Onze

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Uma coisa intrigante que faz parte do ser humano são as marcas: psicológicas ou físicas. Cada marca tem a sua história, tem a sua razão para existir, e saber o porquê daquela cicatriz ter acontecido é saber um pouco de cada pessoa. Cada experiência que se faz deixa uma marca, positiva ou negativa. O ser humano é criado pelas circunstâncias, experiências e vivências a que é submetido. Já Charles Dickens dizia que a experiência é o nome sofisticado que damos aos erros. Uns têm a sorte de errar bem, outros têm a sorte de errar mal. Tudo que podemos sentir à nossa volta pode ser classificado como sorte porque significa que estamos vivos, logo podemos experienciar mais e errar melhor. Cada marca pode criar uma perspetiva, uma desilusão, uma memória, um pouco do teu coração pode partir-se. Mas um coração partido não quer dizer que não tem mais sentimento. Um coração partido é, no entanto, uma coisa muito engraçada. Porquê? Porque ensinam muito se estiver suficientemente atento(a).

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21 de Outubro de 2013

Brian Jones

"Emma!" Antes que pudesse dar mais um passo, amarro o seu pulso, impulsioná-la para mim. "Não. Não vais sair daqui até me ouvires até ao fim! Não consegui dizer isto no sábado mas agora vais ouvir." Peguei no seu outro braço e coloquei as suas pequenas e suaves palmas no meu peito, para que pudesse sentir o quão nervoso estou. Eu fiz isto a ela?

"Emma. Há dois dias o ambiente entre nós ficou estranho e lamento, a culpa foi minha." Assim que proferi estas palavras ela olhou para mim com uma expressão confusa. Não sei porquê se a culpa é, realmente, minha. "Quando te perguntei se estavas melhor e afirmaste que sim ou quando perguntei em que estavas a pensar e respondeste "nada", fiquei desapontado porque pensei que tinha ganho a tua confiança para poderes falar comigo sobre tudo. Pensei que, por esta altura, já soubesses que estou aqui para ti e para o que precisares. Nem por um minuto pensei em acabar com aquilo que temos, nem quero nunca pensar sobre isso. És demasiado especial para mim, Emma!" E o seu olhar mudou para surpreendido. A pequena ruga que tinha na testa deixara de existir e pude ver uma leve abertura entre os seus lábios. Mesmo a chorar, ela continua bonita, e isso não é justo.

"Eu nunca pensei que te sentisses assim. Eu peço desculpa pelo que te fiz passar, não foi minha intenção. Isto é tudo culpa minha! Eu tentei contactar-te por mensagem mas não respondeste e não quis ir a tua casa pois não sabia se, por alguma razão, tinhas contado à tua mãe o que se passou ou não, sendo que não quis arranjar confusões. Hoje fiquei à tua espera, aqui, no banco mas não apareceste então fui para a escola. Eu devia ter insistido em resolver a situação durante o fim de semana e desculpa, Emma. E o meu coração está partido porque fica assim sempre que te vejo mal." Dei-lhe um abraço apertado tentado, de algum modo, juntar todos os pedaços que parti nesta forte rapariga.

"Desculpa! A culpa é toda minha." Dei-lhe um beijo demorado na testa e puxei-a ainda mais para mim - como se isso fosse possível.

Ela não respondeu, não retribuiu o abraço, não teve qualquer reacção após ficar surpreendida. Desviei-a o suficiente para poder ver a sua cara e a sua expressão era neutra. Em que ela estava a pensar?

Levantei o seu queixo com os meus dedos e os seus olhos bloquearam nos meus. Eles ainda brilhavam, devido às lágrimas que haviam saído.

"Nunca me deixes!" E o seu corpo foi contra o meu, com os seus braços amarrando o meu tronco e imediatamente, as minhas mãos encontraram o seu caminho para as costas dela.

Sorri com as suas palavras. Eu nunca a poderia deixar, mesmo que quisesse. "Nunca!" Prometi, beijando a sua testa.

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