Capítulo 69: Labirinto.

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Eu não enxergava direito o que estava a minha frente, apenas corria por entre aqueles muros vivos tomados pela escuridão, vendo a sombra de Zion atrás de mim, com o brilho daquelas lâminas. Percebi que deveria tê-lo matado quando tive a chance. Deveria ter cortado a cabeça dele da mesma forma que fiz com a duquesa.

Escorreguei na grama úmida, sentindo minha garganta arder pela respiração pesada enquanto eu precisava escolher um caminho sempre que chegava a uma bifurcação. Eu ainda segurava a adaga com força, mesmo que fosse improvável eu conseguir vencê-lo quando ele possuía duas delas, muito maiores e presas em seus pulsos.

Tentei me afastar o suficiente dele para me esconder no meio da escuridão. Cada passo meu parecia levar uma eternidade e eu começava a duvidar das palavras da rainha. Talvez ela soubesse que Zion estava ali. Talvez ela tenha me enviado pra uma armadilha. Ela me odeia, não importa o que o marido tenha feito com ela.

Olhei para trás e percebi que não conseguia mais enxergar Zion. Mas ainda sim continuei a correr, sentindo minhas pernas tremerem em protesto. Meus lábios se comprimiram quando cheguei em outra bifurcação e parei de correr, olhando para trás de mim na tentativa de saber se ele ainda me seguia. Tentei fazer silêncio, já que minha respiração estava alta demais, na tentativa de ouvir alguma coisa.

Quando não ouvi absolutamente nada, fiz uma coisa totalmente impensada. Prendi a adaga na minha cintura de novo e comecei a escalar aquele muro vivo, sentindo os galhos arranharem as minhas mãos. Não tinha certeza se ele suportaria meu peso, mas era minha única esperança de encontrar Seth e saber se o rei estava ali assim como Zion.

Fiquei praticamente montada naqueles arbustos quando cheguei ao topo, com minhas pernas enroscaras nos galhos. Quando olhei ao redor vi apenas noite infinita, em meio aos túneis do labirinto. Eu não conseguia ver absolutamente nada, enquanto uma névoa densa tomava conta do mesmo.

Gritei de dor quando algo rasgou minha pele, ouvindo o grunhido de Zion quando ele surgiu do meio da escuridão e a acertou. Puxei a adaga e enfiei no ombro dele, antes de puxar minha pena e cair no chão, com o ar sumindo do meu corpo com a força do impacto. Zion grunhiu do outro lado do paredão, acertando aqueles arbustos com aquelas lâminas para tentar me alcançar.

Minha perna queimava como o inferno, mas me obriguei a voltar a correr, antes de dar de cara com Violet. Já havia visto ela a noite, mas hoje ela parecia ainda mais pálida e cinzenta quando olhou pra mim com aqueles olhos profundos e carregados. Ela desviou de mim e foi na direção de Zion, que continuava a tentar abrir caminho naquele arbusto denso.

—Eles estão no centro do labirinto. —Violet indicou a direção que eu deveria seguir. —Corra, eu irei atrasá-lo.

Não sabia como ela pretendia fazer isso estando morta, mas disparei sem pensar duas vezes, querendo sair daquele lugar o mais rápido que conseguia, apertando o cabo daquela adaga na minha mão. Encontrei o caminho para o centro do labirinto, percebendo como o rei deveria ter se escondido enquanto tudo acontecia até poder usar as passagens secretas para fugir.

Continuei correndo, olhando uma vez ou outra para trás para ter certeza de que Zion não estava logo atrás de mim. Tinha errado da primeira vez, não faria isso de novo. O latejar na minha perna era um lembrete constante disso. Escorreguei na grama quando o sangue ensopou minha bota, fazendo meus lábios se enrugarem em frustração.

—É tão engraçado. Eu tinha absoluta certeza de que você viria atrás de mim sozinho. —A voz de Castiel me fez ficar rígida e parar de correr, percebendo que eu estava a alguns passos da entrada do centro do labirinto. —Você sempre foi previsível, Seth. Sempre se mostrou por completo pra mim. Todos aqueles sorrisos falso enquanto escondia quem verdadeiramente era.

O Trono da Rainha Where stories live. Discover now