17 | Pretending

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SCARLETT HARMON

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SCARLETT HARMON

Soltando fumaça, como um trem, como uma chaleira com água quente. Como qualquer coisa que diga o quanto eu estava irritada com ele. Não sei porque pensei que ele tinha mudado, entendo que Magnólia é sua prioridade mas Kenny também tem que ser. Isso não é sobre nós, mas sim sobre o garoto que a mãe confiou a vida a nós. Ela fez um único pedido, e Hades não está conseguindo cumprir. Ela só pediu para cuidar de Kenny, mas Hades tinha que se envolver no desaparecimento dela. Okay, talvez eu fizesse o mesmo. Mas ele está tento um descaso total com o sobrinho.

Kenny estava acostumado a ter a presença de Hades. E agora o tio dele simplesmente não é mais presente, agora ele só vive na rua tentando resolver o caso de desaparecimento de Magnólia. Já faz um mês, e continuamos na mesma situação. Nem nos falamos mais para não causar brigas. Não podemos brigar na frente do Kenny, qualquer coisa menos isso. Ele já está sofrendo demais com saudades da mãe e do tio, não podemos ferrar a cabeça dele brigando em sua frente. Enquanto Hades passa dos limites e age como um babaca, eu tento suprir sua falta para meu irmão.

Hoje nós vamos sair, Dylan e Milena irão juntos. Acho que Kenny vai estranhar de início, mas depois vai gostar da presença deles. Eu já falei para ele não me chamar mais de tia, como ele mesmo se acostumou. Agora é para me chamar de mana, pelo menos na frente do Dylan. Se não, meu noivo poderia entender que Hades e eu temos algo e com certeza ele não ficaria feliz com isso.

— Aonde vocês estão indo? — perguntou Hades, ainda sonolento. Vestindo uma calça de abrigo, ainda calçando meias nos pés. Seus cabelos desgrenhados entregava que ele acabara de acordar. Logo, ele pegou Kenny no colo que praticamente correu para seus braços. Joguei um olhar de desgosto para ele, ignorando-o virar os olhos. Hades parece querer colocar a culpa toda em mim, mas deveria me agradecer por eu cuidar de Kenny tão bem.

Nós dois estamos fazendo sacrifícios. Presos nessa casa e tudo aqui me lembra ele, até mesmo quando não há vestígios da sua presença. Tudo aqui cheira a Hades, se parece com ele, cada canto dessa casa tem um pouco dele. E um pouco de mim também. E eu odeio isso, por isso estou feliz em sair daqui em breve. Precisaria de alguns advogados para o que vou fazer, mas nada que o dinheiro não compre. E talvez Hades até concordei com o que tenho em mente.

Ao me casar com Dylan, tentarei pegar a guarda de Kenny para mim. Pois Hades não tem a menor condição emocional de ficar com ele. Ainda mais se Magnólia permanecer desaparecida. O certo seria Kenny ficar com a mãe de Hades, mas ela já está velha demais para cuidar de si mesma. Com problema de saúde, cuidando do pai de Hades. Uma criança de quatro anos poderia levá-la a adoecer. E nós não queremos isso.

E eu, com certeza quero a guarda de Kenny mais que tudo. Apesar de ser meu irmão, é com.o se ele fosse meu filho. É uma parte de mim. Mesmo que eu odeie Pablo com todas as minhas forças e, odeie o que ele fez comigo. Ainda amo meu irmão, amo cada traço dele e cada jeitinho. Jamais lhe abandonaria de novo, não conhecendo ele, conhecendo o quanto ele é amoroso e não se parece nada com Magnólia. 

— Nós vamos passear. Dylan, Mylena, Kenny e eu. Algum problema? — eu questionei o loiro, que permanecia com o garoto no colo.

— Eu vou ir junto.

— Olha! Que milagre! — murmurei em tom de ironia. Essa é a primeira vez em um mês que vejo Hades em casa e sóbrio. Das outras vezes ele chega três horas da manhã e sempre bêbado. Sempre alcoolizado demais para pensar em qualquer coisa. E eu odeio isso nele, lembro de antigamente, quando ele fazia isso mas ainda por cima levava várias garotas para dormir em sua cama. Pelo menos ele não trouxe ninguém para cá até hoje.  — Tenho a impressão que o nome de Dylan fez você mudar de ideia — sorrio diabólica.

— Pense o que quiser, Scarlett — da de ombros, logo larga Kenny no chão e sobe as escadas. Sinto vontade de socar a cara dele, de jogar esses vasos no chão e gritar com ele. A pior coisa que eu fiz foi ter adiado meu casamento, ter criado expectativas com Hades. Ter pensado que eu estava confusa sobre Dylan. O que realmente não estou mais. Não conseguiria passar mais um mês aqui com Hades, como se fossemos cão e gato. Igual nos velhos tempos.

E pensar que eu estava me apaixonando por ele, mais uma vez. Caindo em seu maldito feitiço, mais uma vez.

Em alguns minutos ele está de volta, está arrumado. Com os cabelos molhados e as bochechas levemente vermelhas. Uma camisa cinza e a calça preta, não muito justa mas nem muito solta. Os tênis brancos em contraste com a roupa. Deixando apenas suas tatuagens dos braços visíveis. Ele fica tão bem nessa tonalidade. Pena que é um idiota.

Vamos até a garagem, coloco Kenny na cadeirinha e fico esperando Hades abrir a porta do carro como sempre faz. Mas ele apenas entre e liga o carro. Sinto meu sangue ferver, entro no carro e bato a porta com força. Lançando um sorriso forçado para ele, que vira os olhos. Tudo nele está me irritando ultimamente. Porque ele simplesmente está cagando pra mim, não tem mais gentilezas, não tem mais o Hades bobão que ficava me elogiando e tentando me beijar. Agora é como se nem nos conhecêssemos, como se tivéssemos voltado a estaca zero.

— Você podia pelo menos fingir que quer sair conosco — alfinetei, olhando-me no espelho enquanto passava o batom nos lábios.

Ele freou o carro bruscamente, fazendo com que o batom deslizasse rápido pela minha bochecha. Suspirei pesadamente, carregada de raiva. Com vontade de espancar ele, que logo balbuciei ou falso pedido de desculpas. Você me paga, Lewis.

Inimigos Não Se Apaixonam |Em Pausa|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora