Capítulo XLII

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Narradora On

Eis que, por fato e consciência, toda história ruma para seu fim. Seja este trágico ou feliz, pode ser, por uma definição de palavras, um ponto final no pequeno escrito o qual se apresentou durante seu percurso. E, assim, como as reticências no receio de que algo inesperado -ou até mesmo esperado, mas não aceito- poderia acontecer, as marcas de pé na areia molhada da isolada praia na qual se passa nossa história estavam firmes.

Sua dona? Uma mulher de estatura média, olhos levemente delineados, pele azulada. Seu rosto demonstrava fúria, havia sido clara à excelentíssima humana em relação aos perigos os quais poderia a mesma trazer ao seu primo. Contudo, para seu interno desgosto, o sorriso de Namor ao chegar naquela tarde era simplesmente transparente, entregava-se por si mesmo. Ela estava pronta para matá-la e acabar com os delírios de seu primo de uma vez.

Foi quando, naquela noite estrelada, por de trás da penumbra sombria das infinitas palmeiras, um homem apareceu. Ou melhor, o homem de um olho só.

- Não ouse chegar perto desta casa.- disse Nick, acompanhado de uma voz potente.

Namora, por um instante, encarou o homem, parando o seu ritmo, antes constante, até a cabana.

- Por que faria isso?- seu sotaque soava de forma mais pesada.

- Sabe que não é páreo a ela.- a certeza do homem incomodava Namora, contudo, a deixou interessada no que aquele ser poderia vir a dizer.

- Como tem tanta certeza disso?- sua sobrancelha levantava, o encarando nitidamente.

- Vi você entrar pela primeira vez. E, apesar de aparentemente ilesa, Camila está perfeita.

- Ainda não vejo motivos para parar.- falou, desenrolando a conversa.

- Veja bem, não tenho a mínima ideia do que você e aquele idiota pretendem fazer com ela, mas garanto que não irá acontecer.

Por um instante, a mulher de linda pele azulada passou a analisar Nick. Este, com uma expressão quase robótica, estava determinado, lúcido, sendo preciso em cada uma de suas palavras, como se realmente acreditasse que fosse Namor o ser perigoso em questão. Algo, certamente, configurado no oposto do que Namora pensava.

- Nós? É esta humana insignificante que entrou no caminho de meu primo. Está o fazendo perder a cabeça com bobagens antropofágicas. Porém, acredite se quiser, ser terreno, eu sei muito bem do que vocês, humanos, são capazes. Destroem tudo por onde passam. E esta humana não seria diferente, apesar de assim pensar meu primo. Ela mal sabe o poder o qual carrega, não tem noção do que causa. É perigosa, e ficará cada vez mais.

Nick, em sua vez, agora, era quem estava se surpreendendo. Assim como ele, aquela mulher demonstrava uma força espiral, respirando calmamente a cada segundo, porém deixando claro sua posição euforicamente contra àquilo que estava acontecendo.

- Nisso posso concordar. Camila é perigosa.- disse, ansioso pela resposta.

- O que quer dizer? Realmente concorda?- neste momento, ambas as sobrancelhas de Namora se erguiam.

- Obviamente. Camila, digamos, ainda é nova demais para entender o quão poderosa é e pode vir a ser. Seu primo, pelo menos antes achava eu, poderia estar manipulando-a. Precisava me certificar deste terreno. Contudo, percebo que não é bem assim...- deu uma breve pausa- Sabe, poderíamos tirar certo proveito disso.

- Como assim?

- Podemos dizer que meu interesse não está focado em vocês, se assim não me atrapalharem. O que vim fazer, sendo sincero, está totalmente voltado a minha sobrinha.- falou, dando ênfase ao parentesco, sabendo que se configuraria no sentimento familiar da mulher pelo seu suposto primo.

- Sobrinha?

- Sim. Meu único objetivo é trabalhar com essa parte perigosa a qual ela vai vir a demonstrar. Digamos que seja benéfico tanto para mim quanto para ela. E sei que irá ceder.

- Como pode ter tanta certeza?

- Ela irá ceder, porque tem medo. O medo pode ser uma arma bem eficaz. Além disso, é para o bem dela.

- Não tenho tanta certeza se posso confiar em suas palavras.- falou Namora, ilustrando sua velha desconfiança.- E se, na verdade, ambos possuem interesse em consideração ao meu povo?

- Você não está analisando a situação de forma correta.- Fury aproximou-se, aos passos leves, em direção à mulher- Não tenho o menor interesse em seu povo, sequer sei algo sobre vocês. E meu trabalho não confunde aniquilar ameaças com destruir aquelas que nem ao menos existem. Percebo seu rancor, pela voz, em função à minha espécie, logo, acabar com essa relaçãozinha é exatamente o que pode amenizar as águas. Meu único, e somente este, interesse é Camila.

Namora encarava Fury de forma letal, acompanhando cada trecho de seu rosto, em busca de alguma falha, um deslize. Mas nada. Nenhum sequer. O homem parecia uma estátua de vibranium. A luz da Lua refletindo sua pele negra, dando-lhe mais vida e autenticidade. Ele não está mentindo.

Não irei matar sua sobrinha.- disse, rebobinando o olhar para o único olho do homem- Tão quanto não confiarei sempre no senhor. Não a matarei, pois sei das consequências para mim em relação a tal ato. Mas quero ações efetivas, não a aceito mais perto de meu primo.

- Ótimo, então. Espere dois dias, no máximo, farei algo sobre isso. Se nada acontecer, recorra a mim.

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Nota da autora: Boa madrugada para todosss :)

O Mar de Talokan // MarvelDonde viven las historias. Descúbrelo ahora