Dezasseis

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É incrível como o ser humano pode demorar horas a construir algo e segundos a destruí-lo. Queremos o que achamos que é a felicidade, mas quando a temos deixamo-la ir. A felicidade é uma coisa relativa se pensarmos bem. Aquilo que tu achas que te irá fazer feliz - dinheiro, amor, objetos, lugares - um dia vai-te aborrecer e vais procurar outra coisa que significa felicidade para ti. Nunca irás estar realmente satisfeito com a tua vida, nunca irás ser completamente feliz. A sede que o ser humano tem por querer mais e melhor leva à autodestruição. Nós temos uma natureza contraditória. Somos autodestrutivos. Somos os seres mais inteligentes que até agora se descobriu, no entanto aniquilámos o nosso mundo, o nosso corpo, a nossa mente. Destruímos porque queremos ser melhores, maiores, importantes. Esquecemo-nos que o ser humano também tem sentimentos e pisámo-los sem quaisquer problemas.

∞ ∞ ∞

【26 de Outubro de 2013 】

『Emma Reed 』

Dizem que só quando se perde as pessoas é que lhes dá-mos valor, mas isso não é inteiramente verdade. Eu dou valor a quem me rodeiam, talvez porque pouca gente se aproxima de mim. Porque sei que se tais pessoas aturam a minha personalidade e loucura, então merecem o meu respeito e o meu amor. É difícil encontrar alguém que te aceite por completo e ainda mais difícil encontrar alguém te goste de ti por completo. Porque aceitar a tua presença e gostar de ti são duas coisas totalmente diferentes. Mas eu tive a sorte - ou o azar - de encontrar a pessoa que aceita e gosta de mim por completo.

Fechei a porta da entrada, relembrando tudo o que mudou desde hoje à tarde. Eu beijei o Brian. Beijei o rapaz por quem tenho sentimentos. E como eu me sentia feliz por tê-lo ao pé de mim. Involuntariamente, ele põe sempre um sorriso no meu rosto, coisa que já não fazia com convicção há algum tempo. E o facto de sermos tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo deixa-me fascinada. Não és a única que tens um passado mau. Essas palavras ecoam pelo meu cérebro desde de que as pronunciou. O que é que uma pessoa como ele poderia ter feito que fosse tão mau?

"Emma? Emma!" Quando a minha mãe me chamou, apercebi-me que ainda estava encostada à porta a sorrir. "Não vens jantar?"

"Sim. Sim, já vou." Tanto a minha irmã como a minha mãe ficam a olhar para mim enquanto me dirijo à mesa.

"Tenho alguma coisa na cara?" Ainda me lembro na aula de física quando perguntei o mesmo ao Brian. Sorri, de novo, ao lembrar-me do dia.

"Estás a rir-te de novo desde que saíste da beira da porta, é por isso."

"Lembrei-me de uma coisa, mãe."

"Tu gostas do Brian, não gostas?" Senti o meu rosto a ganhar cor.

"Sim. Gosto muito dele."

"Olha os namorados! Olha os namorados! Olha os namorados!" A voz acriançada da minha irmã é pronunciada.

"Cala-te pirralha! Ou vais ter um ataque de cócegas e nunca mais te largo." O meu tom é ameaçador, mas o meu sorriso divertido mostra que estou a brincar.

Ela imediatamente calou-se, ainda a rir-se fez de conta que fechou a sua boca com uma chave. Sorriu para a rapariga, piscando-lhe o olho.

"E vais-te afastar dele ou fazê-lo afastar como tens feito?" A sua pergunta surpreende-me. Encaro a minha mãe, tentando perceber onde ela queria chegar com esta conversa.

"Não. Não o tenho feito como podes ver." O meu tom ficou frio. Odeio quando me relembram o passado e ela sabe-o.

"Ele é um bom rapaz, Emma." Constatou.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now