. Eu passo aí...

Não!

Por que, em? — ele voltou a soar rude — Porque está ocupado com o pai da sua filha, não é? Ou por que só está disposta a sempre perdoar esse babaca porque ele é um otario que está sempre correndo atrás de você?

Eu congelei ao ouvir aquelas palavras.

Que porra estava acontecendo com o Dylan? Ele não era assim...

— Eu não quis dizer isso!

Suas ações são assim! — disse mais alto — Você toda vez que está com ele me põe a porra de um par de chifre, Mary Angel. Abre as pernas para ele sem pensar duas vezes — eu fiquei calada, sem reação — Amanhã vamos conversar, você queira ou não!

A linha ficou muda e eu também. Intacta. Sem mover um músculo sequer. Ele não era o meu Dylan. Sei que o machuquei, o traio, mas sempre me pergunto porque está comigo. E não é por amor.

     Joguei uma água no rosto e respirei fundo, sabendo que eu precisava dormir a noite toda se possível. Eu demorei tempo o bastante no banheiro para que todos levantassem da mesa e ido para seus respectivos quartos. Eu precisava de um banho bem quente para relaxar e passar o enjoo maldito. Uma mão me puxou e eu me estremeci ao ver as tatuagens no pulso do Adam. Ele agarrou minha cintura, nos aproximando mais do que deveria.

      — Queria me despedir... — ele sussurrou me olhando intensamente.

      — Está bem. — dei um sorriso falso — Tchau, Adam! — tentei me soltar, porém foi falho.

      — Não age desse jeito, hum... — disse afastando uma mecha de cabelo do meu rosto e colocando atrás da minha orelha — Vou voltar, para você e por você. Eu prometo! — eu uni as sobrancelhas, sem entender e o Adam passou o polegar por cima dos meus lábios — Eu te amo, pequena.

      Ele me deu um selinho demorado e eu me senti mal por tanta coisa no momento. O Adam desceu o rosto e me deu um beijo no pescoço também, logo se afastando, sem dizer, e indo na direção do próprio quarto.

Nossas verdadesWhere stories live. Discover now