Capítulo 29: Beijo do amor verdadeiro.

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Sai do quarto na manhã seguinte, sabendo que precisava aguardar Sarah voltar com o que eu havia pedido. Fitzy já estava me esperando no corredor, pronto para me seguir para qualquer canto que fosse como sempre fazia.

—Onde Seth está? —Indaguei, o olhando por cima do ombro. A expressão de Fitzy sequer se alterou quando me dirigi a ele.

—Ele está em uma reunião com o rei. Algo sobre o reino de Valleyhall. —Respondeu, me fazendo comprimir os lábios de curiosidade.

No nosso mundo haviam quatro reino. Delarian, Castylha, Valleyhall e Eridyan. Todos eram reinos humanos, até Delarian ser atacada e os elfos tomarem o controle do reino. Não sabia como os outros três reinos haviam reagido à isso na época, mas precisava saber como as coisas estavam atualmente.

Sai para os jardins, ficando imóvel quando dei de cara com a rainha e a duquesa juntas, sentadas em uma mesa tomando chá enquanto sorriam e conversavam baixinho. Katrina foi a primeira a me ver, abrindo um sorriso falso e dissimilado, fazendo a rainha se virar e ver que eu estava ali.

—Ah, querida, que bom que apareceu. —A rainha soltou uma risadinha. —Eu e a duquesa estávamos tomando chá. Não quer se juntar a nós? —Ela parou um segundo, parecendo ter se dado conta de algo. —Ah, eu esqueci, você já foi apresentada a vossa graça?

—No meu casamento. —Falei, vendo o sorriso falso de Katrina oscilar quando eu abri um sorriso enorme. —Ela é um doce de pessoa. E obrigada pelo convite, mas pretendo dar uma volta pelo jardim e então ir até a biblioteca.

—A duquesa pode lhe fazer companhia se quiser. —A rainha sugeriu e eu vi pelo canto dos olhos Fitzy contrair a mandíbula. Ele tinha ordens contra Katrina, eu sabia muito bem disso. Mas parece que a rainha não sabia ou estava fazendo um péssimo trabalho em tentar me incomodar.

—Fico grata pelo convite. Mas não quero atrapalhar vocês duas. —Me dirigi até a mesa, passando ao lado da cadeira de Katrina para me dirigir até o outro lado do jardim. —Foi um prazer revê-la, vossa graça.

Ela não respondeu, porque eu já havia virado as costas e seguido em frente, sentindo a tensão gritante que emanava de Fitzy. Olhei pra ele por cima do ombro, observando seus olhos varrerem todo o jardim, como se ele esperasse por algo.

—Relaxe, Fitzy. Ela não me incomoda nem um pouco. —Afirmei, diminuindo o passo para que ele andasse ao meu lado. Fitzy pareceu surpreso por alguns segundos, hesitando entre se afastar ou permanecer ao meu lado. —Você não precisa sair correndo para contar para o Seth.

—Eu não saio correndo para contar a ele, vossa alteza. —Ele engoliu lentamente. —Estou apenas tentando fazer meu trabalho da melhor maneira possível.

—Tenho certeza que Seth valoriza isso. —Afirmei, abrindo um sorriso pra ele. Um sorriso que não tinha aberto pra ninguém ainda. Um verdadeiro e gentil. Fitzy me observou por alguns segundos, antes de sorrir de leve e acenar com a cabeça

O sorriso dele morreu assim como o meu quando o general apareceu na nossa frente. Estava usando as roupas do exército real, embaixo da armadura, enquanto a espada estava pendurada na sua cintura, assim como várias facas. Ele olhou para Fitzy primeiro, lançando um olhar enojado para o guarda antes de olhar pra mim.

—Tenho um recado para vossa alteza. —Zion tirou um pequeno envelope do bolso e me estendeu, enquanto eu ignorava a onda de repulsa quando a mão dele tocou na minha no momento que peguei o envelope. —Como anda a sua mãe, Fitzy?

O meu guarda pessoal o olhou de cima a baixo, sem qualquer emoção transparecendo no rosto, antes de erguer as sobrancelhas.

—Muito bem. Como vai a sua mãe? —O sorriso do general ficou duro ao ouvir a pergunta, antes de desviar os olhos pra mim de novo.

—Mais alguma coisa? —Indaguei, indicando que ele ainda estava no meu caminho.

—Ainda não conversamos sobre nosso encontro aquela noite com a sua acompanhante. —Ele passou a língua nos lábios, fazendo meu estômago se revirar. —Mas tenho certeza que vamos falar sobre isso em breve.

Ele fez uma reverência exagerada, antes de mostrar os dentes para Fitzy e então desaparece do jardim. Olhei para o envelope na minha mão, me afastando de um Fitzy observador quando abri a mesma.

"Se eu souber que a um dedo seu nesse ataque dos humanos ao castelo, sua cabeça irá decorar a sala do trono pelo restante do meu reinado."

Amacei o papel, apertando-o entre meus dedos antes de marchar de volta para o castelo.

[...]

Estava sentada na poltrona no meu quarto com um livro na mão, um papel e uma pena de escrever, terminando o maldito resumo que Seth ainda insistia que eu fizesse. Queria jogar todos aqueles livros nele, para que parasse de ser um maldito príncipe arrogante e mandão.

Vi a silhueta de Violet atravessar a parede do quarto que dava para o corredor, o que me dava certeza que ela estava xeretando pelo castelo agora que podia entrar ali. Seus olhos pararam em mim sobre a poltrona e depois sobre a adaga sobre a mesinha ao meu lado, ao alcance da minha mão.

—Você está demorando demais com essa poção. —Afirmou, flutuando para perto de mim. Sai da poltrona e desviei dela no exato momento eu percebi que ela iria atravessar o meu corpo.

—Não faça isso de novo! —Sibilei, quase rosnando pra ela. —E eu já deu um jeito nessa parte. Só estou aguardando Sarah retornar com ela.

—Sarah... Sarah... Sarah... —Violet murmurou o nome várias vezes, jogando os cabelos para trás e me dando a visão daquela marca no pescoço. —Uma doce rosa vermelha que ficou exposta ao tempo, sendo obrigada a suportar os piores males.

Fiz uma careta ao ouvir aquilo, mas alguém bateu na porta e Violet desapareceu. Sarah entrou no segundo seguinte, como se soubesse que estávamos falando dela. Seus olhos pararam em mim quando ela entrou, erguendo o frasco com aquele líquido quando a porta se fechou atrás dela.

—Ele irá se apaixonar por você instantaneamente. Existe um antídoto, além do beijo do amor verdadeiro. —Ela caminhou até parar na minha frente, depositando o frasco nos meus dedos. —Mas duvido que aquele elfo ame alguém a esse ponto.

—Excelente trabalho, Sarah. —Segurei a mão dela, acariciando sua pele com o polegar quando ela sorriu pra mim. —Agora precisamos fazê-lo beber isso.



Continua...

O Trono da Rainha Where stories live. Discover now