Capítulo VII

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P.O.V. Namor

A verdade é simples e dedutiva. Eu estava encantado por Camila. Interessantemente, seu poder era apenas um dos seus traços mais curiosos, os quais eu queria delinear, compreender camada por camada, como e por que estas se formaram. Precisava entendê-la.

Antes de ir, de manhã, para a praia, supus que chamar sua atenção seria algo mais complicado, além disso, era necessário fazer com que ficasse calma. A concha de minha mãe era simplesmente perfeita para o trabalho, até porque era a canção desta que sempre me acalmava. Camila, apesar de ter demonstrado um certo susto na noite passada, tinha outra coisa nos olhos, uma fuga, um calor de alguém que não quer ser encontrado ou incomodado. Mas, pois bem, eu queria saber mais. Logo, a sonoridade simples e acolhedora do objeto faria parte do trabalho por mim.

Pode, também, estar achando, caro leitor, que fui somente para esclarecer ideias sobre a nova moradora da praia, como se haver alguém com poder tão extraordinário, pelo menos às vistas de alguém quem mora no mar toda a vida, pudesse ser um risco à Talokan. Porém, pela primeira vez em anos, não era exatamente meu povo o qual estava em prioridade. Minha curiosidade e interesse na criatura da superfície era tão genuína quanto o amor que nutro por Talokan. E, este específico ponto estava me deixando intrigado, questionando o que poderia ocorrer em seguida.

Quando ela passou a deduzir o meu nome, apesar de errar a língua que falo, até porque não poderia saber por se tratar de uma tecnicamente morta para os humanos, demonstrou uma confiança no que dizia deveras notável. Gostava e apreciava o que dizia, um humano que valoriza o conhecimento, inegavelmente, algo que não via há anos.

Seu acordo pareceu-me aceitável, por assim dizer. Responderia às suas perguntas sobre eu ser "sereio" ou não, como imaginava que ela questionaria. E, desta forma, poderia eu entender como ela conseguira me queimar, me machucar. Apesar de, sinceramente, não saber mais se aquele calor na minha mão esquerda era realmente da queimadura ou até mesmo de seu pulso fino, o qual eu confesso ter acariciado minutos antes.

O Mar de Talokan // MarvelWhere stories live. Discover now