Capítulo 63: Os três reinos.

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Seth me encarou como se nunca tivesse me visto antes. Como se eu fosse apenas um fantasma. Mas quando ele finalmente pareceu acreditar no que eu disse, seus olhos ficaram vermelhos e ele segurou meu rosto, me beijando com tanta força e determinação que eu sabia que significava que ele acreditava em mim. Que ele me amava da mesma forma que eu o amava.

Nossos corpos viraram um emaranhado de roupas sendo puxadas e tiradas, braços e mãos se entrelaçando a medida que desejávamos mais um do outro. E aquela noite foi diferente de todas as outras, porque sabíamos que independente do que acontecesse, ainda teríamos um ao outro.

Eu adormeci nos braços dele, sentindo seu perfume e seu calor me acolhendo. Não tive pesadelos e esqueci completamente de todos os problemas que tínhamos e o que íamos enfrentar pela frente. Eu poderia aproveitar o hoje e lutar amanhã.

[...]

Encarei o lado vazio da cama onde Seth havia dormido. A luz que batia contra a lona da barraca deixava claro que já havia amanhecido, além das vozes altas do lado de fora. Me levantei na mesma hora, ajeitando o vestido antes de calçar as botas que estavam ali e correr para o lado de fora.

Meus olhos encontraram a confusão logo que sai da barraca. Disparei pelo meio das pessoas, ouvindo a voz alta de Tobias no meio de todos eles, assim como gritos com tom de acusação e ameaça. Eles abriam espaço a medida que viam que era eu, me permitindo ver Seth com o rosto sangrando atrás de Tobias, enquanto meu irmão tentava conversar com todos ao redor.

—O que está acontecendo aqui? —Indaguei, alto o suficiente para fazê-los olharem pra mim. Na mesma hora todos eles fizeram uma reverência apresada, enquanto eu finalmente alcançava Tobias e Seth. —O que foi isso?

—Está tudo bem, Eva. —Seth fez uma careta quando toquei no lábio dele que sangrava, além da sua bochecha estar vermelha. —Acho que eles não estavam esperando me encontrar aqui.

—Não havíamos falado a ninguém sobre ele. —Tobias sibilou ao meu lado, antes de se virar para todas aquelas pessoas, murmurando algo que não ouvi, porque estava ocupada demais olhando para Seth.

—Desculpe. —Ele limpou o sangue na boca, enquanto eu sentia os olhos de todos em nós dois. Nas minhas mãos no rosto dele. —Eu estava procurando meu irmão. Não queria te acordar.

Meu irmão.

Era a primeira vez que Seth se referida a Fitzy assim em público, como se não se importasse mais com quem fosse ou não ouvir aquilo. Eu soltei um suspiro, me sentindo um pouco culpada. Não pensei em Fizty quando Seth apareceu ontem a noite, mas sabia que ele também estava preocupado com Seth.

Segurei a mão dele, assentindo com a cabeça antes de me virar e olhar ao redor, para todas aquelas pessoas que haviam se ajoelhado por mim ontem. Para todos aqueles olhos curiosos e temerosos por conta de Seth. Meus lábios se comprimiram quando apertei a mão dele e senti ele apertar a minha de volta.

—Escutem todos. Eu sei que todos aqui tiveram exemplos ruins o suficiente para odiar os elfos. Eu sei que estão com dúvidas, com medo do que vai acontecer no futuro e hesitantes sobre confiar em alguns deles. —Falei, sentindo meu coração martelando no meu peito. —Mas assim como muitos de nós já fizemos coisas tão ruins ou piores que os elfos, a alguns deles que merecem nossa confiança. Fitzy era meu guarda pessoal. Ele me protegeu todos esses dias desde que eu pisei naquele castelo fingindo ser outra pessoa. Ele foi fundamental para que eu pudesse fugir ontem, além de ter se arriscado roubando a coroa do rei. A coroa que foi do meu pai e que estava nas mãos daqueles elfos todos esses anos. —Afirmei, olhando nos olhos de cada um deles, desesperada para que me ouvissem. —Eu passei 13 anos presa em uma torre, completamente sozinha e pensando que iria morrer lá sem ninguém saber o que havia acontecido comigo. Eu entrei lá quando tinha 6 anos. Eu era só uma criança. Seth me tirou de lá. Seth arriscou sua posição no reino para me tirar daquele lugar e se casou comigo para me dar proteção e apoio. Eu relutei em confiar nele, porque eu sei o que os elfos podem fazer. Eu vi com meus próprios olhos. Mas ele se mostrou alguém completamente diferente de todos aqueles elfos que haviam traído meus pais.

—Ele é filho daquele homem! —Alguém gritou na multidão e eu senti Seth ficar rígido atrás de mim.

