Capítulo XXXII

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A vida pode nos surpreender um pouco, assim penso. De uma hora para outra, somos revirados por ondas as quais, antes distantes, nem pareciam alcançar um mísero centímetro. Digo, com certeza e amor no meu coração, que Namor foi minha onda avassaladora preferida. Apesar de tentar-se conter em sua própria funcionalidade do sereio-deus que odeia humanos, eu conseguia enxergar a naturalidade e esperança do seu ser. Os olhos não mentem, e os dele eram claros, agora. Obscuros em seu físico, porém definitivos e óbvios no que desejavam. E, caramba, eles me desejavam por inteiro.

Estávamos sentados na areia, bebendo o pouco de vinho que ainda restava, apenas soltando palavras soltas. A noite estava linda demais, cada estrela cintilando com sua única e preciosa grandiosidade.

- Quer dizer que esses seus adornos aí são de vibranium?- disse eu, surpresa.

- Sim, por que o espanto?- riu de lado, seu sorriso era lindo.

Eu já li sobre isso antes. Você tem noção de como é difícil achar esse metal? Os últimos resquícios foram usados, tipo, na Segunda Guerra. E você usa como colar, Talokan deve ser muito rica.- passei a tomar o último gole de vinho, olhando para ele e seu colar o qual refletia a luz da Lua de maneira magnífica.

- Digamos que vocês, humanos, não sabem muito sobre os oceanos. E sim, Talokan é extremamente rica.

- Conta mais, por favor.- supliquei com os olhos, fazendo-o sorrir.

- Se a senhorita insiste... Minha casa é perfeita, todos se divertem e fazem suas tarefas quão tamanha devoção e gratidão que se admira. Tudo tem um estilo de nossos antepassados, os maias e astecas.

- Vocês têm pirâmides?- disse eu, impressionada e interessada.

- Sim, pequena, temos. Inclusive, eu moro em uma.

- Caramba, adoraria ver, mas me contento com as fotos do Google.

- Google?- fez aquela estranha e fofa cara de dúvida.

- Meu Deus, você tem muito a aprender sobre os humanos.

- Mas humanos não me interessam.

- Eu não te interesso?- falei, num tom provocativo, levantando uma das sobrancelhas.- Espera um pouco, já volto.- disse antes que ele pudesse responder, seguindo para a cabana.

Ao chegar lá, peguei meu rádio, o qual estava com uma música que eu, sinceramente, adorava. Coloquei-o bem na parte de fora da casa, onde ainda estaria coberto, caso chovesse, e dei o play.

- Se levanta.- disse, oferecendo minha mão para que ele se apoiasse.

- Mas o que...- falou, se levantando.

- Só vem comigo. Imagino que você não dance muito, até porque mora na água. Fora que você é tipo o Rei Tritão, né?

- Tritão?

- É de outro filme do espelho, lembra?

- Você só assiste a esses filmes, é?- falou, agora sem saber muito o que fazer em seguida.

- Sim e não.- ri- Coloca sua mão esquerda na minha cintura, e a outra segura aqui na minha mão.- disse eu, pondo a minha mão direita em seu pescoço.

- Sério que está me fazendo dançar?- falou, ainda meio descoordenado.

- Sim, ué. E você está indo bem, para um sereio.- sorri, fazendo um carinho em seus cabelos.

Passamos a ficar em silêncio, somente encarando um ao outro. A luz do luar envolvia o momento, abraçando-o numa tranquilidade sem fim. Aos poucos, Namor foi pegando o jeito, mas eu ainda o guiava, de certa maneira. Ajudei-o a me girar, o vestido formando uma pequena brisa ao balançar. Voltando à posição inicial, ele me segurou mais firmemente pela cintura, e juntando nossas cabeças a fim de estar mais perto, observando cada centímetro de meu olhar.

De repente, uma pequena garoa começou. Seus respingos frios indo em encontro aos nossos corpos aquecidos pela proximidade de um com o outro.

- Está bem?- disse, com uma voz baixa e convidativa, próxima à minha boca.

- Estou mais do que bem.- falei, dando início a um beijo profundo e sincero. E ali, ficamos.

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Nota da autora: Espero que tenham tido um bom Natal  e que gostem do capítulo:)

O Mar de Talokan // MarvelWhere stories live. Discover now