Quatro - Parte um

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O mundo é constituído de palavras. Cada palavra tem a sua definição, permitindo-nos oferecer características às coisas, aos sentimentos, às emoções, a tudo. Mas e quando não existe palavras suficientes para descrever aquilo que vai na nossa mente? Quando não existe definição certa do que sentimos? O que há a fazer quando há uma confusão tremenda dentro de nós, indecifrável ao próprio possuidor da própria desordem?

Não há como saber o correto quando és a democracia em pessoa, em que a tua mente e o teu coração são os únicos cidadãos residentes no teu corpo. Ambos debatem opiniões diferentes, ambos querem coisas distintas, e ambos fazem-te sofrer. E o pior de tudo, é que não se pode calar nenhum, pois sem eles não consegues viver.

∞ ∞ ∞

【23 de Setembro de 2013 】

『 Emma Reed 』

Segunda-feira.

O irritante despertador do telemóvel acorda-me, conduzindo-me à realidade. O meu cérebro, apesar dos poucos dias que passaram, já está formatado para preparar-me com os olhos meio fechados. O cansaço era evidente no meu corpo, trazendo uma vontade enorme de voltar para dentro dos lençóis quentes e confortáveis, nos quais há minutos estivera deitada. No entanto, não posso atrasar-me ou levo falta.

Programada como um robô, visto-me, tomo o pequeno-almoço, lavo a cara e os dentes, coloco um pouco de maquilhagem e saiu pela porta do apartamento. Já no rés do chão do prédio, visualizo-o num pequeno bano que existe no meio dos prédios. Aquele espaço era bonito. Para além do banco, tinha uma estátua mesmo por trás de nós e uma pequena fonte. Tinha um jardim à volta, dando uma certa beleza ao espaço.

"O que estás a fazer aqui?" Perguntei-me enquanto me sentava ao pé do Brian.

"À tua espera. Que mais poderia estar a fazer?" Uma ponta da sua boca subiu fazendo com que apenas uma das covas que tinha na sua cara se profundasse.

"Oh, obrigado, então!" Agradeci-lhe com um sorriso.

"Vamos?" Perguntou-me levantando-se.

Antes que pudesse estar de pé, pus a minha mão na perna dele para o fazer sentar-se novamente. "Espera. Ainda temos um tempo. Vamos ficar aqui, só mais um pouco. Está tão bonito o dia!" Tentei persuadi-lo. Ele apenas olhou para a mão e abanou a cabeça, confirmando.

Pousei a mochila no chão e levei os meus joelhos ao meu peito, enrolando os meus braços à sua volta. O banco era suficientemente alto para poder encostar a cabeça sem ter de me baixar. Fiquei assim por um tempo e com os olhos fechados. O sol batia na minha cara aquecendo-a, juntamente com um vento frio mas com pouca intensidade. Perfeita combinação, na minha opinião. Os pássaros assobiavam e as árvores dançavam à nossa frente. Eram grandes e tapavam um pouco o sol na minha direção, mas não o bastante.

"Em que estás a pensar?" Brian interrompe os meus pensamentos. Por momentos esqueci-me que ele estava presente comigo. Sabia que estava lá, mas não associei.

"Em como o dia está bonito. Em como este momento está tão bom." Respondi-lhe, ainda com os olhos fechados. Quando acabei de falar olhei para ele e estava a me observar. "O que foi?" Perguntei-lhe com um pequeno sorriso.

"Nada." Abanou a sua cabeça, como se tivesse a tentar pontapear os seus pensamentos para fora.

"Diz." Pedi-lhe gentilmente.

"Estava só a analisar-te." Respondeu-me enquanto baixava os olhos e os erguia de novo.

"Porquê?" Sorri-lhe de novo.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now