Trinta

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O problema do tempo é que ele nunca é suficiente. Passa demasiado rápido e, sem te dares conta, as coisas mudam. A Terra nunca irá parar de girar para acompanhares o ritmo da vida. A dificuldade consequente da falta de tempo é não aproveitares as coisas enquanto duram. Nunca sabes o que o amanhã te reserva mas também nunca esperas que ele possa nem sequer existir. Afinal, o verdadeiro problema está nos seres humanos. Estas criaturas que esperam que tudo seja constante, que não haja altos e baixos, que não haja perdas ou tristezas. Infelizmente, o amanhã é incerto. Mas felizmente, ainda tens tempo de dizer à pessoa o que sentes por ela. Abraça-a. Beija-a. Fala-lhe o que nunca tiveste coragem de lhe dizer. Pronuncia o teu amor - seja romântico ou de amizade - por ela. Não percas o tempo que não tens. Porque, quando não tiveres a contar, ela já não estará presente.

∞ ∞ ∞

【4 de Janeiro de 2014 】

『 Emma Reed 』

A minha mente ainda não se habituara à nova informação que recebera nos últimos dias. Quase dez dias haviam passado desde o meu aniversário. Dez dias haviam passado desde que tudo foi extremamente intenso. Intenso no bom aspeto, intenso no mau aspeto, apenas intenso.

No dia seguinte após completar dezasseis anos, a minha mãe bate à porta do meu quarto e entrega-me um envelope. A sua expressão fácil não era a melhor, indicando preocupação já que a sua testa estava franzida.

"Pensei imenso antes de te entregar isto, Emma. Mas acho que precisas de a receber." Falou e foi, então, que me apercebi o porquê de o ter dito.

Esta carta é dele.

Esta carta é do meu pai. Ivan Reed era o nome que aparecia no remetente.

Olhei para a minha mãe procurando respostas às perguntas que ainda não tivera tempo de formular. No entanto, a minha progenitora nada disse, retirando-se do meu quarto e deixando-me sozinha com a minha mente e a carta escrita pelo meu progenitor, ou devo dizer homem que deixou a sua família sem qualquer notícia após 4 anos em busca da sua felicidade?

Querida Emma,

Não sei quando deves receber estar carta - ou se a irás receber de todo -, mas peço desculpa por não poder estar presente neste dia tão especial para ti e, inclusive, para mim. Há dezasseis anos vi-te nascer, vi-te sair de dentro da tua mãe a chorar perdidamente e nada me deixou mais feliz porque esse choro significava que estavas a respirar, que estavas bem, que estavas viva. Lembro-me de chorar por te ver e não me importei se me iriam achar menos ou mais homem por isso, eu estava apenas focado em ti, na minha pequena filha. Nada bate o orgulho, a felicidade, a emoção de ter o nosso primeiro filho nos nossos braços. Saber que fizeste algo tão bom e tão único leva a uma felicidade extrema, inexplicável. Sentir-te junto de fiz fez-me completo.

Deves estar a pensar o porquê de te ter deixado já que a importância que tens é tanta. O erro foi meu, totalmente meu, e lamento por tudo o que te tenho causado. Tu és a minha pequena e não te devia ter magoado da maneira terrível que magoei. Ter-te deixado, a ti e à Cassie, foi horrível, desumano, incompreensível, eu sei. Mas por favor, compreende que eu tinha vergonha de estar perto de vocês sabendo aquilo que fiz. A forma mais fácil que vi em apagar, de certa forma, o problema foi desaparecer das vossas vidas. Infelizmente, isso não resultou pois o meu amor, por vocês, é demasiado para deixar de me preocupar com as minhas bebés. E, apesar do tempo que passou sem qualquer notícia da minha parte, eu preocupo-me contigo, com a tua irmã e, inclusive, com a tua mãe. Foi graças a ela que tive duas meninas maravilhosas, inteligentes, bonitas.

Evanescente (#1 Evanescente série)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz