Devia Ser Como Qualquer Outro Dia - Parte II

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Já no estacionamento da escola, Harry desce do carro às pressas, correndo para se abrigar da chuva. E quando finalmente estava em segurança, um perfume familiar chega às suas narinas: doce e de rosas, o perfume de sua namorada.

― Daniele – chama.

― Como adivinhou que era eu? – Ri, revelando seu esconderijo.

― Seu perfume.

Daniele faz uma careta de confusão, cheirando suas roupas para averiguar a densidade de seu perfume, afinal, nunca fora de exagerar nele.

O casal caminha pelos corredores movimentados rumo à sala de aula, até que um de seus professores sussurra algo ao diretor. A distância entre eles era longa e local estava parcialmente barulhento, mas isso não impediu Harry de ouvir seus cochichos.

― Teremos prova surpresa de Biologia hoje – revela ele, olhando em direção ao professor.

― Se a prova é surpresa, como sabe disso?

― Eles estavam falando sobre isso, não ouviu?

― Não ouvi nada! – diz a menina de forma debochada. – Você anda ouvindo demais ultimamente, primeiro durante a prova de matemática e agora sobre a prova de biologia? Estranho...

Harry novamente dá de ombros, não dando a devida atenção à verdade oculta nas palavras de Daniele.

As aulas se iniciam normalmente e, como fora cogitado, a prova de Biologia foi aplicada. O Clearwater não sabia a matéria de qualquer forma e, por isso, preferiu observar o ambiente em vez de tentar responder algo que desconhecia.

Olhando ao redor, Harry observa algumas carteiras não ocupadas e o professor a ler uma revista sobre experiências científicas, mal se dando conta de que os alunos perto da janela estavam colando. Do lado de fora, ele podia ver uma pessoa em pé, a frente de banco de cimento, com um guarda-chuva em mãos. Mas, espere, aquele banco parecia tão distante na semana anterior, por que podia vê-lo tão facilmente agora? Ele fecha os olhos por alguns segundos e, quando os abre, ainda conseguia vê-lo com perfeição.

― Algum problema, Sr. Clearwater? A prova está difícil demais para você? – questiona o professor.

Aquilo passa pelos ouvidos de Harry como uma ofensa. Aquele professor magricela estava mesmo a dizer que ele era burro? Quem ele pensava que era, afinal? Se ele estava ali para ensinar, por que tentava acabar com seus alunos dando uma prova surpresa?

Algo se agita dentro de seu peito, uma raiva que crescia com velocidade surpreendente, fazendo seus braços tremerem visivelmente.

― Harry, você está bem? – pergunta Daniele. – Professor, ele não se sente bem, vou levá-lo a enfermaria.

― Não preciso de ajuda! – rosna de repente, batendo nas mãos da menina que só queria ajudá-lo.

Daniele o encara com semblante surpreso, afinal, ele nunca agira daquela forma antes, o que estaria o irritando tanto?

― Acho melhor eu sair, não vou conseguir fazer esta droga mesmo...

Harry entrega seu teste sem nenhuma questão respondida e sai da sala, indo rapidamente para o seu armário. Seus braços ainda tremiam muito e o suor já começava a escorrer pelo seu rosto, algo estava errado, ele podia sentir, mas não sabia o que era... Ele abre o armário, onde deposita seu livro de biologia e procura pelo da próxima matéria, porém, o livro não estava lá, e, ao constatar isso, outra onda de fúria se apodera de seu corpo, fazendo-o bater a porta do armário com violência.

A pequena porta de metal começa a se abrir novamente, mas, desta vez, sozinha. Ela estava quebrada e qual não foi o espanto de Harry ao notar que era a marca de sua mão que danificava a tranca do armário. O garoto levanta a mão direita vagarosamente, comparando e constatando que fora ele mesmo a fazer aquela marca.

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora