Lua Cheia e os Genes de um Monstro

2.3K 217 28
                                    

Leah chama pelo filho de forma desesperada, por longos minutos. Não haviam lobos em patrulha para ajudá-la naquele momento e, diante de sua pressa, a quileute percebe que a única maneira de encontrá-lo era através de sua própria transformação.

Com o calor percorrendo rapidamente o seu corpo, Leah deixá-las incendiar até explodir em sua forma animal, a imensa loba cinzenta, captando o momento exato em que a sua mente ligou-se aos pensamentos desconexos de Harry.

Você está bem?

Quem é você? – pergunta ele em desespero. – Como fez isso?

Sou eu, filho, fique calmo, é desta forma que um bando quileute se comunica. – Suspira – Onde você está? Diga-me, para que eu possa ir até você...

Eu não sei onde estou – choraminga.

Apenas olhe ao redor, Harry. Olhe com atenção e pense na paisagem para que eu possa vê-la através de seus olhos.

Harry observa a paisagem com o máximo de atenção que conseguia, detalhando em pensamento às estrondosas árvores e a campina que se estendia diante de seus olhos. Sua cabeça gira da esquerda para a direita enquanto observava, e, quando retorna para a frente, encontra a loba cinza a contemplá-lo de modo maternal. Era fácil para Leah reconhecer a campina que fizera parte de sua história com Lucian, e, ainda mais fácil, chegar até ela. Parecia uma grande coincidência que o filho fosse parar justamente ali.

Mãe?

Meu filhote. – Suspira aliviada, aproximando-se de Harry e acariciando-lhe com o focinho.

Leah podia sentir o corpo trêmulo dele, assim como o seu olhar assustado e sua mente confusa, mas o que poderia fazer? Ela entendia como ele estava se sentindo, mas também se sentia impotente diante daquela situação, e apenas torcia para que ele pudesse aceitar o sangue quileute que corria em suas veias.

Eu aceito declara Harry, ouvindo os pensamentos da loba. – Eu sabia que isso iria acontecer, mas foi tudo tão rápido, que fiquei com medo... Eu ainda estou com medo, porém, sou assim por sua causa e se você tem orgulho do que é, então eu também terei.

Vamos para casa! – diz Leah de maneira compreensiva, lambendo a mancha negra ao redor dos olhos do garoto como se depositasse um beijo.

Vamos voltar assim? Eu não quero voltar desse jeito – sibila.

Se voltar ao normal agora, terá de correr nu pela floresta.

Ow! – Imagina a situação. – É melhor continuar assim.

Sim, é melhor. E pare de imaginar estas coisas. – Ri. – Somos um bando e nossos pensamentos são compartilhados quando estamos transformados.

Vou demorar a me acostumar com isso – confessa sem muito humor.

Ambos caminham de volta para casa. Harry sentia-se seguro ao lado de Leah e já arriscava alguns movimentos com seu novo corpo, apesar de estar sempre com as orelhas caídas e com o olhar submisso. Ele parecia o típico filhotinho seguindo os passos da mãe, até que aprendesse a se virar sozinho...

Depois de algum tempo de caminhada, eles chegam à casa. Ainda chovia fortemente e Lucian os esperava do lado de fora, na varanda, não podendo conter uma aproximação ao vê-los juntos.

― Harry, eu...

Não quero saber – interrompe rispidamente. – Já aceitei a transformação e estou feliz por ser um metamorfo, é melhor do que ser um monstro da lua cheia!

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora