Capítulo 8: Príncipe elfo.

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Acariciei a cabeça do cavalo, escutando ele relinchar em aprovação. Isso me fez sorrir, por mais que fosse o mais fracos dos sorrisos. Ele se desfez quando Seth se aproximou e todos os guardas começaram a montar em seus próprios cavalos.

—Tem um cavalo pra mim? —Indaguei, vendo ele me lançar um olhar de dúvida, antes de segurar minha cintura, para me ajudar a montar. O contado repentino me pegou de supresa e minha respiração ficou presa na garganta quando senti a pressão dos seus dedos. —Não acho que seja necessário irmos juntos.

—Você sabe andar a cavalo? —Questionou, me fazendo abrir a boca para responder.

Mas fiquei muda quando percebi que não, eu não sabia cavalgar. Porque isso foi outra coisa que fui impedida de aprender quando me lançaram naquela torre. Estava pronta pra jogar tudo isso na cara de Seth. Mas ele me ergueu de supresa, me colocando sentada no cavalo, com as pernas de um lado só. Soltei o ar com força, ficando vermelha.

—Ensinarei você a cavalgar, quando estivermos no reino. —Afirmou, montando e se sentando atrás de mim, me puxando até que eu estivesse com as costas coladas no seu peito.

—Por que não pedir para outra pessoa fazer isso? —Sibilei, com o rosto quente pelo contato que estávamos tendo naquele momento.

Eu lembrava de Seth me carregando quando fiquei esgotada na floresta. Mas eu desmaiei, antes de sequer pensar no fato. Mas eu estava muito acordada naquele momento. Havia esquecido por muito tempo como era ter o calor de outro corpo junto ao meu. E o calor que emanava de Seth, parecia demais pra mim.

—Ja vou ensiná-la a ler e escrever. Porque não ensiná-la a cavalgar também? —Ele deu de ombros, passando os braços ao redor de mim para segurar as rédeas. —Me parece fazer muito sentido.

Não respondi, porque os guardas começaram a se mover com seus próprios cavalos e Seth fez o mesmo. Meu corpo se enrijeceu com o trote do animal e fiquei ainda mais colada em Seth, de uma forma desconfortável e aconchegante ao mesmo tempo.

[...]

Eu me lembro de andar a cavalo com meu pai, as vezes com minha mãe, sempre sentindo a proteção de ambos enquanto montávamos juntos no cavalo e passeávamos pelos bosques das fadas que faziam divisa com o reino. Me lembro da sensação do ar batendo contra o meu rosto. Da voz dos dois contando alguma história sobre nossas terras e nosso povo.

Eu ainda sabia como era a sensação, e estar montada em um cavalo junto com o príncipe elfo, filho do homem que assassinou meus pais, não era nem um pouco acolhedora como era com meus pais. Ele não estava me contando sobre o reino, não estava me deixando com a sensação de estar protegida. Não quando eu podia sentir seu próprio corpo tenso contra o meu, se sentindo tão desconfortável quando eu estava naquele ponto, depois de horas de viagem.

—Você disse... você disse que vamos pra uma casa de campo da sua família. —Murmurei, quando Seth deslizou para o chão, quando paramos por algum tempo, para deixar os cavalos descansarem e beberem água no lago que havia ali perto da estrada, depois da linha das árvores.

—Sim, sim. —Ele puxou uma maçã da bolsa que estava sobre o cavalo e estendeu a mim. Peguei a mesma sem hesitar. Depois de tantos anos comendo pouco, não ousaria recusar comida. —Todos acham que eu saí do reino pra encontrar a filha de um duque por quem estou perdidamente apaixonado. —Ele torceu os lábios. —Pra todos os efeitos, conheci Charlote, no caso você, em uma viagem que fiz algumas semanas atrás para o reino de Castylha. Me apaixonei e a pedi em casamento. Você chegou ao continente uma semana atrás, e eu, ansioso para revê-la, decidi ir ao seu encontro e acompanhá-la no restante da viagem até Delarian.

—Que história de amor magnífica. —Falei, sem deixar expressar o tom irônico. —Você pensou em tudo antes de ir me buscar?

—Na verdade, eu só queria ir até lá, liberta-la e pedi-la em casamento. —Rebateu, me encarando sem ao menos piscar, como se tentasse me desvendar. —Minha mãe inventou a história, porque achou que seria uma boa ideia dizer ao povo alguma coisa, antes de eu simplesmente aparecer com uma noiva lá.

—Compreendo. —Pressionei meus lábios em uma linha fina, lembrando da esposa de Castiel, e agora, mãe de Seth. Uma elfa de sangue quente e coração falsamente grande. Lembro-me das visitas dos dois ao meu pai, quando ainda fingiam querer apenas uma aliança. —Mas você não sabia se eu iria aceitar me casar. E se eu dissesse não? Os súditos certamente comentariam.

—Ser conhecido como o príncipe que foi recusado soa muito melhor do que ser lembrado como filho de um assassino. —Afirmou, me lançando um olhar de cima a baixo, antes de se afastar até onde os guardas estavam, perto do lago com os outros cavalos.

Ele tinha razão, afinal. Soava ridiculamente melhor. E ser lembrada como Charlote Fontaine soava como uma piada de muito mal gosto pra mim. Não passei anos em uma torre, presa como um animal, para ser conhecida por um nome estranho que não me pertencia.

Eu queria ser lembrada pelo meu nome. Por quem eu era de verdade. E eu não pretendia ser lembrada por ter medo.



Continua...

O Trono da Rainha Where stories live. Discover now