O Mar de Talokan // Marvel

Capítulo XLI

Narradora On

Do fundo de um mar desconhecido, onde as águas perdiam-se em seu próprio e eterno rumo, um ilustre povo se ascendia. Capazes de realizar as mais de mil maravilhas, com suas mentes mirabolantes e sua incrível arte do viver. Dizem por aí que eram lindos seres, adotados de coloridas cores, com as quais faziam do amanhecer ao anoitecer sua festa.

Descendentes da antiga e bonita Iara, a grande mãe das águas, cansaram-se das monotonias do doce dos rios e então, seguiram um rumo desconhecido.

Desde aquele fatídico dia, poucas são as notícias dos filhos de, agora, água salgada. Uns dizem que, um dia ou outro, um ser de orelhas pontudas volta às praias para lembrar de sua antiga terra. Outros afirmam, com toda a certeza do coração, que já tiveram em vista os descendentes do rio do Norte, mas, agora, estavam diferentes. Em vez da encantada e ilustre pele morena, estes apresentavam um azul escasso, o qual apenas os disfarçava nas marés da noite.

Um ano antes. 2011.

-Está obcecado.- disse Hill, olhando com certa angústia para o homem de um olho só, este sentado à sua mesa do escritório.

- Hill, veja bem, preciso fazer com que minha teoria esteja correta. São anos e anos apenas relutando e guardando minha ansiedade. Uma hora, ela irá ceder.- falou, olhando para os relatórios em seu computador.

- Já parou para pensar que, na verdade, sua cara sobrinha é somente uma jovem reclusa e sozinha e, infelizmente para você e felizmente para ela, não quer manter contato com o tio?- os olhos da agente soavam julgadores e, de certa maneira, desesperados. Ela estava cansada

- Ela não entende o potencial que tem. E, tendo minha teoria correta, ela pode ser muito mais do que possamos imaginar. Talvez até mesmo uma vingadora. -Nick finalmente encarou sua agente mais fiel, apesar de já estar esperando sua discordância- Sei do que estou falando, ainda mais com o aparecimento do Thor. Caramba, Hill, quem imaginaria que deuses nórdicos existem? Se esses existem, com seus poderes pomposos e brilhantes capas, nada impede que tenhamos isso aqui mesmo.

- E então, você decidiu que sua sobrinha é um ser mítico? Ouça você mesmo, Nick. Está enlouquecendo.- a morena se senta, respirando fundo. Aquela mesma conversa se repetia anos e anos.

- Sei do que estou falando. Camila é excepcional em diversas áreas, isso é fato. Mas imagine as maravilhas que ela pode fazer com seu poder.- a voz do homem de um olho só chegava a saltar em suas aspirações.

- Se é que ela tem.

- Sei o que eu vi, Hill. Pode ter sido anos atrás, mas, convenhamos, ela é minha família. E reconheço muito bem o que eu faço parte.

- Não acho que ela te veja da mesma forma.

- Hm...- suspirou com um meio sorriso de lado- Também não acho. Mas não é isso que vai me parar...- agora, o vislumbre de felicidade passava pelo rosto do homem.

- O que você descobriu?- disse Hill, com certo temor na voz, adivinhando que Fury poderia ter algo novo em mãos.

- Sei exatamente onde Camila pode despertar esses poderes.

Hill, então, rapidamente levantou-se, curiosa. Indo em direção à Fury, começou a ler o texto presente no computador.

- Agora deu em acreditar em lendas antigas e fantasiosas?

- Mais ou menos. Não acredito exatamente nelas, mas sim no poder que carregam. As águas deste trecho do Rio Grande do Norte são particularmente especiais por sua transparência inocente e tranquila, fora do alcance de qualquer um, assim como deseja a minha "reclusa e sozinha" sobrinha. E, de quebra, algo tão poético, não acha?

- Ela não é uma Iara, Nick.

- Mas, confesse, haveria uma doce ironia do destino se assim ela fosse.

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