Doze - Parte Dois

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【24 de Outubro de 2013 】

『 Brian Jones 』

Há muitas coisas engraçadas na vida, uma delas é o ser humano. Digo isto porque cada um é especial e diferente, cada um é único e perfeito à sua maneira. Cada pessoa tem aquele ser humano que é diferente de todos os outros. Para mim é a Emma.

É possível ser tão frágil e forte, corajosa e envergonhada, sensível e inabalável ao mesmo tempo? Por ela é assim. Ela é todo este conjunto de antónimos e de coisas impossíveis numa só alma. E isso fascina-me, intriga-me até. Por mais que soe cliché, nunca conheci ninguém como ela.

Ela é uma criatura tão partida que nem sei como ainda está de pé. Está tão danificada e magoada mas consegue ser uma maravilhosa atriz, pondo um sorriso quando lhe apetece soltar uma lágrima. É maravilhoso como ela consegue enganar as pessoas, como consegue enganar a ela própria por vezes. Ela não deixa mostrar os seus sentimentos para as pessoas, prova disso foi no aniversário do Jayden. Ela enfrentou-o sem se deixar ir abaixo e, quando acabou por deixar as emoções subirem à tona, ela achou-se fraca por ter chorado, mas chorar mostra que somos humanos. Chorar mostra que fomos fortes por tanto tempo. Segundo ela, chorar mostra que somos fracos e isso torna-nos mais vulneráveis e fáceis de ser magoados.

Ela tem um coração de vidro. Ele já está tão rachado e só mais um toque, parte. E eu só quero poder abraçá-la e juntar todos os pedaços dela. Talvez seja impossível, mas isso não quer dizer que não tente. As pessoas acreditam no que vêem porque não sentem o que tu sentes.

Educação física era uma disciplina que não tinha de me esforçar muito e tiro boas notas.

Quando já estávamos todos equipados e sentados nos bancos do pavilhão, o professor mandou-nos dar cinco voltas ao campo. Finalizadas as voltas, fizemos pequenos exercícios de aquecimento.

"Muito bem. Hoje vamos fazer uma aula de badmington e vão se juntar a pares." As ordens do docente foram compridas imediatamente. Os meus olhos navegavam entre os adolescentes procurando a Emma. Ela estava um pouco mais atrás de todos nós, como se não quisesse incomodar ninguém. Movi-me com a intenção de chegar perto dela mas uma rapariga parou-me.

"Brian!" Disse, batendo as pestanas rapidamente e sorrindo para mim. "Queres ser o meu par?" O seu nome é Gabriella, se não me engano. Olhei para a Emma que continuava no mesmo sítio, com um braço apoiado no outro, roendo as unhas. Ela não está definitivamente a gostar da aula.

"Hum, não obrigado!" Respondi-lhe, continuando o meu percurso para a rapariga do meu interesse.

Não olhei para ver a expressão da outra rapariga, mas sei que ela ficou frustrada com a minha resposta. Ela faz-me lembrar um pouco a Karen com as suas atitudes de diva e chamar atenção para ela.

"Hey!" Disse assim que cheguei perto da rapariga de olhos verdes. Deu-me um pequeno sorriso e cumprimentou-me também. "Então, queres ser o meu par?" A sua cara rapidamente se iluminou: os seus olhos arregalaram-se de leve, o seu sorriso alastrou-se pela cara e a sua postura endireitou-se.

"Sim." A sua voz saiu fraca, então ela clareou-a e voltou a responder. "Sim, quero." O meu sorriso também cresceu com a sua resposta. Ela tem esse efeito em mim. O efeito de me fazer rir com as suas palavras e os seus gestos.

"Se já todos os pares estão escolhidos, peguem nas vossas raquetes e volantes e comecem a treinar com o vosso parceiro. Daqui a dez minutos irão jogar contra os outros grupos."

"És boa nisto?" Perguntei, oferecendo-me a raquete que tinha ido buscar. O volante encontrava-se na minha mão à espera de ser lançado.

"Pode-se dizer que sim. É o meu desporto favorito daquilo que damos aqui, por isso esforço-me sempre mais para compensar nos outros em que não presto."

Evanescente (#1 Evanescente série)Onde histórias criam vida. Descubra agora