24 | Giving Up

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HADES LEWIS

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HADES LEWIS

Não vou olhar para o lado, por mais que isso esteja me matando por dentro. Ouvir os chorões de Kenny, ouvir ele pedindo pra ficar. Mas eu não vou falar com ela, não vou olhar pra ela. Eu vou fazer ela se arrepender disso, vou fazer ela se arrepender amargamente. Maldito dia que conheci Scarlett Harmon. Eu poderia ter me apaixonado por qualquer garota. Há milhares de fãs apaixonadas por mim, garotas que realmente são obcecadas. E eu quero a única mulher que me coloca como segunda opção, que faz eu me apaixonar por ela, pela segunda vez. E depois se casa com outro cara.

Eu não esperava acabar assim. Não estou no fundo do poço, não quando se trata de fama e carreira. Mas emocionalmente... Porra. Eu não tenho um amigo, não tenho mais Magnólia, não tenho namorada e agora não tenho mais Scarlett. Só tenho Kenny, e ele está chorando enquanto vê a irmã fechar a porta dizendo que o ama. Eu estou me sentindo péssimo por ela ter ido embora, mas esse sentimento é por ele. Porque eu não queria separar eles dois.

Kenny veio correndo para meus braços, ficou deitado em meu peito enquanto eu fazia carinho em seus cabelos. Ele chorou por alguns minutos, logo adormeceu. Tadinho,o chorou até soluçar, e a culpa é minha. Se eu não tivesse pedido Scarlett em casamento, se eu não tivesse atropelado tudo. Mas ela iria embora de qualquer jeito, eu só antecipei sua saída. E também, não mandei ela embora. Ela saiu porque quis, achou melhor assim. E eu estava realmente disposto a me casar com ela.

Acho que o problema é isso, minha intensidade. Eu sou muito intenso quando de trata dela. E eu quero casar, quero filhos, quero gritar aos quatro cantos do universo que Scarlett Harmon é a minha garota. Bom, ela era a minha garota.

Coloquei Kenny na cama e deixei um beijo em sua testa, sentei na beirada da cama dele. Pensando no que eu vou fazer, posso contratar várias babás e nenhuma delas cuidarão tão bem dele como Scarlett. Eu tenho certeza que ela não vai ser ausente, não nos primeiros meses. Depois as visitas irão diminuir, até ele se acostumar a ficar sem ela. Mas espero que não chegue a isso, espero que minha irmã volta logo.

Eu amo Kenny, mas é tão exaustivo cuidar de uma criança. Nem em várias horas de shows eu já me cansei tanto assim. Nem compondo canções ou fazendo coreografias. Mas correndo atrás dele pela casa inteira, meu Deus isso é desgastante. Kenny não é mimado, mas ele pede praticamente tudo o que vê e eu sou incapaz de negar. Incapaz de dizer não a ele.

O celular tocou, peguei-o rapidamente esperando ser ela. Esperando que ela tenha mudado de ideia e está avisando que está aqui na porta, apenas esperando que eu a abra.
Li o nome de Magnólia no visor, o que também me trouxe alívio.

"Oii, estou com saudades. Como está Kenny?" — Ela perguntou, eu sorri ao ouvir sua voz. Nunca pensei que fosse sentir tanta felicidade em ouvir a voz dela. Mas agora, agora eu estava me sentindo sozinho e sem esperanças. Ela ligou na hora certa.

"Está dormindo agora, mas estamos bem. Me diz que você está voltando" — Eu quase supliquei, ela riu do outro lado da linha. Levantei e saí do quarto para não acordar meu sobrinho.

"Sim, eu estou voltando. Precisamos conversar" — Alguma coisa parece ter mudado, e uma lâmpada se ascendeu em minha mente. Ela não faria isso, Magnólia não manipularia seu próprio desaparecimento para conseguir férias e dinheiro. Pois se todo aquele dinheiro que eu fiz a transferência, for pra ela, então realmente ela é muito boa e muito desgraçada.

"Como assim você está voltando? Eles te liberaram? O que aconteceu?" — despejo várias perguntas, ansioso pelas respostas. Eu não sei se ela seria capaz de fazer isso por dinheiro. Mas nenhum bandido seria capaz de soltar alguém simplesmente do nada. E tudo bem, Magnólia é insuportável, mas isso não seria motivo o suficiente.

"Eu prometo que vou te explicar tudo quando chegar aí, mas agora preciso ir. Só liguei para saber se estavam bem" — ela desligou o celular. Senti vontade de jogá-lo contra a parede.

Ela ficou cinco meses sem ver Kenny, quatro meses sem fazer ligações. E quando fez, disse que estava à beira da morte, depois ligou novamente e pediram uma quantia grande de dinheiro. Depois que eu mandei o dinheiro, ela disse que estava tudo bem. Agora diz que está voltando pra casa? Não, tem coisa errada aí. Eles armaram isso pra mim, não é possível. Eu vou matar Magnólia com minha próprias mãos se ela tiver feito isso por dinheiro. Ter se afastado de Kenny por dinheiro. Juro que a mato.

Andei pela casa, caminhei até o quarto em que fiz especialmente para os quadros de Scarlett. Girei a maçaneta e ascendi a luz, escorando-me no batente da porta. Alguns quadros não estavam aqui da última vez. Sorri, ao ver um quadro meu e de Kenny. E principalmente uma pintura do retrato que tiramos em família. Nossos sorrisos, nossa felicidade. Nós poderíamos ter tido tudo.

Caminhei até os quadros novos que ela pintou, pegando-os um por um e pendurando-os na parede. Um quadro era apenas dois lábios, línguas e beijos. Outro, a pintura de um anjo e um demônio.

"E o anjo se apaixonou pelo demônio" me lembrei dessa frase, dita há alguns anos. Na primeira festa em que levei Scarlett. Nós ainda não tínhamos nada. Não lembro quem disse isso, mas foi dito. Eu queria voltar no tempo apenas para dizer a essa pessoa que foi "O demônio que se apaixonou pelo anjo", e o anjo foi um maldito traidor.

Achei que se tivéssemos que cair, então cairíamos juntos. Achei que iríamos passar por qualquer coisa juntos.

Outro quadro na parede. Mas dessa vez eu sorri, um sorriso malicioso.
Não acredito que Scarlett pintou nós dois, transando. Com tudo bem detalhado, nossos rostos, nossos corpos, nossas tatuagens. Nossa posição favorita.

— Harmon, sua safada — falei em tom alto, sorrindo ao pendurar aquele quadro.

Talvez eu mande este quadro aos noivos, como um presente de casamento.

Inimigos Não Se Apaixonam |Em Pausa|Where stories live. Discover now