Capítulo X

660 83 12
                                    


Estávamos nos encarando, e, para ser sincera com meus caros leitores, eu não queria que parasse. Isso porque, se assim posso dizer, o olhar de Namor era diferente. Pura intensidade, calmaria, certeza. Ele transmitia uma segurança inigualável, algo que eu nunca realmente havia presenciado. 

Suas mãos firmes em mim ainda provocavam uma sensação de formigamento, mas não necessariamente incômoda. Era bom. Quer dizer, não. Meu Deus, devo estar parecendo ridícula.

- Quer dizer que acha que pareço minimamente decente? - disse Namor, delineando cada palavra, numa intensa provocação, como se soubesse o que estava passando pela minha cabeça.

- É... Você apenas não é um sereio  tão ruim assim. Isso que quis dizer. É... Isso, isso.- Agora inventei de imitar o Chaves, você é patética, Camila.

-Não sou sereio.

- Pois bem, eu acho que é.

- Não tenho cauda.

- Talvez você seja tipo o boto cor de rosa, então.

- Como? - sua expressão mudou de intenso para dúvida. Ufa, agora consigo lidar de forma aceitável esse homem.

- O boto, sabe? É uma lenda. Tipo, ele é um boto e se transforma em homem para pegar...

- Pegar...

-  Quer saber, não importa muito não. Me leve para baixo.- Dei pequenos tapinhas em seu peitoral, pegando-o olhando com certa lucidez para mim- Opa, não gosta de toque, né? Desculpa.

- Não, não é isso.

- Não, tudo bem, Namor. Só me leve para baixo, tá?

-Tá, tudo bem.- assentiu ele, porém parecia querer dizer mais alguma coisa.

Desta vez, o voo foi mais, digamos, tranquilo, mas em quesito totalmente de intensidade física. Porque a tensão estava meio, como posso explicar, intensa? Não sei. Fique com sua interpretação.

Ao aterrisarmos na areia, peguei minha saída de praia e comecei andar para a cabana. Namor foi acompanhando.

- Ei, ainda não acabou.

- O quê? - parei, o olhando.

- Você não me mostrou tudo.

- Achou, realmente, que te entregaria de bandeja todas minhas habilidades que, há anos, nunca nem um ser descobriu? Não é porque o senhor é um sereio boto que vai ser diferente.

- Ou, talvez, queira fazer com que dure, cada vez mais, nossa conversa. Quer passar mais tempo  comigo, Camila?- falou, de forma simples, mas certeira, provocando até demais. Droga.

- Se acha demais, não é? Não, não é por isso. Só acho que mereça ficar definhando de curiosidade ao meu respeito. E sei que está.- olhei o fundo de seus olhos, tentando mostrar que não estava completamente desmontada de nervoso e anseio. - Boa tarde, sereio. Te vejo amanhã. - saí a sua frente, o mais rápido possível que ainda se adequasse no quesito andar.

- Sabe muito bem que não sou sereio.- gritou.

-Sei? Opa, devo ter esquecido. Talvez lembre amanhã.

Devia tê-lo ouvido rindo, mas não olhei para trás. Precisava, sim, de uma boa ducha, e assistir a um filme. Que tal "O reino perdido de Atlântida"?

.
.
Nota da autora: estou em plena raiva por aquele juiz.

O Mar de Talokan // MarvelWhere stories live. Discover now