—Não, ele não é. Ele é meu marido e, sendo assim, é príncipe consorte do reino de Delarian. —Afirmei, sentindo meu sangue esquentar. —Ele mereceu minha confiança assim como Fitzy. Então, por favor, confiem nele também, e se não conseguirem confiar nele, confiem em mim. Vocês me tornaram sua rainha por um motivo. Então me deixem exercer esse papel agora.

Houve alguns segundos de pleno silêncio, antes de eles começarem a fazer uma reverência que eu sabia ser tanto a mim quanto a ele. Meu peito se aqueceu e eu vi meu irmão me lançar um olhar orgulhoso, assim como senti a gratidão e o orgulho de Seth quando se inclinou e beijou meu ombro.

Ele se afastou de mim assim que Fitzy surgiu no meio dos humanos ali, parecendo surpreso quando viu o irmão ao meu lado. Mas os dois se aproximaram tão rápido e se abraçaram como se não se vissem a anos. Percebi naquele momento que aquele era o abraço que ambos queriam dar um no outro todos esses anos. O abraço que ficou de lado enquanto eles exerciam aquele papel de príncipe e guarda.

[...]

Encarei todas aquelas mesas enfileiradas, enquanto pessoas iam e vinham com bandejas e comida, se reunindo para tomar café da manhã. Seth estava sentado ao meu lado, devorando um pedaço de pão como se não começasse a décadas. Também senti uma pontada de culpa nessa parte, porque não me preocupei se ele estava com fome ontem a noite quando o puxei para dormir comigo.

—Foi um bom começo. —Klaus se sentou ao meu lado, dando uma mordida em uma maçã. —Eles ainda parecem hesitantes, mas estão lhe dando um voto de confiança.

—Eles me tornaram rainha. Precisam confiar em mim se querem que eu exerça esse papel. —Afirmei, vendo Klaus concordar com a cabeça.

Os olhos dele voaram até Fizty quando ele se sentou do outro lado da mesa, de frente para Seth, trazendo sua própria bandeja de comida. Não demorou para ele erguer a cabeça e olhar para o meu irmão também, comprimindo os lábios de leve. Ambos desviaram os olhos ao mesmo tempo, como se nada estivesse acontecendo.

Também não deixei de notar que nem Tobias nem Celeste estavam ali. Não havia visto a princesa desde que descobri quem ela era. Era estranho pensar nela como Celeste e não como Sarah. Mas independe disso, esperava que Tobias tivesse ido atrás dela para conversar, sem todo o estresse da descoberta.

—Eu encontrei a princesa. —Falei, fazendo Seth erguer os olhos pra mim. —A princesa de Eridyan, eu a encontrei. Ou melhor dizendo, ela nos encontrou.

—Quem?

—Sarah. —Ele exibiu uma careta na mesma hora, como se eu estivesse ficando louca. Eu também teria reagido assim se alguém tivesse me contado e eu não tivesse visto com meus próprios olhos. —Sarah é a princesa. O nome dela é Celeste.

—Não acredito. Ela estava do nosso lado esse tempo todo? —Seth soltou uma respiração pesada, parecendo incrédulo e frustado ao mesmo tempo.

—Bem que eu achava ela estranha. —Fitzy falou, balançando a cabeça negativamente. —Ela estava sempre de olho em tudo, sendo gentil e prestativa. —Ele olhou para Seth e depois pra mim. —Vão pedir para que ela interceda por vocês agora?

—Não acho que seja mais necessário, apesar da descoberta ser bem-vinda. —Seth murmurou, me fazendo olhá-lo na mesma hora.

—O que quer dizer?

Ele não teve tempo de responder, porque Lena entrou correndo naquele refeitório improvisado, vindo na nossa direção com Tobias logo atrás. Estava ofegante, com os cabelos cacheados molhados e a roupa toda amarrotada como se tivesse sido pega de surpresa.

—A notícia de que a filha do antigo rei humano retornou e foi coroada como rainha ja se espalhou por todos os territórios. —Lena balançou alguns papéis nas mãos dela, que pareciam cartas. —Castylha, Valleyhall e Eridyan reconheceram você como a verdadeira rainha de Delarian. —Eu fiquei de pé na mesma hora, enquanto Lena me encarava com um sorriso enorme no rosto. —Isso significa que Castiel precisa devolver o trono ou podemos começar uma guerra para tomá-lo de volta, com os três reinos ao nosso lado!

Todos começaram a comemorar ao ouvir o que Lena disse. Até meus irmãos, falando coisas que eu não era capaz de ouvir, porque estava me virando para encarar Seth, que permanecia sentado com uma expressão neutra, como se aquilo não fosse nenhuma surpresa.

—Você os aviso. —Falei, vendo os olhos dele encontrarem os meus e ele abrir um sorrisinho com o canto dos lábios.



Continua...

O Trono da Rainha Where stories live. Discover now