⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ⸺ ۫ ࣪ ᥫ᭡ All too well
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Não é engraçada a forma como nos colocamos em situações que juramos para os outros que nunca iremos nos submeter? E não é engraçada a forma como damos liberdade para alguém ter o poder de nos destruir? É mesmo engraçado.
Mesmo depois de tantos anos ainda se lembrar exatamente de como tudo aconteceu é relativamente exaustivo, porque mesmo que eu tente em milhões de anos esquecer de como você me quebrou, de como me tratou como um segredo, enquanto eu lhe tratei como uma promessa, eu nunca conseguiria. Você sabe o que dizem sobre promessas, elas realmente são afiadas.
Lembro-me de quando passei pela porta junto com você, o ar estava gelado, mas algo ali me fez sentir em casa de alguma forma e eu deixei o meu cachecol na casa da sua irmã e você ainda o tem na sua gaveta até hoje. Oh, sua doce disposição e o meu olhar arregalado, cantávamos no carro, perdidos pelo norte do estado e as folhas de outono caiam como peças em seus devidos lugares e consigo lembrar dessa cena mesmo depois de todos esses anos, sei que isso foi há muito tempo e que aquela magia já não está mais aqui.
── Se você pudesse voltar no tempo… ── parou, me olhou, suspirou, tentou encontrar boas palavras, pelo menos palavras que não me ferissem ainda mais. ── Você não teria feito o mesmo que eu?
Suspirei em resposta, eu teria feito o mesmo que ele? Me virei para frente, não o encarei, mas me questionei sobre aquilo e me pareceu estranho pensar que sim, eu teria feito o mesmo que ele se naquela época eu fosse minimamente corajosa também.
Porque lá estávamos nós outra vez, na rua daquela cidadezinha, você quase ultrapassou o sinal vermelho porque estava olhando pra mim. Vento no meu cabelo, eu estava lá, eu me lembro disso tudo muito bem.
Havia álbuns de fotos no balcão, suas bochechas estavam ficando vermelhas e você era uma criança pequena de óculos em uma cama de solteiro, a sua mãe estava me contando histórias sobre você na liga infantil de baseball.
── Você me contou sobre o seu passado pensando que eu era o seu futuro. ── murmurei e o olhei de soslaio.
Jake não estava tão diferente quanto pensei, no entanto eu aposto que enquanto me olha vê que estou absurdamente diferente, que a inocência que havia em mim morrerá enquanto eu o esperava e assoprava as velas do meu bolo de 21 anos.
── Pensei que seria.
O homem falou e olhou para frente também, estávamos em um banco de madeira em minha fazenda, havia cavalos andando pelos cantos, uns tomando o sol quente daquela manhã de sábado e outros apenas comendo um pouco mais de feno. Havia aceitado conversar com ele, estava disposta a colocar um ponto final naquele relacionamento que um dia me fez bem, depois mal e agora me ajudou a crescer.
