Vinte e Um

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『Capítulo 21』

As tatuagens são figuras imprimidas na pele do ser humano. Várias culturas não permitem ter tatuagens visto que profanam o corpo humano, modificam-no. Para outras culturas, tatuagens significam um novo começo, nova etapa. As tatuagens são uma forma de arte em que é distribuída por partes do cadáver ambulante. A tinta é aplicada subcutaneamente através das agulhas, um processo que durante séculos foi irreversível. As cicatrizes acontecem ser algo parecido. Tanto as emocionais como físicas. E tanto umas como outras podem permanecer na tua mente ou pele para sempre serem recordadas. Porque sim: as memórias, a dor, as cicatrizes criam novas etapas, boas ou más. No entanto, as cicatrizes podem ser arte. Um dia, as cicatrizes que te preenchem a alma também se tornar-se-ão em beleza.

∞ ∞ ∞

1 de Novembro de 2013

Brian Jones

Acordei com uma breve luz batendo nos meus olhos. Deixo sempre a persiana aberta pois o sol não bate directamente na janela, assim o meu acordar é mais leve, sem ser necessário despertador.

Senti um peso em cima de mim. Baixei a cabeça e vi a cabeça da Emma deitada no meu peito. Sorri por a ver assim, tão perto de mim. O seu braço estava em volta do meu tronco, trazendo-me para mais perto e a sua perna estava entre as minhas.

Retirei algum cabelo da frente da sua cara para poder visualizá-la melhor. Mesmo a dormir, sem maquilhagem e com o cabelo todo despenteado, esta rapariga continua bonita. Aproximei-me do topo da sua cabeça, depositando um beijo longo lá e comecei a acarinhar o seu cabelo.

Minutos depois, o seu sono foi-se dissipando lentamente, aninhando-se mais no meu corpo. Aos poucos, a sua cabeça sobe vendo-me. Os seus olhos foram arregalados e eu pergunto-me porquê.

"Oh Meu Deus! Desculpa!" Fala e afasta-se de mim. "Desculpa por estar em cima de ti." Levantei uma sobrancelha. "Oh Meu Deus! Não dessa maneira!" Um sorriso escapa por entre os meus lábios por a ver tão nervosa. As suas bochechas estavam rosadas o que me dava mais vontade de sorrir. "Desculpa, é que eu costumo dormir sozinha e então ocupo todo o espaço e pronto." À medida que falava, as minhas roupas eram trocadas pelo seu longo vestido preto.

"Não faz mal, Emma." Levantei-me amarrando-lhe os pulsos para a tentar acalmar. "Tem calma! Não é preciso estares atrapalhada. Por que razão estás assim?" Apertei-lhe o vestido sem me ter pedido nada. À medida que o fecho subia, sentia-a arrepiar-se e, novamente, fez-me sorrir pelo efeito que tenho nela.

"Nada, é só que invadi o teu espaço pessoal, tal como fiz ontem à noite. E lamento por isso. Não queria fazer-te reviver o que se passou." Explicou-se, baixando a cabeça em sinal de arrependimento.

"Hey!" Chamei-a, subindo a sua cabeça com os meus dedos no seu queixo, podendo olhar para os seus olhos verdes. "Desculpa se fui rude contigo ontem. Não era minha intenção. Não costumo falar do que se passou. É complicado, percebes?" Tentei brincar com a situação dizendo as mesmas palavras que me dissera tantas vezes nos primeiros dias que nos conhecemos.

"Percebo." Sorriu-me minimamente. "Percebo que seja e percebo que não querias contar, estás no teu direito. É só que fiquei preocupada."

"Sim, eu sei. E sei porque ficaste preocupada." Falei.

"Não te armes em convencido. Estás a estragar o momento!" Ela exclamou na brincadeira, abanando a sua mão entre o espaço presente entre nós.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now