Capítulo XLIV

330 35 8
                                    

Foi neste momento inoportuno que se fez um sentido em minha mente: a paz é um privilégio. Algo que subestimamos ser do mais fácil acesso, apenas nos organizarmos num lindo uníssono como dizem os livros de autoajuda, ou penso que devem dizer - nunca me subestimei a ler um. De qualquer maneira, em minhas vias dramáticas, conclui que o verme em minha bota não desistiria de me deixar tão facilmente, por mais que eu tentasse.

- Deve esquecer sua paixãozinha, querida.- a voz de meu tio ressoava pelo espaço, enquanto se aproximava do sofá, à minha frente, com as mãos para trás.

- Por que, exatamente?- disse eu, em um tom levemente sem paciência.

- Simples, minha cara. Falei com a mulher de pele azul. Você está se intrometendo no que não te concerne.- ele suspirou- Sabe que está cometendo um erro por simples desejos carnais, sabe que "simplesmente não pode ficar com ele".- retomou minhas palavras.

Minha surpresa foi instantânea. Eles conversaram. O que somente aflorou minha ansiedade, mil dúvidas e incertezas sobre Namor. Não, o problema não é ele. Sou eu.

O que foi falar com ela?- minha voz soava mais grave, como se eu procurasse esconder minha insegurança de Nick.

O que vale a ser pontuado. Sempre, ao estarmos de fora das situações mais diversificadas da vida dos outros, pensamos ser fácil, simples. Hoje, ao analisar este caso, penso que pareça de certo um drama de uma versão menos confiante de mim mesma. Contudo, não era como eu me sentia naquele momento.

Veja bem, meu caro e confidente leitor, estava eu insegura, nunca quis prejudicar ninguém com minha falta de controle, com este sentimentalismo o qual vivia tentando me derrubar, me deixar para baixo. Sabe quando qualquer mínima coisa faz o chão parecer tremer? Qualquer passo em falso te confundir, iludir e desiludir ao mesmo tempo? Pois bem, era assim como eu costumava estar constantemente.

- Conversamos. Admirei o quanto a prima de seu casinho deprimente está em pleno acordo comigo. Estava pronta para te matar, mas eu a impedi, e fizemos, por assim dizer, uma união de entendimentos.- claro que ele precisava se salientar.- Queremos o mesmo. Ela, seu primo de volta ao que se diz ser consciência racional e eu, atingir seu melhor potencial.

- Não entendo.- ouvi, pela primeira vez na conversa, a voz da ruiva- E se eles simplesmente não quiserem? Desculpa pela sinceridade, mas, Nick, sua sobrinha é adulta. Faz o que bem entender.

- E aí que está o ponto especial. Se Camila continuar com sua brincadeira, abrirá uma ameaça que nem sequer existe. E, conhecendo minha sobrinha, ela fará a escolha certa.

- A escolha certa para você ou para ela?- Naty refutou.

- Hm- ele riu de lado- Gosto de como a defende. Ainda trabalharão muito bem juntas... Mas, não. A escolha é saciável para todos os lados. Veja bem, encarei diretamente os olhos daquela mulher. É raivosa, pronta para qualquer conflito. Repudia totalmente nós, humanos, até mesmo tentou matar Camila duas vezes. Então, o que acha que ela fará se os pombinhos continuarem? Certamente, seu povo não concordaria... E não é isso que você quer, né, Camila? Seu amado visto como desnorteado pelo próprio povo. - olhou para mim.- Ademais, sabe como as coisas funcionam na Shield. Somos não somente uma força contra ameaças, mas como também a qualquer coisa que pode vir a ser uma. Um povo de, certamente, poderes sobrenaturais, com uma quase deusa amazona doida, configura-se nesse tipo de questão.- neste instante, levantei.

- Está ameaçando um povo que nem sequer está envolvido nisso. Não pode fazer isso.- falei fortemente.

- Não posso?- sua sobrancelha levemente subiu.


E foi aí que, de uma hora para outra, de repente e sem quaisquer explicações, Nick sufocou. Ou melhor, seu ar se esvaiu de seus pulmões por milésimos de segundos, e assim, se apagou. 

Foi sem querer.

.

Nota da autora: espero que gostem. Qualquer sugestão ou opinião é bem-vinda :)

O Mar de Talokan // MarvelWhere stories live. Discover now