Capítulo XI

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P.O.V Namor

Caramba.

Nunca fui do tipo que se interessa por alguém. Como se pode imaginar, minha vida sempre teve um ponto principal, uma única direção. Talokan. E, apesar de, sem dúvidas, saber que sempre será uma verdade inerente ao meu ser, confesso que já pensara algumas vezes como seria minha vida se eu não fosse o "deus serpente".

Amigos, família, amores, imaginar se eu poderia formar tal coisa em minha atual posição é de certo loucura. Meu trabalho nesta Terra não é esse. Nunca foi, nunca será. E, por este motivo, esse sonho louco de alguma vez na vida sentir-se normal e sem preocupações dissipou-se da minha mente. Porém, agora, tem voltado mais intensamente do que se pode imaginar.

Ao nadar de volta à Talokan, estava eu intrigado. Algo havia mudado em mim, no meu mais profundo interior. Uma chama a qual nunca tinha realmente se ilustrado na minha mente e corpo. Um ato primário, solo e incomum o qual  não sabia lidar. Eu não sei lidar. A verdade, caro leitor, é que, pela primeira vez, estou verdadeiramente num impulso a algo, ou alguém.

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Chegando em Talokan, fui aos meus aposentos, preparado para as reuniões da tarde, nas quais se discutiriam os atuais problemas de meu povo. Nada de novo, se quer saber. Foi neste momento que a primeira a entrar, obviamente, foi Namora. E lá vamos nós para o questionário da vez.

Prima.- disse eu, com pouca importância na voz, fingindo estar concentrado nas anotações das paredes do cômodo.

- Não ache que não percebi que foi de novo à superfície.- falou com seriedade e funcionalidade, este discurso já havia sido, certamente, ensaiado em sua cabeça.

- Fui, realmente. Não mentirei para você.

- Por que, Namor? Há algo que devamos nos preocupar?- sua voz demonstrava uma preocupação genuína, mas sabia eu que havia mais. Com Namora, sempre havia.

- Digo o seguinte, minha cara, há sim alguma coisa lá na superfície, esta a qual eu preciso ainda, digamos, estudar sobre. Não há o que se preocupar, é apenas uma novidade para mim.- desviei meu olhar do mural para ela, encarando-a para levar mais certeza ao que dizia.

- Novidade?

- Sim. Inclusive, até mesmo seja bom para Talokan.- ou para mim, eu acho.

Se é bom para nós, por que não dizer?

- Simples.- aproximei-me dela- Eu não tenho a intenção de te falar. Nem sou obrigado a isso.- sendo, talvez, neste momento, mais rígido do que tinha intenção de ser. Porém, queria dar um basta antes que perguntas mais incisivas viessem.

- Namor, como ousa...

- Não, Namora.- a interrompi fortemente com a voz.- Coloque-se pelo menos uma vez em seu lugar. Não preciso te contar tudo o que faço, apenas o que é de risco para Talokan.- coloquei minhas mãos em seus ombros, precisava que confiasse a mim este assunto.- Fique tranquila, assim que descobrir mais e perceber se é um risco, você será a primeira a ser comunicada. Até lá, não quero causar nenhum alvoroço.

Ela parecia ter acreditado, ou, ao menos, atuava muito bem. De qualquer forma, conhecia Namora. Sabia de quanto impulsiva sempre foi, e como isso já nos levou a conflitos sem sentido no passado. Era preciso, agora, ser o mais discreto possível, pois algo me dizia que eu iria mais vezes à superfície do que realmente fosse adequado.

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O Mar de Talokan // MarvelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora