Inimigos Não Se Apaixonam |Em Pausa|

28 | Run After Me

HADES LEWIS

Eu não deveria estar aqui, mais uma vez, mais uma vez ajudando ela para depois correr parar os braços de Dylan. E eu não vou mais fazer promessas que não posso cumprir, não vou mais prometer fazê-la sofrer apenas para saber tudo o que eu senti. Porque eu sei que não consigo ver Scarlett sofrendo e me sentir bem com isso.

— E o que nós vamos fazer agora? — ela perguntou, e eu ri.

— Nós? Olha, eu vou te levar em casa e você vai seguir com a sua vida. Quando estiver bem, quando estiver decidida. Daí sim, nós podemos sair e conversar melhor. Por enquanto, não existe um nós.

A chuva está a forte, e foi apenas por isso que eu voltei. E também eu queria que ela se arrependesse por ter escolhido Dylan, e ainda vou fazer ela se arrepender. Mas não hoje, por hoje minhas energias estão esgotadas. Preciso ir pra casa, preciso tomar um banho, e principalmente, preciso conversar com a minha irmã que não vejo há muito tempo.

E em poucos dias, eu estarei de volta ao palco. Já adiei isso o máximo que consegui. Em pouco tempo minha vida vai voltar ao normal, shows, músicas novas, modelos e passarelas, fotos, fãs, haters, viagens, hotéis, festas. Tudo isso começará a fazer parte da minha rotina de novo, e quando Scarlett decidir o que ela quer e, me mostrar que está pronta para um relacionamento. Eu não pensarei duas vezes antes de largar tudo para ficar com ela. Mas agora, acabou de ser deixada no altar, está confusa e sentimental. Por agora, eu não posso fazer nada por ela.

— E se eu ficar bem sem você? — ela murmurou, como se estivesse me desafiando a não ir embora.

— Se isso acontecer, você me avisa para que eu também possa ficar bem sem você. Pois eu já estava acostumado com isso antes de você voltar. — Olhei ela revira rosa olhos, contive um sorriso. Eu sei que ainda vou casar com essa garota, mas apenas quando ela virar uma mulher. Quando ela tiver atitudes e pensamentos de mulher. Apenas quando Scarlett perceber que precisa deixar o passado para trás pois ele não faz bem para ela. E bom, eu quero ser parte do seu futuro, então espero que ela não acabe me deixando para trás.

— Não acredito que Magnólia voltou e fez tudo aquilo, eu quero matar sua irmã — ela disse, mudando o assunto. Observei a morena pelo canto dos olhos, o vestido colado em seu corpo, apenas o lápis de olho estava borrado, descendo por seus olhos por conta da chuva. O resto de sua maquiagem estava intacta, ela está perfeita, mais perfeita do que há uma hora atrás. Seus seios estão em destaque no vestido, igual sua cintura fina e os cabelos soltos com cachos desmanchados.

— Como acha que seria sua vida se estivesse casada com ele? — eu perguntei, curioso. Porque eu quero ouvir a verdade, nada mais do que a verdade nua e crua saindo de sua boca. Eu quero saber o que ela quer da vida, pois até agora eu não entendi nada. Acho que nem Scarlett consegue se entender às vezes.

— Achei que nos casaríamos e então moraríamos na casa dos sonhos, teríamos filhos e ele seria o homem dos sonhos por algum tempo, seria o pai mais presente e incrível do mundo. Meus filhos teriam o pai que eu não tive. E bom, não seria igual o casamento de meus pais. Pois nós iríamos nos amar, seríamos parceiros um com o outro. Mesmo que eu não fosse apaixonada por ele, ainda existiria companheirismo e amor. E quando tudo acabasse, eu não me sentiria mal, não sentiria que desperdicei anos da minha vida apostando todas minhas fichas na pessoa errada — ela murmurou, limpando uma lágrima solitária, logo enfiando o rosto na janela para que eu não percebesse o quanto ela estava abalada com a situação.

Então é isso, eu sou a pessoa errada que ela apostaria todas as fichas. E quando tudo acabasse, ela sentiria que desperdiçou anos da vida dela. Acho que foi isso o que ela quis dizer.

— Scarlett, não foi culpa sua — eu avisei, lembrando do dia em que tudo aconteceu. Lembrando dela acusando Pablo de ter matado Stella. Lembro dela acusando ele dos abusos, eu lembro de tudo.

— Eu sei — sussurrou. Mesmo que ela acredite em seus próprias palavras, nunca sairá do fundo do poço enquanto estiver pensando que todo casal no mundo terá o mesmo destino que seus pais. — Mas eu poderia te impedido tudo, tudo o que aconteceu.

Ela tive que lutar para não dar um soco no voltante, porque ela era só uma criança e carrega essa maldita culpa como se estivesse carregando um fardo, um peso imenso em suas costas.

— Você tinha apenas...

— Era só eu não ter gritado, só isso.

Engoli minhas palavras, enquanto ela achar que a culpa da morte de Stella foi dela, ela nunca ficará bem. Nunca será capaz de amar alguém, talvez não ame nem ela mesma. Se eu pudesse voltar no tempo, teria matado Pablo com minhas próprias mãos. Mas de nada iria adiantar.

Eu dei meia volta com o carro, levando ela direto para um bar perto de onde estávamos, o qual acabamos de passar. Ele tem uma fachada em neon, escrito inferninho. Scarlett me olhou, abrindo um sorriso sincero.

Ela precisa de álcool, e eu preciso ajudar essa garota a ter uma vida normal. Mesmo depois de ela ter fodido com a minha vida, eu não consigo deixar ela triste, não consigo deixar ela sozinha hoje.

— Você superou as minhas expectativas, Lewis — murmurou, depois que eu saí do carro e andei até a porta do passageiro, abrindo-a para que Scarlett saísse do carro, fechei a porta e abri minha mão, deixando-a  entrelaçar nossos dedos. Isso não significa nada, somos apenas bons amigos bebendo alguns drinks.

Nós entramos, e alguns olhares sóbrios foram atraídos em nossa direção. O resto do pessoal estava bêbado demais para perceber nossa presença. É um bar pequeno, mas tem várias mesas e garçonetes com roupas minúsculas. Também bartenders usando apenas calça e gravata, nada de camisa.

Nos sentamos em uma mesa afastada do pessoal, pedi uma garrafa de Whiskey e dois copos. Olhei para ela, oferecendo a bebida. Foi um dia longo, e acho que nós dois estamos no fundo do poço para estarmos aqui sete horas da noite com uma garrafa de bebida alcoólica.

— Merda, acho que eu realmente amo você.