Um

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O secundário. Muitos acham o conceito desta palavra assustadora, com todas as novas e importantes decisões a fazer. A tua opinião muda, a tua visão muda, os teus sentimentos mudam, os teus amigos mudam, a tua vida muda, tu mudas.

Para além de teres de te focar nos estudos, tens de aprender a crescer, tens de te encontrar, tens de descobrir quem és. O pior processo de crescimento é descobrires quem és, porque tudo à tua volta te influencia. A moda, a televisão, as redes sociais, os teus pais, os teus amigos, tudo isso influencia o teu processo de descoberta interior, mesmo que não dês conta.

Tens de crescer e aprender a ser uma pessoa adulta, com capacidade de decisão, responsabilidade.

Por incrível que pareça, eu não tenho presa de crescer, de forma alguma. Vejo os adultos sempre chateados uns com os outros. Uma espécie de conspiração destinada desde que nasceram. Os adultos não são os seres humanos mais responsáveis, mais carinhosos, mais inspiradores, mais compreensivos ou mais perfeitos do nosso universo, mas ainda assim, agem como tal.

A idade não define quem és, mas a tua mentalidade sim.

∞ ∞ ∞

16 de Setembro de 2013

Emma Reed

As férias de verão acabaram e agradeci mentalmente por tal ter acontecido. Sendo a pessoa pouco sociável que sou, escassamente saí de casa, raramente convivi, tornando-se cansativo e repetitivo os meus dias das grandes férias. O décimo ano foi relativamente fácil, nada de grandes preocupações. Conhecia pouca gente da minha turma e infelizmente a Stephanie tinha disciplinas diferentes das minhas, logo tínhamos um horário diferente.

Passei os intervalos do ano passado a correr para a sala onde ela se encontrava, tentando passar o máximo de tempo com a mesma, mas a maior parte das vezes ela já tinha saído e eu voltava para o pé da porta da sala, na qual ia ter aula a seguir, ouvindo música através dos fones. Concluindo, poucas vezes a via na escola, o que levou às pessoas pensarem que era anti-social.

Eu não sou anti-social. Eu tenho medo de me envolver com os indivíduos que circulam na Terra, o que é diferente. Não é que pensasse que era boa de mais para falar com elas, só que para eu falar com alguém tem de ser em alguém que me inspire confiança. Nunca fui de partilhar muito os meus segredos ou preocupações com alguém, apesar de ser muito próximo. Não quero "cansar" a pessoa. Acho que a afastaria de mim. E se pensasse que eu era maluca? E se fosse contar os meus pensamentos a alguém? E se um dia me desiludisse? Já não era a primeira vez que me faziam isso. Muitos dos meus segredos a Steph não os sabe. Pensando bem, ela não sabe nada de mim. A verdade é ninguém me conhece realmente.

Falta cerca de dois anos para poder estudar na universidade, significando que passei para o décimo primeiro ano. A minha carga horária diminuiu, o que me deixou bastante feliz.

Como não conhecera ninguém da escola, estar sozinha ou acompanhada numa sala de aula era a mesma coisa.

No primeiro dia dizem que nunca é fácil, principalmente quando não conheces ninguém. Para mim nunca foi, por isso já estava habituada.

Por sorte, fui a primeira a chegar à sala de aula, dando-me a hipótese de escolher o meu lugar favorito: canto do fundo da sala, perto da janela.

Os adolescentes começaram a chegar em grupos ou duplas, dando a impressão que se conheciam.

Olho para o meu lado esquerdo, visualizando o que se passava no exterior. Gosto de observar. Gosto de estudar o que acontece à minha volta. Gosto de ver como as pessoas reagem a certos estímulos, gosto de ver o movimento das árvores ou a forma como a chuva caí. Gosto de ver pequenos detalhes na expressão facial das pessoas. Talvez seja por isso que consigo estar tanto tempo sem piscar os olhos: muita coisa acontece enquanto se fecha e abre os olhos.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now