Três - Parte dois

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【20 de Setembro de 2013 】

『 Emma Reed 』

O carro é colocado no parque de estacionamento do edifício do cinema. Em direção ao posto de vender bilhetes encontra-se o cartaz medroso do filme, deixando-me estupefacta com os órgãos vitais a saírem do corpo da pessoa. Eu sei que temos aquilo tudo lá dentro, mas não é necessário visualizar!

Não estou propriamente contente em testemunhar um filme com aqueles horrores todos, mas a verdade é que queria sair da festa. Não é a coisa mais indicada para mim viso que não sou a típica rapariga popular ou não popular, que dava tudo para ir a uma festa de alguém popular do liceu. Alguém como a Karen Wilson. Alguém tão bonito, popular, rico, poderoso e fisicamente perfeito como a Karen Wilson. Ela realmente tinha tudo, tudo menos o mais importante - personalidade. Há pessoas que são bonitas exteriormente, são o ideal de perfeição, são a atração por onde passam, ofuscando todos à sua volta, mas a personalidade também ofusca! É preferível demorar tempo a conhecer uma pessoa e ficar atraída pela sua mente, do que ficar atraído apenas e unicamente pelo seu corpo.

O moreno ao meu lado insistiu em pagar os bilhetes, recusando o meu dinheiro visto que "Fui eu a convidar, então tenho de pagar." foram as suas palavras. Na minha opinião, ele apenas se quis armar em macho, mas pouco me importei.

Chegamos à sala, que nos era indicada no papel das nossas mãos, observando que os lugares estavam vazios, como seria normal a esta hora da noite. Dirigimo-nos para uns lugares suficientemente perto do ecrã gigante para que pudéssemos ver como se fosse algo acontecer à nossa frente.

Mais um casal e um grupo de amigos entraram, e mesmo antes do filme começar, já estava com medo.

Minutos depois, a publicidade começara a desaparecer, dando lugar ao filme. A antecipação, o suspense, o medo, os gritos interiores estavam presentes a cada segundo decorrido a assistir à longa-metragem. Não conseguir evitar tapar a cara nas partes em que o meu estomago se revirava dentro de mim. Isto é a razão por que não vejo filmes de terror!

Sentia que o Brian se ria ao meu lado: apenas não sabia se era de mim ou do filme. Então, numa das vezes, tapei a cara e olhei para ele, reparando na sua reação. Ele estava mesmo a rir-se de mim!

"Porque te estás a rir?" Perguntei, apesar de saber a resposta. A verdade é que senti uma pontada de dor no meu peito por vê-lo a rir-se de mim. Mas o que podia fazer? Toda gente se ri de mim.

"Porque," Começou. "aceitaste ver o filme, mas estás sempre a tapar a cara. Isso mete piada porque, basicamente, não estás a ver filme nenhum. O objetivo do encontro era ver um filme."

"Não tenho culpa de ter medo." Cruzei os braços como uma criança amuada.

"Claro que tens." Olhei para ele. "Podes controlar o teu medo. Não tens de ter medo porque isto não é real. E eu estou aqui. Não te preocupes." Deu-me um pequeno sorriso, daqueles em que estão a dizer algo sentido e fofo.

Fiquei surpreendida com as palavras dele. Já não me devia surpreender porque ele faz sempre isto e a mesma questão salta na minha cabeça: Porquê? Ele diz sempre algo que não estou à espera.

"Eu sei que estás aí, não vinha ver este tipo de filme sozinha. Principalmente à noite."

"O que eu quero dizer é que estou mesmo aqui, para ti." Corei, não sei porquê mas corei. "Fazemos assim, quando uma parte assustadora aparecer, em vez de tapares a cara, apertas a minha mão." Ergeu a sua mão no ar para que eu a pudesse agarrar. "Não podes tapar a cara em qualquer momento. Tens de visualizar o que resta do filme até ao fim." Voltou a sorrir daquela forma. "Entendido?" Assenti. Entrelacei os seus dedos com os meus, pousando os nossos braços entre nós.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now