Capítulo XXVII

447 57 5
                                    

Depois de uma couve, alguns pimentões e três maravilhosas garrafas de vinho compradas- e talvez uma vodca que devia ter caído sem querer na minha sacola-, segui para o carro. O céu, agora, estava começando a se fechar, já era por volta das duas da tarde. Sim, passei um bom tempo apenas fazendo compras, não me culpe, caro leitor, eu adoro fazer isso, por mais que estejamos falando sobre simples vegetais.

Mas, voltando ao assunto em pauta, parecia que uma chuva estava por vir. Ótima em se conter, Camila, parabéns. Este fator, reconheço, estava sendo certo incômodo para mim, isso porque eu sabia a origem daquilo, o que, nada mais era, meus nervos ficando aos poucos histéricos pela presença da ruiva. Não sei se posso me referir como medo, porém, certamente, o fato de possuir a Shield me espionando não era algo muito tranquilizador. Acredite, quando se fala desta tão querida agência, a mesma pode ser um devido importuno na vida de alguém, principalmente se um dos comandantes é seu próprio tio.

Não digo que Fury é desequilibrado por mero respeito à sua incrível capacidade de esconder tudo de todo mundo. Ele é mestre nisso, sabe construir uma narrativa totalmente absurda e irreal, mas de certa forma concebível, somente para conseguir o que deseja. E, por isso, não possuo essa linda conexão emocional familiar a qual é tão admirada na sociedade. Nick Fury é um homem de segredos, perito nas artes de enganar e iludir as pessoas apenas em benefício próprio. Quem sabe ele seja, na verdade, o presidente e não me contou? Um exagero, tenho consciência, mas não conheço este homem, e provavelmente, por este motivo sempre tive o pé atrás em relação a ele, como assim fui ensinada. Nunca havia entrado, de verdade, neste mundo espião, contudo, algo é certo, eu seria ótima se estivesse nele.

Ao entrar no carro, vi, sem preocupação, a ruiva sentada já no banco da frente, incrível a falta de noção deles.

Invade carros agora, ruiva?- disse eu num tom irritado, olhando para ela e colocando o cinto.

- Não parece estar surpresa. Aliás, é Natasha Romanoff.

- Russa, é? Não sabia que havia descendentes dos Romanov por aí, espionando gente.

- Você gosta de brincar, não é?- apertou os olhos para mim, com certa ameaça.

- Que isso, só não curto quem fica me espionando no meio do nada. Sabe, não é muito saudável fazer isso, devia ler um artigo sobre doenças mentais em paparazzis.

- Hm... Desculpa interromper o momento tão bonito com o homem do mar, é meu trabalho.- falou calmamente, ainda ressaltando seu sotaque.

- Ok, vamos ser ágeis, beleza? O que sabe de mim?- comecei a dirigir, tentando me concentrar na estrada.

- Muito bem, Camila. Vim há uns dias atrás, por algum motivo, um temporal deveras estranho tinha acontecido na costa. Coisa não comum, sabe?- usou certa ironia- Desde então, venho acompanhando você e seu namorado de orelhas pontudas e asas nos pés. Muito fofos, inclusive.

- E o que Fury acha disso?

- Não é assim que as coisas funcionam, gata. Uma informação em troca da outra. Como sabe sobre a Shield? - pude senti-la me encarando.

- Seu chefe é meu tio.- falei sem pestanejar, queria impactar Natasha de uma vez, assim, deixando seu pensamento meio desnorteado.

- Não me diga.- disse, meio negacionista.

- Pois é, acredita que aquele homem de um olho só tem família? De qualquer forma, conheço ele tanto quanto você, ruiva. Ou seja, nada.- suspirei para continuar- Olha, não acha muita coincidência ser justamente a sobrinha dele neste caso? Sabe, Nick não faz nada em vão.

- Quer dizer que ele já sabia sobre você? Como pode ter tanta certeza?- me olhou interessada.

- Obviamente.- dei uma pausa- Quer saber, faremos o seguinte. Se eu te apagar, Nick vai saber que tenho consciência que ele está me vigiando. Logo, virá atrás de mim.

- E se não fizer isso? Vai fugir?- me interrompeu, curiosa.

- Sabe muito bem que ele me encontra. Tenho a impressão que meu pequeno surto foi apenas a desculpa perfeita para ele ter alguém em campo. Não é de hoje que está de olho em mim.

- E não pretende fazer nada?

- Não exatamente, pretendo enrolar sua missão, o máximo que der. Pelo menos, até eu ter controle disso.- olhei para minhas mãos, em seguida, encarando Natasha de maneira sincera. Eu realmente não sabia muito o que fazer, ele iria me seguir.

Como sabe que não vou te dedurar?

- Simplesmente não sei. Peço apenas que deixe Namor fora disso. Só isso, beleza?- ela assentiu para mim, poderia eu sentir que estava criando certo atrativo para a agente. Talvez ela não conte. Espero que ela não conte.

.

.

Nota da autora: obrigada pelos votos e comentários, me deixam muitoo feliz :) 

O Mar de Talokan // MarvelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora