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Você e Amelia se conheceram no hospital, ela era calma e alegre, e para você, naquele momento, foi de grande ajuda. Acontece que naquele dia você recebia o diagnóstico de sua bebê, depois de meses vendo-a sentir dor e não podendo fazer nada, finalmente tinha uma chance daquilo acabar.
Você já havia sido casada, mas depois de anos sofrendo em algo sem futuro, você foi corajosa e saiu junto com Molly, sua filha. O pai dela não era presente e pouco ligava para os problemas da criança, mas Amelia era diferente, ela segurou as mãos de Molly durante o tratamento e te abraçou quando você teve medo. Em pouco tempo Amelia virou muito mais que só a médica do hospital em que sua filha estava em tratamento. Amelia era a heroína de Molly e em algum momento virou a sua também.
Você fez amizade com todos os médicos dali, ia em jantares na casa de Meredith e as crianças ainda brincavam juntas, Zola sendo uma ótima companhia e amizade pra Molly. Mas nenhuma alegria é eterna, depois de um ano e meio sem dores, graças ao tratamento, Molly acordou gritando e chorando, você não estava em casa, pois estava num turno extra do trabalho, mas Amelia estava e a levou as pressas para o hospital.
Quando você chegou no hospital, sua vista estava turva, as lágrimas e o medo te cegavam de uma forma absurda e quando tentou correr para dentro, Alex e Owen te impediram.
── Sn, você não pode passar daqui e você sabe. ── o homem moreno te pediu, pena gritando nos olhos.
── ME SOLTEM, ME SOLTEM AGORA! ── você gritou em desespero, lágrimas e mais lágrimas surgindo.
── Sn, por favor, Alex tem razão, é melhor você se sentar. ── você olhou agora para o homem loiro e por mais que soubesse que ele tinha razão, você teve vontade de bater nos dois. Você lutou contra o aperto nos braços e quase conseguiu se livrar.
── EU DISSE PARA VOCÊS ME SOLTAREM, PORRA. ── gritou novamente antes de tentar empurra-los e apesar do seu desespero de mãe, que era enorme, eles ainda conseguiram te segurar.
── Por favor, Alex, é minha garotinha e ela está lá sozinha. Ela só tem 7 anos. ── pediu em desespero, suas pernas cedendo pelo cansaço, as pessoas com pena do seu desespero.
── Sn? ── você olhou para frente, uma Amelia igualmente cansada parando em sua frente, Owen e Alex soltaram seus braços, e um terço da raiva e do pânico que você sentiu, sumiu. ── Shiu, tá tudo bem, querida. ── ela te abraçou, te passando força e conforto, e você chorou nos braços dela.
── Eu preciso da Molly, Amy, preciso da minha menina. Ela é minha filha, não posso não fazer nada. ── Amelia entedia aquilo, ela também sentiu o mesmo quando perdeu seu menino, ela então resolveu fazer algo por você.
── Eu sei, amor, venha comigo. ── ela sorriu docilmente e se levantou puxando você junto com ela.
Vocês caminharam pelo corredor, logo entrando na galeria vazia da sala de cirurgia. Lá estava sua menina deitada na mesa, aberta e sem consciência. Sua respiração ficou pesada quando Meredith, que estava fazendo a cirurgia, com as luvas manchadas de sangue, te olhou e logo desviou o olhar para a mesa.
── O que aconteceu? ── você perguntou baixinho, o choro e desespero voltando a te consumir.
── Ela tinha coágulos e metástases nos pulmões, fígados e estômago, Sn. ── você a olhou e chorou mais, sua filha entrou ali para tratar um problema pulmonar e agora tinha câncer, você não entendia o porquê de tudo aquilo.
── Ninguém viu antes? ── seus olhos não saiam da mesa de cirurgia, mas você viu quando Amelia negou com a cabeça.
── Ela estava bem, Sn, um ano inteiro sem dor e sem sintoma algum e de repente... ── você a olhou e a interrompeu.
── Tudo desmorona. ── ela concordou, você percebeu que ela também tinha lágrimas nos olhos.
── Está tudo bem? ── ela perguntou, enquanto seu olhar corria até a porta da sala de cirurgia e via Arizona e Alex entrarem para também ajudarem, um alívio correu em suas veias, mas a ideia de não ver sua menina sorrindo novamente, te assustava.
── Não, não está, minha filha está morrendo. ── ela suspirou fundo e te abraçou apertado, você queria sumir naquele abraço, mas não dava.
── Você precisa de alguma coisa, querida? ── Amelia perguntou tentando ajudar, você respirou fundo e olhou para a mesa, onde todos os aparelhos apitavam freneticamente.
── Um milagre! ── seus ombros caíram cansados e agora você nem fazia força para se livrar das lágrimas.
Depois de três horas de cirurgia, você ouvia a frase mais dolorosa do mundo.
── Hora do óbito, 03:34 da madrugada!
Seu mundo caiu e você também, não se lembra o que aconteceu depois disso, porém lembra de cair desmaiada ali. Molly tinha morrido e você, de alguma forma, também.
Quando acordou Amelia estava lá segurando sua mão, o rosto dela estava vermelho e inchado, você sabia, era uma dor dela também.
── Nossa menina morreu! ── você sussurrou afirmando mais para si mesma, do que pra qualquer outra pessoa, não podia acreditar que era real, porém Amelia balançou a cabeça em sinal afirmativo e suas lágrimas rolaram novamente.
── Eu sinto muito, Sn, sinto muito mesmo. Eu, eu devia ter notado, eu sou médica, devia ter percebido alguma coisa. ── você a olhou e sentiu culpa, Amelia estava passando por aquilo pela segunda vez e você se sentiu culpada por ter a posto nisso.
── Desculpa ter aparecido aqui e ter te posto nisso tudo. ── ela sorriu de lado e se levantou, colando sua testa na dela.
── Não peça desculpas por terem transformado minha vida em pura alegria, eu estou aqui, amor, e vou ficar até o fim. ── você sorriu levemente, olhos fechados e lágrimas descendo livremente deles.
── Obrigada por não me deixar sozinha, eu te amo, querida. ── ela sorriu e te beijou com carinho.
── Eu te amo também, amor, e sempre estarei aqui. ── você concordou e selou seus lábios.
Você não sabia como iria seguir sem Molly e nem como iria conseguir fazer isso, mas sabia que Amelia estaria lá, iluminando você e seus passos.
Talvez Deus tivesse a mandado para lhe ensinar, para te confortar e para te mostrar o que é o amor novamente. Infelizmente Molly havia partido e levado o melhor de você, no entanto você sabia, sabia que onde quer que ela estivesse, ela sempre seria a luz que iluminaria vocês.
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Tati | eu simplesmente choro toda vez que leio esse.
