Cinco

3K 266 91
                                    

O passado nunca é realmente esquecido. Há coisas que podes não te lembrar mas que tiveram imenso impacto naquilo que és, no que te tornas, e haverá um específico momento da tua vida em que terás receio de agir por um medo que pensas ser irracional.

A verdade é que não é irracional. Há razões para teres esse medo. Há razões que te levam a pensar exclusivamente no mal que pode acontecer se tomares uma certa decisão. Porque já fizeste tantos erros no passado que tens medo que se repita no futuro. E isso obriga-te a teres uma precaução acima do normal, obriga-te a protegeres-te ao máximo, a criar obstáculos dentro de ti que podes não te aperceber que os criaste. Isso vai acabar por te desgastar, deixar sem energias.

Mas o melhor disso tudo é que haverá aquela pessoa que vai quebrar cada proteção que construíste para te puder ser ela a proteger-te, a tomar conta de ti para conseguires recarregar as energias. E, nesse exato momento, vais agradecer todos os momentos maus que tiveste porque tens, finalmente, podes baixar a guarda e recuperar a felicidade que perdeste.

∞ ∞ ∞

【 20 de Setembro de 2013

『 Emma Reed 』

O meu coração parece parar e o ar resolve não entrar nos meus pulmões. Uns minutos haviam passado mas chegou para que o ambiente ficasse pesado. Não sabia o que fazer, o que dizer, como reagir.

"Podemos falar, Emma?" O Jayden pergunta-me.

Ainda inconsciente com esta situação, assenti levemente. Sonhei milhares de vezes com o dia em que este rapaz me viesse falar, pedindo desculpa por se ter afastado, dizendo que gostava de mim da mesma maneira que eu gostava dele. Mas agora eu não sei o que fazer.

Coloquei-me de pé, deixando um Brian confuso sentado no muro. Afastamo-nos o suficiente para que o meu colega de aula não ouvisse a nossa conversa. Ainda estupefacta com toda a situação, observei-o atentamente. O seu cabelo estava um pouco menos encaracolado do que aquilo que me lembro quando éramos mais novos. Agora permanecia ondulado apenas, talvez por também estar maior do que antigamente. A sua pele era de um tom branco porcelana, confrontando com o azul dos seus olhos. Uma coisa que sempre admirei foi os seus olhos. A cor clara deles sempre me chamara atenção por serem tão diferentes do que estava acostumada a ver.

"Então," Começou. "Como estás?"

"Bem." A minha voz saiu fraca, mais do que eu pensava que sairia, mostrando a minha insegurança com este momento.

"Ainda bem." Sorriu-me. Ele fora o meu melhor amigo - ou o único amigo rapaz que tinha. E, como era de esperar, trocou-me. Trocou-me da forma mais fria que podia: sem explicações, sem adeus, de um dia para o outro.

"Bem, eu queria saber se querias ir comigo ao cinema. Podes levar o Brian se te sentires mais confortável. Sei que vocês têm-se dado bem ultimamente. Por isso, aceitas?" O seu convite deixou-me mais perplexa. E afirmou que eu e o Brian andávamos mais próximos, será que ele anda a vigiar-me? Abanei a cabeça, afirmando que sim, querendo saber o porquê da súbita aproximação.

"Então, apareces no cinema do centro comercial? Estive a ver e está a estrear um filme de terror, dizem que é bom. Espero que não te importes." Sorrindo, os dois buraquinhos que estavam nas suas bochechas apareceram, dando um ar mais irresistível ao rapaz. Assenti, de novo.

"Podes dar-me o teu número? Mudei de telemóvel e perdi-o." O seu telemóvel passa para as minhas mãos, estando pronto para digitar o meu número. Após o entregar, despede-se de mim e levanta a mão ao Brian, despedindo-se também, dirigindo-se à escola. Fui para perto de Brian e, sem nenhuma de nós de pronunciar, formos para a escola. Agradeço-lhe por não dizer nada pois continuo sem palavras suficientes para descrever a situação ou o que sinto.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now