Capítulo 57: Paredes de pedra.

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As coisas aconteceram rápido demais. Quando todos se deram conta de que a rainha estava morta, começaram a falar alto, enquanto o rei ainda gritava atrás de um médico, por mais que nada pudesse ser feito naquele momento. Olhei ao redor procurando por Seth, mas ele ainda não havia voltado. De longe vi Fitzy fazendo um sinal para mim, antes de indicar que iria atrás do irmão.

—Faça alguma coisa! —O rei gritou para o elfo que se aproximou, se ajoelhando ao lado da rainha e começando a examina-la. —Traga-a de volta agora mesmo!

—Vossa majestade... —O elfo engoliu em seco, com os dedos checando a garganta da rainha. —Eu lamento profundamente, mas a rainha já não está mais entre nós.

—Como? —O rei agarrou o casaco dele, enquanto os murmúrios ao nosso redor se tornavam mais altos. —Como isso foi acontecer? Ela estava bem. Ela estava muito mais do que bem!

Levei a mão até meu peito, sentindo meu coração bater completamente acelerado, enquanto o sangue latejava na minha cabeça e o ato de respirar se tornava difícil. Os guardas começaram a se aproximar, enquanto aquele elfo continuava a falar coisas ao rei e tentar achar uma explicação para isso.

Observei ele tocar o rosto imóvel da rainha, olhando para os olhos apagados e vazios dela, antes de olhar o chão ao redor e pegar aquela taça em pedaços, observando o pedaço que ainda estava inteira dela. Ele passou o dedo no fundo, antes de esfregar o dedo indicador e o polegar.

—Veneno. —Sussurrou, enquanto os convidados ao redor começavam a ficar desesperados com a possibilidade de terem sido envenenados também. O rei ficou vermelho, parecendo prestes a explodir.

—Onde está... —Ele ficou de pé, olhando ao redor. —Onde está o criado que nos serviu mais cedo? Quero ele aqui agora mesmo! —O rei exclamou, empurrando os elfos no caminho enquanto olhava ao redor. —Eu quero saber quem fez isso. Quero o culpado agora! —Observei todos trocarem olhares, enquanto os murmúrios não paravam. —Onde ele está?

Um criado foi empurrado para frente, enquanto os elfos abriam um circulo onde estava o rei e o corpo da rainha. O criado que havia trazido bebidas para nós estava tremendo enquanto segurava a bandeja, olhando para o rei visivelmente alarmado.

—Você nos serviu. —O rei se aproximou como um furacão dele. —Você trouxe aquela taça!

—Eu não tenho culpa. Eu... eu juro. —O criado gaguejou, se encolhendo consideravelmente quando o rei se colocou na frente dele. —Vossa majestade... eu só estava fazendo meu trabalho.

—A rainha foi a única envenenada. —O rei o agarrou, o puxando para perto do corpo imóvel da rainha. —Não pode ser só coincidência! Não pode! —O criado caiu na frente do corpo da rainha, derrubando a bandeja e todas as taças que carregava. —Fale a verdade. Você queria envenenar a mim? A nós dois?

—N... não. —O criado arquejou quando o rei segurou o braço dele com força. —Eu juro que não.

—Se não falar a verdade, você vai ser chicoteado amanhã ao nascer do sol. Vai ser chicoteado até morrer de tanto sangrar e de dor. —O rei exclamou, com o rosto colado no dele. —Fale a verdade. Fale a verdade agora mesmo!

—Foi ela. —O sangue se esvaiu do meu corpo quando o criado ergueu a mão muito lentamente e apontou pra mim. Todos olharam na minha direção, enquanto eu começava a balançar a cabeça negativamente e dava um passo para trás. —Ela me entregou o veneno e mandou que eu desse a vocês dois.

—É mentira. —Eu soltei uma respiração pesada. —Eu nunca vi esse criado antes. Eu jamais faria isso!

—Você... —O rei se virou pra mim, com um brilho crescendo nos olhos. —Eu deveria imaginar.

—Eu não fiz nada! —Sibilei as palavras, enquanto todos começavam a falar sobre a humana que havia mandado assassinar a rainha. —Por que eu faria isso? Por quê? Eu estava com vocês minutos atrás. Eu estava ao lado de vocês quando ele trouxe as bebidas.

—E você recusou. —O rei grunhiu, fazendo meus lábios se comprimirem ao ver o quanto ele estava se divertindo com aquilo. —Guardas!

—Você também recusou. Você pegou a taça e entregou a rainha! —Exclamei, apontando para o corpo dela, sentindo o desespero tomar conta de mim quando vi todos aqueles guardas. —Você tem mais motivos para quere-la morta do que eu!

—Prendam ela. —Mandou, com a sombra de um sorriso nos lábios quando os guardas agarraram meus braços.

—Não! —Eu fui puxada para trás, sentindo minha garganta arder quando gritei. —Você fez isso! Você a envenenou de propósito. —Eu me debati, tentando apontar na direção dele. —Você queria se livrar dela a muito tempo!

—Levem ela agora! —O rei gritou, apontando para a saída. —Joguem ela em uma cela.

—Você fez isso! —Gritei, sentindo meus braços arderem quando os guardas me seguraram com força e me arrastaram entre os convidados. —Você tinha uma amante. Você teve um filho com ela. Você queria se livrar da rainha a muito tempo.

Minhas palavras foram absorvidas por todos com arquejos de choque e sussurros sobre Zion e a mãe. Mas meus olhos pararam em Seth quando ele entrou no salão ao lado de Fizty, parecendo tentar entender o que estava acontecendo. Ele olhou na minha direção.

—Ei, o que estão fazendo com a minha esposa? —Exclamou, caminhando na minha direção. Mas ele parou quando seus olhos desviaram para o rei e para o corpo da rainha atrás dele. Seus lábios se entreabriram e ele ficou completamente imóvel ao olhar para aquela cena.

—Seth! —Gritei, tentando empurrar os guardas quando eles me tiraram do salão, me fazendo perdê-lo de vista. —Seth!

Eu fui arrastada pelos corredores, ainda gritando e ainda me debatendo. Quando eles me jogaram em uma cela úmida e nojenta, meus braços estavam doloridos e vermelhos, enquanto minha garganta ardia e meu coração doía de tão rápido que batia.

Quando ergui os olhos, encontrei apenas paredes de pedra, como aquelas que eu via todos os dias naquela torre no meio da floresta. E depois de semanas livre, eu estava sozinha de novo.



Continua...

O Trono da Rainha Where stories live. Discover now