Capítulo XXXIII

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P.O.V Namor

Descrever o amor sempre foi uma tarefa complicada para mim. Assim como as ondas são incertas quanto às suas formas e tamanhos, tal sentimentalismo tinha estado, por toda minha vida, num canto obscuro e mais quieto do meu coração. Não havia sentido, possibilidade ou chance em refletir em algo tão supérfluo, pelo menos era desta maneira que eu pensava.

Contudo, à medida que me encontrava no castanho de seus olhos, no seu sorriso sincero e encantador, eu percebia o quanto essa sensação pode ser profunda, acompanhada por um aquecimento interno à alma, de maneira inexplicável.

Em Camila, eu enxergava, pela primeira vez em muito tempo, um conforto para ser além do designado a proteger todo um povo, enxergava uma normalidade honesta à simplicidade da vida. Como as estrelas que minha mãe tanto adorava no mundo humano, minha pequena me fazia observar uma simpleza gostosa e sincera no ato de somente respirar. E sim, apesar de haver certa banalidade nisso, posso lhe afirmar, ela se fazia a estrela mais brilhante a qual eu já havia visto na superfície.

P.O.V Camila

Ao finalizarmos o beijo, algo estava em pleno aquecimento dentro de mim. Um calor, uma necessidade de, cada vez mais, sentir Namor. Afirmo, com certeza, que esta demanda nunca havia se configurado tão pura e verdadeira antes. Era uma onda pela qual eu precisava ser inundada, sentindo sua intensidade aos mínimos detalhes.

Assim, encarando seus olhos, ainda iluminados pela lua cheia vigente, era perceptível o quanto aquele sentimento era mútuo, autêntico. Em um instante, pois então, o beijei novamente, porém, desta vez, de maneira quente e desesperada, provando cada um de seus gostos. Seus lábios eram macios e convidativos, mas, ao mesmo tempo, devoravam os meus de maneira inquieta. Com suas mãos grandes e firmes, minha cintura era agarrada, causando os mais diferentes tipos de calafrios que poderiam ser sentidos. Eram borboletas salteando em fogo e desejo, proporcionando algo especial, verdadeiro e único.

Aos poucos, fomos apenas seguindo à minha casa, sem parar o momento, e somente aprofundando os atos. Com a porta aberta, Namor, com cuidado, me pressionou contra a bancada da cozinha, passando a beijar meu pescoço. Agarrando seus pequenos cabelos negros, eu sentia suas marcas molhadas, rastreando e saboreando cada parte que ainda poderia ser experimentada. Ele me provava não apenas com um desejo físico, por assim dizer. Era algo a mais, havia carinho ali. Uma excitação muito além do carnal, era uma paixão ardente, segura de si e de como era real.

Era possível, já neste momento, sentir certo volume ali presente, o que me deixara ainda mais ansiosa em tocá-lo. Assim, puxei sua boca de volta à minha, antes olhando brevemente seus olhos negros e profundos, os quais se encontravam perdidos numa imensidão de desejo, e, apenas talvez, amor. Com seus lábios inchados e avermelhados unidos aos meus, fui o guiando para o sofá, aonde o empurrei, e de forma instantânea e natural, subindo ao seu colo.

Porém, infelizmente para aqueles que ansiavam presenciar este momento, de repente, ouvimos um barulho estranho, como se algo ou alguém estivesse fora de seu ambiente. De súbito, me lembrei de Natasha. Merda. Saí do colo de Namor, estendendo a mão para que ele se levantasse.

- Mas o que...- disse, ficando em pé, olhando para mim, confuso.

- É... Desculpa, eu... eu- estava gaguejando- tô cansada. Isso, cansada.- que mentira furada, sua idiota- Quero dizer, não sei se estou pronta ainda.- mentira.

Sim, claro.- falou, tentando se convencer. Ele parecia, de certo, meio desconcertado, não entendendo muito bem o que eu dizia- Não precisa se desculpar, pequena. Precisa dormir mesmo, e eu... eu...Voltar.- disse com um desânimo na voz, me encarando de maneira intensa.


Tentando, com muita determinação, me conter, fui guiando Namor de volta para a porta. E, com um aperto no corpo, depositei um beijo em sua bochecha, como forma de desculpa. Contudo, era possível deduzir nos seus olhos que sabia que algo de errado estava acontecendo, só não poderia ter ideia do que era.

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O Mar de Talokan // MarvelWhere stories live. Discover now