Capítulo XXXVI

370 40 3
                                    

Narradora On

Voltemos para antes dos últimos acontecimentos, por mais que incomode, caro leitor, é necessário. Entre unhas e dentes, a espiã russa se encontrava num dilema interessante e, talvez, intrigante. Ajudar a jovem estava, em parte, de certo em sua mente. Contudo, sabia que Fury poderia ser uma caixa de segredos, com mil labirintos, trancada a sete chaves. Se realmente aquela mulher fosse sua sobrinha, a missão se configurava em algo muito mais sério, cuidadoso.

.

.

Ainda naquela tarde...

Natasha, o que diabos está escutando?- disse Fury, ao telefone.

- Uma música, ué.- falou, sem prestar muita atenção, mas, ao mesmo tempo, tentando desviar de assunto e desligando o som.

- Sim...Como está a garota?- como se ele não soubesse quem é.

Ah...- ela suspirou- Nada de novo, está ainda meio confusa com os poderes, ou sei lá o que tem.

- Acha que é um risco?

- De que tipo? Como o grandão? Ou talvez uma coisa mais voltada para o soldado congelado?- riu de lado, visando realmente distrair Nick.

- Grandão, com certeza. Já voltou a vigiar, certo?

- Tava numa pausa, acho que mereço, Nick. Até porque daqui a pouco é noite, não estou a fim de ouvir ninguém transando.

- Hm...- bufou, como se estivesse incomodado com a fala da agente, o que Natasha, institivamente, reparou- Quase me esqueci do tal homem da água. Uma ameaça?

- Fora saber voar e sair da água, não vejo nada além de um bobo apaixonado.

- Mantenha contato.

- Claro.- falou, finalmente desligando a ligação e pensando ter desviado as atenções de Fury.

Contudo, o que não esperava, era que o homem de um olho só poderia ser bem mais perspicaz do que se imagina. Uma rede de mentiras, fissuradas e moldadas em segredos e verdades desinteressantes, sua maior arma sempre se fez em sua própria palavra. E, apesar de excepcional, Natasha não possuía consciência de toda essa teia, o que dava, de certa maneira, uma vantagem a Fury.

.

.

- Natasha está mentindo.- disse ele, assim que percebeu Hill adentrando sua sala.

- Como?- falou, se sentando à frente do homem, pronta para mostrar algo em seu tablet.

- Está. Liguei umas horas atrás, ela estava escutando uma música, mas logo desligou.- suspirou por um momento, voltando com sua exímia e marcante voz- Camila já escutou aquela música antes, ano passado.- pensou alto.

- Ou, talvez, seja só mais uma música que eles escutem lá.- disse, se apressando, como se quisesse contar algo.

- Não, não... Algo me diz que Natasha já sabe.- juntou as mãos, buscando um ponto em seu questionamento.

- Nick, não. Deve pensar em outras coisas. Uma música qualquer, é só isso. Fora que tenho algo mais concreto.- disse, estendendo o aparelho para a mão do homem.

No vídeo, uma filmagem. Ou melhor, uma gravação. Uma mulher com tons azuis como o início da noite entrando na casa, carregando uma lança. Sem perceber, Namora havia acabado com a pequena, mas ainda existente, chance de Camila estar, por um pouco mais de tempo, às escondidas de seu tio. O que, de certa forma, culminaria exatamente no que a prima de Namor poderia desejar.

- Pelos trajes, parece mexicana. Mas, quanto à pele, ainda não tenho ideia do que pode ser.- disse a morena.

- Com que diabos Camila se meteu?- falou Fury, com um olhar, digamos, preocupado?- Não se parece com o homem da água, apesar das roupas.

- Acha que podem estar juntos nessa?- Hill olhou para seu chefe, prestando atenção em suas reações.

- Sem dúvida.

O Mar de Talokan // MarvelOn viuen les histories. Descobreix ara