41 | Sister And Mother

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SCARLETT HARMON

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SCARLETT HARMON

— Essa criança vai precisar de muita terapia —  murmurou Milena. Virei os olhos. Estar aqui hoje, com ela, não significa que eu a tenha perdoado. Mas eu não sabia mais para onde correr, e querendo ou não... Kenny e eu também corremos perigo. Hades está no hospital com a mãe dele, mas sabemos que ela morreu na hora. Apenas levaram-a para o hospital em uma ato de desespero, como se isso fosse concertar o que já havia acontecido.

Quando pousamos no aeroporto de Londres Magnólia ligou, dizendo que estaria nos esperando em um restaurante para almoçar. Nós concordamos e passamos em casa primeiro para deixar as malas, logo nos arrumamos e fomos. Quando chegamos, ela sorriu para nós. Kenny correu e me abraçou, peguei ele no colo e beijei seu rosto. Aí aconteceu, bem na nossa frente. Na frente de Hades e de Kenny. Os dois viram a pior cena de suas vidas.

No meio do caos e da correria, um homem segurou-me pelo braço e colocou uma carta em minhas mãos. Eu abri ela, tentando ignorar as gotas e digitais de sangue espalhados pelo papel amarelado. 

" Tome cuidado, querida. Sua mãe pensou que poderia escapar de minhas mãos, Magnólia pensou o mesmo. Mas o destino de ambas era a morte. Espero que me perdoe por isso, papai não pode estar com você neste momento de luto, mas estarei cuidando de longe. 

Para minha doce Scarlett."

As palavras finais me fizeram ter  vontade de vomitar, lembrando do que ele fez comigo. Mas nesse momento não posso me dar ao luxo de ficar triste ou lembrar do que meu próprio pai foi capaz de fazer. Nesse momento, preciso dar a Hades todo o apoio do mundo, e cuidar de Kenny.

Foi tudo tão rápido, um cara parou diante dela e simplesmente atirou em sua cabeça. Os gritos de todos foi assustador, todo mundo começou a correr e perdemos o assassino na multidão. Logo ele passou por mim, segurou em meu braço, ele tocou em mim enquanto eu tentava acalmar Kenny, enquanto eu estava tão fragilizada e distraída. Eu não reparei em seu rosto, apenas em seus olhos verdes e a roupa preta e elegante.

Hades correu e pegou Magnólia em seus braços. Ele foi a pessoa mais forte do mundo naquele momento, ele teve esperança no último segundo. Ele não chorou, se manteve calmo. Disse para levar Kenny pra casa, disse que me amava e que tudo iria ficar bem. Acho que estava apenas tentando me tranquilizar, mas eu vi o que aconteceu. Não tem como ela estar viva... E realmente não está.

Kenny estava dormindo, depois de tanto chorar até soluçar. Ele só dizia que "alguém machucou a mamar, alguém fez dodói nela". Meu irmão é muito esperto, não consegui dizer que  tudo iria ficar bem, apenas lhe abracei e deixei que dormisse em meu abraço.

— Eu só queria estar naquele hospital agora — murmurei, assim que Milena me abraçou. Eu estava precisando mesmo desse abraço.

— Eu sei que ela não era a melhor pessoa do mundo, mas sinto muito. — Deixou que eu deitasse a cabeça em seu ombro, apenas para chorar. Eu estou abalado por ela ter morrido em minha frente, abalada por que achei que ainda teríamos chance de sermos grandes amigas, magoada por Hades e principalmente por Kenny que irá crescer sem a mãe dele. Eu não sei o que fazer, como continuar sabendo que o homem que se nomeia meu pai causou tanta dor as pessoas que eu amo.

Pablo literalmente tirou tudo de mim. Minha inocência, minha infância, minha mãe, minha cunhada e amiga. Eu tenho medo de ser odiada por causa dele, medo de Kenny me odiar futuramente e dizer que a culpa foi minha.

— Não precisa ser legal comigo, nós não somos mais amigas — eu avisei, assim que nos afastamos e limpei minhas lágrimas. Milena virou os olhos, cruzou os braços na altura do peito e me encarou.

— Por que não somos mais amigas, Scarlett? — ela quis saber, relutante.

— Você é amante do meu ex noivo, isso já serve?

— Nós tínhamos um caso quando eu tinha 17 anos e ele 18. Sabe quanto tempo faz isso? Exatamente, dez anos. Faz dez anos e você está me culpando por algo que eu nem sei se foi real. Não teve nenhuma merda de sentimento, apenas curiosidade e solidão. Nós tínhamos perdido tudo, só tínhamos um ao outro. Acabamos confundindo as coisas. Eu juro por Deus que depois dos meus 17 eu nunca mais senti nada por ele, pois eu queria ter de verdade um irmão, de novo. — Ela soltou a respiração, como se fosse um peso enorme ter que desabafar sobre aquilo. A culpa que Milena sente é palpável, acho que ela nunca se entregou 100% a isso, acho que Dylan a manipulou.

— Por que eu deveria acreditar em você? — cruzei os braços, erguendo minha cabeça. Ela esboçou um sorriso.

— Mesmo sem acreditar em mim está aqui, porque sabe que sou sua única amiga.

Okay, talvez ela esteja falando a verdade. Nunca tive amigos de verdade. Brianna era mais falsa do que nota de trinta, e eu não era tão amiga dela assim. Nós apenas acabamos nos acostumando a ter a companhia uma da outra, mas amizade verdadeira? Não, com certeza não.

— Não acredito que tudo estava indo tão bem e agora tudo se transformou em um maldito pesadelo, eu quero voltar para Paris e para os cafés da manhã em diferentes cafés, quero voltar para os buquês de rosa e banheiras de hidromassagem — resmunguei, parecendo uma criança ao segurar o choro e me afundar no sofá cinza retrátil.

— Você tem uma criança para cuidar agora. Aquele garotinho não é só sobrinho do Hades, não é pelo Hades que você vai fazer isso. É por você e pelo Kenny, que é seu irmãozinho. Precisa ser forte por ele agora.

Eu sei, eu sei, eu sei. Agora é oficial. Não é mais até Magnólia voltar. Porque ela vai irá voltar... Agora é juiz, advogados e a guarda de Kenny permanentemente. Me dá um frio no estômago só de pensar nisso, não vão conseguir ser melhor que Magnólia para ele. Ele precisa da mãe, não dá irmã.

Inimigos Não Se Apaixonam |Em Pausa|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora