É Difícil Perdoar!

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― Eu matei um bebê, eu matei um bebê! – martiriza-se Lyssa, agarrando os cabelos tingidos de loiro com força.

― Pare de reclamar mulher, já faz mais de uma semana! Você fez bem, evitou que a espécie crescesse! – esbraveja Carlos.

― Não, Carlos! – Levanta-se de onde estava. – Aquela mulher estava grávida, ela apenas tentou proteger o garoto e eu acabei com suas expectativas de ser mãe. Isso mexeu comigo, você não entende?

― Pare de frescura! – rebate, pegando seu casaco que estava sobre o sofá.

Carlos trabalhava de segurança numa loja em Seattle e, naquele dia, estava escalado para um plantão noturno. Ele apanha seus pertences, entra no carro e desaparece, não se arrependendo e nem demonstrando remorso pelo ataque feito à reserva quileute, dias atrás.

― Eu esperei tanto para ficar grávida – lamenta Lyssa para si mesma, transbordando arrependimento –, não sei o que seria de mim se alguém matasse minha menina... Eu preciso me desculpar, eu preciso!

Lyssa tranca a casa e apaga as luzes, dormindo cedo para que pudesse despertar mais cedo ainda, no dia seguinte. E quando o Sol despontou no horizonte, ela foi até La Push com um carro alugado, parando o veículo no acostamento e entrando na floresta a pé, pois aquele era o único caminho que conhecia até os quileutes. 

Ela caminha vagarosamente por entre as árvores, esperando encontrar alguém que a levasse até Leah. É claro que suas pernas tremiam e suas mãos suavam, com medo de ser devorada por um lobisomem ou lobo gigante, mas sua consciência pesava grandemente e Lyssa não via outra solução, a não ser, seguir em frente.

Em meio ao silêncio da floresta, houve um rosnado e, logo depois, um lobo apareceu no campo de visão de Lyssa.

― Eu, e... – gagueja, tremendo visivelmente. – Eu preciso ver aquela mulher, a que estava grávida! – Houve outro rosnado. – Não estou armada. – Levanta os braços, deixando as mãos bem visíveis.

O imenso lobo fica a encará-la por alguns instantes, ponderando, fazendo um sinal com a cabeça logo em seguida, indicando que Lyssa deveria segui-lo. Ela dá alguns passos, percebendo que mais dois lobos surgiram em sua retaguarda e que eles não confiavam nela.

Foram quase uma hora e meia de caminhada, com os amigos Embry, Quil e Jared a caçoaram da humana, por quase escorregar nos troncos e pedras com limo. A floresta parecia sempre igual para quem não a conhecia intimamente e os lobos contavam com isso para fazê-la se perder e não conseguir encontrar o caminho até La Push. E quando as árvores finalmente chegam ao fim, os lobos param em meio as árvores e apontam a casa dos Clearwater com o focinho.

― É aquela? A mulher está ali?

O lobo confirma com a cabeça, permitindo que Lyssa caminhasse em direção a ela.

Jared, por que decidiu trazê-la pra cá? Sam não vai gostar disso – questiona Quil.

Fiz por eles! Nós, como protetores de La Push, não podemos fazer nada com humanos, mas Lucian pode... Ele tem o direito de golpear o seu inimigo, se assim o desejar.

Isso não vai prestar – resmunga Embry, sentindo um calafrio subir-lhe a espinha –, mas eu não vou perder isso por nada.

― Ei! – chama Lyssa, aproximando-se da casa, mas não ousando subir na varanda. – Tem alguém em casa?

Ela olha ao redor, não vendo ninguém; olha para trás e enxerga somente os enormes olhos a fitá-la, cintilando por entre as árvores; e quando volta o olhar para a residência dos Clearwater, vê Harry a observá-la, assustado.

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora