Capítulo 15: Logo será uma princesa.

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Estava parada atrás de duas grandes portas de madeira, encarando um buquê de rosas vermelhas. Do outro lado, sabia que haviam vários elfos aguardando. Inclusive Seth, na frente do altar. Sarah girou ao meu redor, arrumando os últimos detalhes do vestido, dos meus cabelos e do véu.

—Você está perfeita. —Ela sorriu pra mim, tocando a ponta do meu queixo para me fazer erguer a cabeça. Encarei seus olhos, vendo sua expressão cautelosa ao me encarar de volta. —Sorria. Logo será uma princesa.

Abri um sorriso como ela pediu, não porque seria uma princesa em breve, mas porque eu já era uma. Na verdade, eu era muito mais do que só uma princesa. Sarah se afastou de mim bruscamente, fazendo uma reverência quando o rei e a rainha entraram naquela sala. Vi pelo canto dos olhos Fitzy engolir em seco, fazendo uma reverência também.

—Ela já está pronta, vossa majestade. —Sarah afirmou, se afastando quando a rainha ficou na minha frente, avaliando todo o vestido.

—Muito bem. Você está dispensada. —A rainha gesticulou para ela sair. Meu coração disparou dentro do peito quando Sarah olhou pra mim com uma intensidade sem igual antes de fazer outra reverência e se retirar.

—Você também, Fitzy, espere lá fora. —A rainha mandou. Fitzy hesitou, olhando da rainha para o rei e depois pra mim. —Agora, Fitzy!

Ele fez uma reverência e saiu apressado, me deixando sozinha com o rei e a rainha. Continuei olhando para as duas portas, enquanto meu coração martelava dentro do peito e o sangue latejava na minha cabeça. A rainha se afastou de mim, caminhando pela sala, enquanto o rei se aproximava e ficava na minha frente. Ergui o queixo, olhando diretamente pra ele.

—Vossa majestade. —Murmurei, com os lábios se repuxando em um sorriso sínico.

—Como se sente estando a beira de se casar com o meu filho? —Indagou, olhando pra mim como se eu fosse um inseto que ele pudesse pisar e matar.

—Eu estou muito, mas muito feliz. —Afirmei, abrindo um sorriso imenso, enquanto deixava meus olhos transbordarem ironia. —Seu filho me deu um presente e tanto, vossa majestade. Vou ser eternamente grata a ele.

—Você deve ser mesmo. —Concordou, inclinando o rosto para perto do meu. Virei o rosto quando senti a respiração dele na minha pele, fazendo meu estômago se revirar. —Porque se dependesse de mim, você morreria naquela torre, esquecida no tempo. Então, princesinha, seja mesmo muito grata ficando de boca fechada e não ousando tentar contra mim. Porque se fizer isso, vou dar a você uma morte pior do que a que seus pais tiveram.

Virei o rosto pra ele, sentindo o sangue ferver nas minhas veias. O sorriso dele aumentou quando percebeu o que havia feito comigo. Comprimi os lábios, antes de cuspir no rosto dele com a maior força de vontade que existia dentro de mim. A rainha arfou em algum canto da sala, enquanto o rei se afastava e limpava o rosto.

—Não importa se a coroa está na sua cabeça. Eu e você sabemos muito bem quem é a verdadeira dona dela. —Sibilei, vendo os olhos dele faiscarem fúria. —E no final das contas, ela irá voltar pra mim quando você morrer.

Ele agarrou meus braços com força, me empurrando contra a parede e me prensando contra ela. Seus olhos estavam furiosos e vermelhos, como se ele não conseguisse se conter. Senti uma fisgada em um dos ombros quando ele apertou meus braços contra a parede, me machucando.

—Cuidado, ou você nem sequer irá entrar naquela igreja para se casar. —Ele cravou os dedos na minha pele, enquanto o rosto ficava rente ao meu. —Você pode estar se casando com meu filho, porque ele é um idiota e parece que não puxou absolutamente nada de mim. Mas você ainda é só uma humana imunda que viveu a maior parte da vida presa. Você é só um animal selvagem. Uma ninguém. Ninguém se lembra de você. E se depender de mim, você vai morrer antes de ter a chance de pisar no trono.

Ele me soltou, virando as costas e saindo daquela sala. A rainha olhou pra mim com os lábios enrugados em reprovação e nojo, antes de seguir para fora da sala também. Me virei para a parede, espalmando minhas mãos na mesma enquanto respirava de forma desregular. Meus braços queimavam aonde ele havia me segurado e minha garganta ardia pelas palavras não ditas.

—A senhorita está bem? —Fitzy parou ao meu lado, tocando de leve meu cotovelo. Virei o rosto e o encarei, antes de balançar a cabeça que sim e me afastar da parede, passando a mão no rosto e depois no vestido um pouco amaçado.

—Eu estou bem, Fitzy, obrigada. Tenho certeza que já estou atrasada. —Falei, vendo ele se abaixar e pegar o buquê que havia ido para o chão. Ele me entregou, olhando para algo no meu rosto.

—O rei fez algo a senhorita? —Indagou quando eu fiquei em frente as portas de novo, segurando o buquê com os dedos trêmulos.

—Tenho certeza que essa não é uma pergunta segura pra você. —Afirmei, olhando pra ele com as sobrancelhas erguidas. Fitzy não demonstrou qualquer mudança de humor, além de determinação e seriedade.

—Eu devo minha lealdade ao príncipe e estou encarregado de avisar a ele qualquer coisa que aconteça com a senhorita. Isso incluiu se alguém a tocar sem sua permissão. Sendo essa pessoa o rei ou não. —Declarou, me olhando sem sequer piscar. —O rei fez algo a senhorita?

Olhei pra ele, sentindo meu coração martelando dentro do peito ao absorver o que ele havia falado. Um sorriso de satisfação brotou nos meus lábios quando assenti.

—Ele fez, Fitzy. —Olhei para as portas quando elas se abriram e meus olhos encontraram os de Seth, na frente do altar, esperando por mim.

Mas não tem problema. Seu rei logo vai perceber que deveria ter me matado quando eu ainda estava naquela torre. Vou fazê-lo se arrepender por cada ano que passei naquele lugar.

Abri o maior sorriso que conseguia. Erguendo o queixo e entrando naquela igreja, vendo os olhos de Seth fixos nos meus. Ele também estava sorrindo, mas eu tinha certeza que não era pelo mesmo motivo que eu. Mas mesmo assim, ignorei os elfos que me olhavam, enquanto mantinha meus olhos nele e sorria.

Sua mão se estendeu na minha direção quando cheguei perto o suficiente e eu a segurei com determinação, me colocando ao lado dele no altar. Meu coração se acalmou ao sentir o polegar dele acariciar as costas da minha mão com carinho, enquanto seus dedos se entrelaçavam nos meus.

—Você está bem? —Sussurrou, olhando pra mim como se nunca tivesse me visto antes.

—Nunca estive melhor. —Meu sorriso aumentou e eu apertei a mão dele de forma breve. —Obrigada, Seth. Você não faz ideia do que está fazendo por mim.



Continua...

O Trono da Rainha Where stories live. Discover now