Capítulo XLVIII

273 28 5
                                    

Num futuro próximo...

- Acho que nunca amei alguém antes dele.

- Primeiro amor?- disse o loiro, enquanto enfaixava as mãos para continuar numa incessante luta com o saco de areia.

- Sim. Primeiro e único.

- Sei como é.

- Hm...- olhei diretamente para seus olhos azuis- Como se chamava a sortuda?

- Carter. Peggy Carter.

Lá estava eu, sentada na areia, ainda molhada pela leve chuva, olhando fielmente para o horizonte. Seria lindo se não fosse trágico. Os tons de laranja levemente definhando-se à medida que a noite se dava o direito de vir com sua solitude serena. O Sol já havia desaparecido e, assim como meu coração, tudo parecia mais frio e silencioso demais para ser real.

Por favor, caro leitor, não me entenda como alguém deveras emotiva, apesar de que tenha total consciência de que realmente sou, mas, entenda, Namor foi meu primeiro amor. O primeiro com quem me senti intrínseca e unicamente especial.

O calor de seu corpo se fazia casa, seu sorriso irônico como um doce carinho acolhedor, seu olhar era conforto. Nunca tinha sentido antes, presenciado tal coisa. E, por mais que tivesse viajado mil mundos dos livros aos filmes, era a primeira vez que realmente compreendia. Compreendia, finalmente, todos eles.

Ainda perdida em meus pensamentos, senti um doce calor em meio ao leve vento o qual a noite trouxera. Ele se sentou ao meu lado, um delicado beijo deixado em minha clavícula. Respirei fundo. Os olhos já queimando ao tentar, profundamente, não chorar.

- Pequena, como está?- o sotaque marcando meu nome de maneira tão acentuada que chegava a ser música aos ouvidos.

- Estou bem, e você?- encostei o rosto aos joelhos encolhidos, sorrindo de lado para ele.

- Melhor agora.- disse, examinando rapidamente meu rosto- Aconteceu algo?

- Ah...- inspirei profundamente, era melhor acabar com isso logo- Tive uma visita hoje. Alguém, digamos, da família. Não o via há muito tempo.- suspirei para continuar, enquanto ele me fitava, passando seus dedos sobre meus cabelos de forma leve e carinhosa- Ele precisa de mim, eu preciso ir.

- Como?- parecia incrédulo- Desculpa, mas pensava que...

- Pensava que não tinha uma boa relação com minha família, certo?

- Parecia meio óbvio. Quero dizer, pequena, você literalmente se perdeu no mar por dois dias, e ninguém veio atrás. Não estou acostumado com a cultura humana, mas penso que não seja respeitosa tal desconsideração.- olhou-me com certo medo de que tivesse magoado pela sua honestidade, apesar de ser totalmente verdade.

- Você tem um ponto, sereio. Mas, talvez, essa vez eu não tenha muita escolha...

- O que quer dizer?

- Que tenho que ir, Namor, preciso ir. Amanhã cedo.- minha voz soou ríspida.

- Não esta parte. Isso entendi muito bem. Porém, por que você não teria escolha?

- Me expressei mal.- falei, fitando o chão.

- Não está me contando alguma coisa.

- Namor, por favor...- levantei-me rapidamente, assim ele também o fez, segurando minha mão.

- Pequena, por favor, seja sincera comigo.- seu olhar era pesado e dolorido, como se algo estivesse quebrando. Ele merece saber.

Estou fazendo isso por você. Acredite.- meus olhos passaram a lacrimejar, ainda queimando de dentro para fora- Está fora de meu próprio controle, você sabendo ou deixando de saber...

- Saber o que?

- Namor, meu amor.- segurei seu rosto de maneira leve, massageando sua bochecha- Isso aqui não está certo, você sempre esteve certo. Pessoas são más. Elas destroem tudo por poder. O que acontece entre nós está acabado, destinado a isso. E, por mais que você fizesse algo, nada mudaria. É melhor assim.

- Mas...- passou a segurar mais forte meu pulso, olhando aleatoriamente para os lados, como se estivesse procurando por uma resposta- Foi Namora, não foi? O que ela fez?- aumentou o tom da voz, em seguida, por eu não responder- O que ela fez?

- Ela...- suspirei, olhando para os lados- Ela fez um acordo com uma pessoa, uma pessoa que, em especial, foi muito mais perspicaz que ela.- percebi seu olhar furioso, imediatamente continuando- Não há nada que você possa fazer quanto a isso. Vá até essa pessoa, e estará acabado. Não vá até ela, mas continue comigo, também estará. Sereio, não há o que fazer.

- Mas...

- Não. É minha decisão. E não seria egoísta o bastante de por seu povo, você em perigo.- passei os dedos delicadamente em sua face, enquanto uma lágrima caía, fitando-o com certa ternura.

Beijei-o suavemente, memorizando aquele momento em seus mínimos detalhes. Encarei seus doces olhos tão obscuros como aquela noite quando nos conhecemos. Bem que desejaria voltar para aquele momento. "Ainda não sei se posso confiar em você./ Agora pode".

P.O.V Namor

E assim, Camila soltou minha mão. Virou-se e seguiu seu caminho. Meu coração doía, estava num vazio o qual nunca antes tinha sentido. Uma sensação de que algo havia sido perdido, e que, por certo, não cedo voltaria. Ouvi os trovões vindo, de repente, aos céus.

Pequena, você desenhou estrelas em minhas cicatrizes e, naquele momento, nada mais fazia sentido.

.

.

O Mar de Talokan // MarvelWhere stories live. Discover now